Jornais citam explosão no motor, falhas em série e crise na Spanair.
Acidente matou 153 pessoas, inclusive um brasileiro, e deixou 19 feridos.
As versões sobre as causas do acidente de avião que provocou a morte de 153 pessoas -entre elas um brasileiro- em Madri na quarta-feira (20) se multiplicavam nesta sexta (22). A investigação das causas e a identificação das vítimas continua, e algumas famílias já se despedem de seus parentes mortos.
O avião, um MD-82 da companhia espanhola Spanair que faria a rota Madri-Las Palmas, no arquipélago das Canárias, bateu na hora da decolagem quarta-feira, deixando 153 mortos e 19 feridos, o mais grave acidente de avião na Espanha em 25 anos.
Em um vídeo gravado no aeroporto, é possível ver que o motor não se incendiou, mas que o avião saiu da pista, elevou-se, caiu, chocou-se contra o solo e depois queimou", segundo o jornal "El País", que cita o diretor-geral de Aviação Civil, Manuel Bautista. Para Bautista, uma sucessão de falhas teria causado o acidente, e não um problema no motor.
O governo reconheceu a existência do vídeo, que ainda não foi divulgado.
Segundo fontes da Aviação Civil citadas pelos jornais "El Mundo" e "Publico", o motor esquerdo explodiu e os estilhaços chocaram-se como mísseis contra o motor direito e o leme, o que tornou o avião incontrolável.
O "El Mundo" também citou empregados do aeroporto internacional de Barajas que asseguraram que aviões com problemas técnicos são despachados para voar mesmo assim, apenas para economizar custos de manutenção.
A companhia Spanair, dona do avião acidentado, disse na quinta-feira que o superaquecimento de uma válvula de resfriamento impediu que o avião decolasse em uma primeira tentativa, o que fez o piloto voltar ao ponto de partida. Depois de desligada a válvula, em um procedimento considerado "padrão" pela empresa, o avião decolou. A Spanair disse que o incidente não pode ser relacionado diretamente ao acidente.
Os jornais também levantaram outras hipóteses, como o de que o avião teria problemas há mais de um mês e o da crise enfrentada pela Spanair (que demitiu mais de mil empregados por conta da crise do petróleo).
Segundo um ex-piloto da Spanair, anônimo, a companhia pressiona os mecânicos para que eles dêem autorização de decolar para o avião, mesmo que ele ainda não esteja pronto. "É um segredo de polichinelo em toda a aviação espanhola", disse ao jornal "El País".
"Este MD-82 tinha problemas com seu motor esquerdo havia um mês, não estava em bom estado para voar, mas a Spanair não tem condições para substituí-lo", também declarou Javier Fernandez Garcia, coordenador dos vôos da companhia Air Comet no aeroporto de Barajas.
Investigação
Enquanto isso, uma comissão internacional composta de especialistas espanhóis, da União Européia e da Boeing (companhia americana que fabrica os aviões McDonell-Douglas, trabalha no aeroporto e já está com as caixas-pretas do avião.
O ministério da Infra-Estrutura, que centraliza as investigações, não deu informações sobre o caso nesta sexta-feira. O resultado das investigações deve ser conhecido em um mês.
Também segue trabalhando a equipe de médicos forenses que identifica as vítimas. Pelo menos 59 corpos já foram identificados, e 30 deles já foram entregues às famílias.
O prefeito de Madri anunciou os funerais oficiais das vítimas em 1º de setembro na catedral de La Almudena.
Entre os mortos, há seis famílias inteiras e 18 estrangeiros, de 11 nacionalidades, entre eles dois colombianos e um brasileiro.
Entre os 19 feridos, há três em estado muito grave - entre eles, uma mulher com 72% de seu corpo queimado. Eles estão em vários hospitais da região.
Fonte: G1