Enfrentar vôos de 12 horas e chegar com disposição para enfrentar uma agenda lotada não precisa ser um sonho distante -desde que se adote no trajeto pequenos hábitos que fazem toda a diferença.
Faz parte da rotina da empresária Dani Fonseca Tranchesi permanecer horas e horas em aviões para fechar negócios de sua empresa de eventos em outros países. Mas nem tão robusta milhagem consegue tirar seu bom-humor e gosto por viagens. "Adoro avião e vou superfeliz", diz ela, que viaja para o exterior, a cada dois meses, em vôos que costumam ter duração mínima de oito horas.
Nem sempre foi assim. Antes de encarar a maratona com tranqüilidade, Dani se preocupava com a falta de espaço para se movimentar. "Às vezes, as viagens se estendem por 14 horas. Sempre pensei na questão da movimentação na classe econômica.
É muito tempo parada na mesma posição", conta a empresária.
Na Medicina, o problema tem nome bem definido: trombose venosa, também chamada Síndrome da Classe Econômica, que, apesar do título, não afeta só os viajantes deste setor do avião. "Ficar muitas horas sentado causa estrangulamento da circulação. O sangue parado pode provocar a formação de um coágulo, que, dependendo para onde for quando se desprender, pode causar desde inchaço nas pernas até problemas maiores", previne Paulo Olzon, clínico geral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
"A síndrome pode ser agravada se o passageiro cultivar maus hábitos em relação à alimentação, sedentarismo e possuir fatores de risco como obesidade e predisposições genéticas", diz o fisiologista Nyl Vieira.
"Para evitar a trombose, durante o vôo mexo o pé, para frente, para trás, para os lados", afirma a empresária de 40 anos. Dani também viaja com sapatos e roupas confortáveis e procura andar o máximo possível. Segundo ela, a movimentação para ir ao banheiro não é suficiente.
Olhos protegidos
Na cabine, a umidade cai muito, a 20%, 30%, e é preciso lubrificar os olhos com lágrimas artificiais indicadas por um médico, diz a oftalmologista Denise de Freitas, chefe do departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo ela, em relação aos olhos, os únicos viajantes que precisam conversar antes com seus médicos são aqueles que sofreram cirurgia por descolamento de retina. "O gás usado na operação é expansor e pode aumentar com a pressão da cabine". Denise diz que não há nenhum fundamento na crença de que a cabine pressurizada - ou a altitude - possa reverter os efeitos da cirurgia de miopia. "Totalmente mito. Com as técnicas atuais, o paciente pode viajar de avião tranqüilamente depois de cinco dias de cicatrização."
Refeições leves
Na alimentação, a lição é a costumeira: itens leves e saudáveis, antes e durante a viagem. "Deve-se evitar o uso de bebidas alcoólicas porque a rarefação do ar intensifica o efeito", diz Olzon.
Dani prefere simplesmente não comer. "A comida costuma ser péssima e percebo que aumenta a chance de se inchar", destaca. "Eu como um lanche mais reforçado antes de sair de casa e levo barrinha [barra de cereais]. No máximo, salada. O café da manhã tudo bem, porque aí você está saindo."
Caso a agenda permita, depois do vôo, no hotel, dez minutos de corrida ou caminhada na esteira podem fazer maravilhas para melhorar o ânimo. "Funciona bem e revigora. Ajuda na questão do fuso horário", aconselha a empresária.
Fonte: Gazeta Mercantil