Governo do Estado de S. Paulo pretende transferir a gestão do aeroporto campineiro para a iniciativa privada
O Aeroporto dos Amarais, em Campinas, vai integrar um novo pacote de privatização do governo do Estado. Depois das estradas, o governo pretende transferir a administração dos 31 aeroportos estaduais espalhados pelo Interior à iniciativa privada, por meio de Parceria Público-Privada (PPP).
Nesta semana, o governo encaminhará o projeto ao Comitê Gestor de PPPs e a estimativa é de que as audiências públicas possam ter início em janeiro. Usuário dos Amarais esperam que a concessão traga investimentos ao aeródromo local, que até hoje, por falta de recursos, não pode ter pousos e decolagens noturnos porque a pista não é balizada, ou seja, não tem iluminação.
A intenção do governo é fazer as concessões por agrupamentos de aeroportos, de forma que aqueles com maior movimento possam “financiar” os deficitários. Amarais é um dos deficitários. No ano passado, 37.963 pousos e decolagens ocorreram no aeródromo de Campinas e 20.442 passageiros passaram pelo local. Em 2008, até outubro, as estatísticas do Departamento de Aviação Civil do Estado de São Paulo (Daesp) apontam para 37.772 pousos e decolagens, e 37.772 passageiros.
Apenas três aeroportos estaduais — Ribeirão Preto, São José dos Rio Preto e Presidente Prudente — são lucrativos. Todos os demais dão prejuízo. O governo entende que os aeroportos localizados no Interior promovem o desenvolvimento econômico regional, mas que é necessário desencadear ações visando diminuir o custo logístico de insumos e, assim, tornar o escoamento de produtos industrializados de alta tecnologia ainda mais eficiente. Para isso, é preciso investir em infra-estrutura que possibilite duplicar a participação do modal aeroviário no transporte de cargas. O governo acredita que a iniciativa privada poderá fazer isso com competência.
A Secretaria de Estado dos Transportes informou, pela assessoria de imprensa, que o projeto que prevê a licitação envolve todos os 31 aeroportos sob jurisdição do Departamento Aeroviário do Estado (Daesp). Preliminarmente, estuda-se o agrupamento desses aeroportos por região, liderados pelos de maior movimento, como os de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente.
Pela proposta, o vencedor da PPP arcaria com a administração dos menores, dentro do mesmo lote. Segundo a Secretaria de Transportes o que é importante destacar nesse processo é o estabelecimento dessa parceria com o Estado. No modelo a ser adotado, em princípio, quem exigir a menor contrapartida do Estado será o ganhador.
Em caso de aprovação no Comitê Gestor, o projeto será tema a ser discutido também junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A partir do resultado, as audiências públicas estão previstas para janeiro do próximo ano, quando serão detalhados o projeto e o modelo a ser adotado.
O NÚMERO
1,2 mil METROS é a extensão da pista do Aeroporto dos Amarais
Presidente espera mais aviões e passageiros
Expectativa é de que investimentos tornem local alternativa a Congonhas
A privatização do Aeroporto dos Amarais poderá significar melhorias significativas no aeródromo e, com isso, atrair o movimento de aeronaves de pequeno e médio porte, e passageiros que hoje utilizam o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, segundo o presidente do Aeroclube do Amarais, Fábio Peres.
O aeroclube é uma instituição filantrópica voltada ao desenvolvimento da aviação e uma de suas missões é a formação de pilotos. Ele existe desde 1939 e tem o comodato de uso de alguns hangares, da pista e áreas do aeroporto
A privatização desse aeródromo é vista com muita expectativa pelo presidente do aeroclube. Segundo, por falta de investimentos, não é possível fazer pousos e decolagem no período noturno porque a pista de 1,2 mil metros não é balizada, ou seja, não tem iluminação para poder operar à noite. “O aeroporto necessita de investimentos, precisa de pista balizada, cerca adequada, bombeiros, mas isso é muito custoso e, hoje, o que é arrecadado não é suficiente para suprir as necessidade”, disse Peres.
Em 2006, o governo anunciou investimentos de R$ 11 milhão nos Amarais, para a construção de acesso viário interno, implantação de balizamento noturno dos sistemas de pista, iluminação do pátio de aeronaves e farol rotativo.
O balizamento até hoje não saiu. Peres informou que a Prefeitura vai arcar com o custo da troca de postes, mas que o Estado ainda não liberou verbas para a iluminação noturna, que é cara, porque toda a fiação precisa ficar enterrada.
“Quem assumir os Amarais vai certamente torná-lo lucrativo e isso significa que os investimentos acontecerão”, disse o presidente. O aeroclube tem hoje cerca de 300 sócios e está com um programa de revitalização que inclui 12 aeronaves.
Fonte: Cosmo On Line - Foto: Hudson Sa