quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Voo 447: programa de indenização de familiares é encerrado

Programa extrajudicial indeniza 76 familiares de 19 vítimas.

Iniciativa partiu de Ministério da Justiça, MP-RJ e Procon.

Representante de vítimas não aderiu e fez protestos.

Representantes do MP-RJ, Procon e da Air France
encerram acordo indenizatório
Setenta e seis familiares de 19 vítimas brasileiras do voo 447 da Air France foram indenizadas através de um programa, encerrado nesta quinta-feira (6), que foi criado para acelerar processos indenizatórios, através de acordo firmado entre Ministério da Justiça, Ministério Público do estado do Rio de Janeiro, Procon e as seguradores da empresa francesa. Os valores foram individualizados e não serão divulgados a pedido das próprias famílias, segundo a procuradora de Justiça Nádia de Araújo.

O acidente com o Airbus da Air France ocorreu no dia 31 de maio de 2009, quando a aeronave, que partiu do Rio em direção a Paris, caiu sobre o Oceano Atlântico, com 228 pessoas. Dessas vítimas, 58 eram brasileiras.

O objetivo do programa, de acordo com o procurador-geral da Justiça do Rio, Cláudio Lopes, foi desburocratizar o processo e oferecer uma alternativa para os familiares receberem a indenização de forma mais rápida do que se tivessem aberto uma ação na Justiça.

“Os familiares já têm uma dor terrível com um acidente trágico como aquele que todos sabemos, a gente sabe que o processo, principalmente o brasileiro, é às vezes, demorado. Até o sujeito conseguir vitórias, às vezes demora anos. A gente sabe que o trauma do processo aumenta a dor. Eles quiseram fazer um acordo com a seguradora e já estão indenizados”, disse ele.

Além de representantes do MP-RJ e do Procon, a assinatura de encerramento do programa contou ainda com a presença de diretores da Air France. O presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, também participou do ato, mas foi para protestar. Ele foi um dos familiares que não aderiram ao programa.

“A minha briga toda não é dinheiro, é saber da verdade, que é a minha luta incessante. Todos os dias saem vários voos do Brasil em direção à França com o A330, que tem defeito de fabricação. Isso quem está dizendo não sou eu, são especialistas, são pilotos que temem pela própria vida. Eu trouxe um documento em fevereiro, do sindicato de pilotos da França, são 750 páginas de pura denúncia e o Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes) tem que entrar com a parte técnica”, defendeu Nelson, que chegou a interromper a reunião para pedir uma audiência com o procurador-geral da República e acabou sendo recebido, posteriormente, pelo procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes.

Como funciona o programa

De acordo com o MP-RJ, o programa é pioneiro. Durante a assinatura, um dos representantes da Air France afirmou que pretende levar um modelo similar para a Europa. O programa teve início no dia 10 de dezembro de 2009 e ficou aberto até o dia 30 de maio de 2010, para a adesão dos familiares. Um escritório foi aberto em Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde eram feitas as negociações entre os advogados da família, as seguradoras e ainda as chamadas "observadoras", que são advogadas contratadas pelo MP-RJ para acompanhar os casos.

Segundo a procuradora de Justiça Nádia de Araújo, as negociações eram fechadas, em média, em até quatro meses. “Alguns casos eram mais lentos e a negociação se estendeu, o último caso foi encerrado no mês passado”, explicou ela.

Ela disse ainda que o modelo foi inspirado em um programa realizado nos Estados Unidos, após o 11 de setembro.

O MP-RJ informou que os familiares que participaram do programa não são impedidos de procurar outros meios para resolver questões que considerem pendentes.

Governo nega investigação

No dia 26 de setembro, a Secretaria de Comunicação da Presidência negou que o governo brasileiro tenha determinado uma nova investigação sobre a queda do voo 447, mas disse que o país se compromete a "dar todo o apoio necessário" para que as famílias das vítimas tenham amplo acesso às investigações realizadas na França sobre as circunstâncias do acidente.

A presidente Dilma Rousseff se reuniu com integrantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447. Antes da reunião, o presidente da associação, Nelson Marinho, havia dito que o Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes (Cenipa), por determinação de Dilma, participaria de uma investigação paralela a realizada na França sobre as circunstâncias que levaram à tragédia.

A assessoria da Presidência, no entanto, negou a informação e disse que o Cenipa participa das investigações feitas pelo Escritório de Investigação e Análise (BEA) da França. A assessoria disse ainda que o Brasil fará observações ao relatório final que será apresentado pelo BEA e que eventuais discordâncias com as conclusões do órgão francês serão incorporadas ao documento.

Fonte e fotos: Carolina Lauriano (G1)

Empresas aéreas inauguram as primeiras rotas com “voos verdes”

Companhias como Aeroméxico, Lufthansa, Iberia e as brasileiras Azul e TAM testam vários tipos de biocombustíveis nos aviões.

A notícia de que a American Society for Testing and Materials (ASTM), organização que desenvolve normas técnicas para indústrias, aprovou o uso de combustíveis renováveis na aviação comercial e militar, deu a largada para que as companhias aéreas anunciassem seus primeiros voos regulares verdes.

A ASTM divulgou a medida em julho. De lá para cá, Lufthansa, KLM, Thomson, Finnair, Aeromexico e Iberia informaram que estão utilizando até 50% de biocombustível feito a partir de matérias-primas oleaginosas, como pinhão manso, microalgas e camelina (prima da canola), em seus tanques.

A experiência, por enquanto, se aplica a apenas algumas rotas. Mas a Airbus e a Boeing, que juntas fabricam cerca de 80% dos aviões de passageiros do mundo, planejam a criação de cadeias de produção de biocombustíveis para abastecer os aviões pensando em grande escala.

Em comunicado, a Airbus estima que o combustível de aviação a partir de fontes renováveis pode ser responsável por 30% do consumo das companhias aéreas em 2030.

A General Eletric, fabricante mundial do maior motor a jato, diz que essa nova fonte de abastecimento não tem qualquer impacto no funcionamento normal dos aviões.

No Brasil, a companhia aérea Azul e a Embraer vão realizar em meados de 2012 o primeiro voo experimental (sem passageiros) com o uso de bioquerosene inédito, obtido a partir da cana-de-açúcar. O combustível está em fase de desenvolvimento pela Amyris.

A GE também participa do projeto. Segundo o comandante Miguel Dau, vice-presidente da Azul, que deverá pilotar o avião, a ideia é estabelecer uma rota regular a partir de Campinas já em 2013.

Dau acredita que os novos biocombustíveis serão uma fonte significativa de redução de gases de efeito estufa na atmosfera por parte da aviação. Mas as pesquisas visam também reduzir custos. "A diversificação energética deve diminuir a insegurança em relação à flutuação da cotação internacional de petróleo, considerando que atualmente 35 a 40% dos custos da aviação estão associados a combustível", afirma.

Custo alto

Segundo o diretor de Estratégias e Tecnologias para o Meio Ambiente da Embraer, Guilherme de Almeida Freire, por enquanto, os biocombustíveis custam de duas a três vezes mais do que o querosone tradicional de aviação, mas os projetos avançam.


A fabricante e a GE realizaram uma série de voos de teste no mês passado com um jato Embraer 170 utilizando o combustível Hefa (Ésteres e Ácidos Graxos Hidro-processados), derivado da camelina, na proporção aprovada pela ASTM.

Com os testes, a empresa ganha conhecimento também para os ensaios envolvendo outros combustíveis, como o da Amyris, ainda em estudo pela ASTM.

O processo usa reações catalíticas e fermentação bioquímica feita por organismos geneticamente modificados para produzir as moléculas de hidrocarbonetos para o biocombustível de aviação.

"A Embraer considera que esses testes, mais do que vantagens competitivas da empresa, vão levar ao futuro do transporte aéreo", diz Freire.

Ele acrescenta que as emissões de carbono chegarão a 1,2 bilhão ou 1,4 bilhão de toneladas em 2030, dependendo do cenário de crise ou crescimento. A meta global do setor é reduzir em 50% as emissões até 2050, comparado com 2005.

Freire diz ainda que uma condição básica na pesquisa é que os novos biocombustíveis não exijam mudanças nos aviões ou nos motores, para não gerar impactos na segurança e no custo.

Além disso, a opção é utilizar matérias-primas que possam ser misturadas àquelas já utilizadas e que não precisam de infraestrutura diferenciada.

Fonte: Martha San Juan França (www.brasileconomico.com.br)

SP: simulação testa uso de avião não-tripulado em acidentes

O Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) teve a missão de auxiliar o trabalho de resgate
na simulação de um acidente no Rodoanel Mário Covas, em São Paulo
No km 15,5 do trecho oeste do Rodoanel Mário Covas, em São Paulo, o cenário na manhã de quarta-feira era o da simulação de um acidente com um caminhão-tanque carregado de ácido clorídrico. Mas quem chamou mesmo a atenção foi uma traquitana com seis hélices chamada Vant (sigla para Veículo Aéreo Não Tripulado). No exercício da concessionária CCR Rodoanel, a missão do Vant, produzido pela empresa de segurança patrimonial Protecães, com sede em Porto Alegre (RS), era mapear a situação e os recursos no atendimento à ocorrência por meio da captação de imagens. Em caso real de acidente com carga perigosa, o Vant seria o primeiro a chegar, devido à mobilidade aérea, o que dispensaria o deslocamento de uma pessoa para a área com risco de contaminação.

A chamada Unidade Aérea de Segurança (UAS) funcionou sob o comando do piloto de aeromodelismo Rafael Alonso, que a moveu com a ajuda de um controle remoto e de um monitor de imagens montado em um tripé. No ar, a UAS tem capacidade de enviar imagens em alta definição para a UPS (Unidade Portátil de Segurança), que fica em solo, próxima ao piloto. O aparelho tem capacidade de voar a 100 km/h e pode se distanciar até 500 m de sua base.

O equipamento funciona com uma bateria de lítio semelhante à utilizada em aparelhos celulares e tem autonomia de 40 minutos, além de ser capaz de suportar ventos de 25 nós (cerca de 50 km/h). Durante a simulação, o piloto se deslocou pelo menos duas vezes para facilitar a captação das imagens da movimentação das equipes de resgate. Com condições climáticas favoráveis, tempo ensolarado e pouco vento, o aparelho funcionou sem falhas com pelo menos uma troca de bateria.

"Esse tipo de evento é o melhor uso do Vant, quando ele consegue proporcionar a captura de imagens no local de difícil acesso ou restrito, onde outro meio não seria possível. A qualidade da gravação do Vant conta muito aqui também - você ter uma imagem nítida, de qualidade de televisão. As condições do tempo favoreceram muito, um tempo ensolarado, sem muito vento", afirmou o empresário Flávio Porto, presidente da Protecães, que mantém parceria com a CCR Rodoanel.

Além da atuação do piloto no local, a tecnologia, segundo ele, também pode ser utilizada a distância e em outras situações. "O Vant também tem a possibilidade de uma função Go Home. Ele está preso via satélite, filmando, e o piloto, em outro local, aciona essa função, e ele volta para onde decolou. Ele se torna realmente uma câmera voadora com total independência. Essa unidade já fez propaganda, inspeção em portos, em silos, fez fotografia técnica... Há uma versatilidade muito grande", disse Porto.

Outros voos

Ainda pouco utilizado no Brasil, o empresário destaca que o aparelho deve se tornar uma tendência comercial dentro de dois anos e prevê uma evolução maior de sua tecnologia. "Em breve, (o Vant) terá sensores de gás, termômetro e até a capacidade de fazer reconhecimento espacial. Essa é uma tendência. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, estão usando muito. Eu diria que o Vant está saindo da classificação militar para a comercial", afirmou o empresário.

No âmbito da iniciativa privada, a Protecães recentemente fechou uma parceria com uma empresa de segurança patrimonial para a utilização do Vant em cerca de cinco shoppings da capital paulista. As operações devem ser iniciadas em novembro. "Provavelmente (deve ser usado) nos estacionamentos", afirmou Flávio Porto.


Fonte: Simone Sartori (Terra) - Foto: Aloisio Maurício/Terra