segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Outra semana com rota incerta

Na volta ao trabalho, Lula discutirá compra com ministros, mas deve preferir deixar a polêmica esfriar

Jobim prepara parecer, e colega alerta: não é como comprar automóvel


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta hoje ao trabalho após duas semanas de férias. Ele e a família deixaram Guarujá, no litoral paulista, ontem à tarde. No primeiro dia em Brasília, está prevista reunião com a cúpula ministerial. Entre os temas do encontro, certamente estará a aquisição dos 36 caças para o projeto FX-2, que trata do reaparelhamento das Forças Aéreas Brasileiras (FAB): uma transação estimada em R$ 10 bilhões.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu no fim da semana passada o relatório da Aeronáutica sobre o projeto. A partir do material, o ministro oferecerá um parecer ao presidente, o que pode acontecer já nesta semana.

Porém, diante da polêmica em torno do assunto, o presidente pode preferir adiar sua decisão, como informaram parlamentares mais próximos. Existe a chance até de deixar a definição para seu sucessor.

Ao contrário do que estaria na primeira versão do documento - vazada na imprensa - de que o caça Gripen NG, da sueca Saab, seria a opção mais vantajosa ao país devido ao seu menor custo, o relatório recebido por Jobim ressalta a superioridade do Rafale F3, da francesa Dassault. A suposta alteração no conteúdo teria vindo da insatisfação do Planalto, que, por meio do próprio Lula e de ministros, já reiterou a preferência pelo francês.

Pressionada, a Dassault reconheceu, em reportagem da "Folha de S.Paulo", o alto custo de sua aeronave na disputa, justificando que o dado é um sinal de que ela é a opção de menor risco para o Brasil.

"É preciso ver que, no longo prazo, esse investimento trará menos riscos e, provavelmente, menos custos à FAB", disse o diretor da francesa no Brasil, Jean-Marc Merialdo.

Compondo o coro do governo, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, deu um recado no sábado aos oficiais da FAB insatisfeitos com a preferência pelo Rafale. "Isso não é como comprar automóvel", declarou. Conhecido por suas ideias nacionalistas, o ministro entende que o Brasil precisa ampliar seu espaço entre as grandes potências.

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Fonte: O Tempo

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