terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dassault é pressionada a reduzir preço do caça Rafale, dizem analistas

O caça Rafale, fabricado pela francesa Dassault, tem uma boa chance de conseguir seu primeiro contrato de exportação para o Brasil, mas deverá ter de fazer mais cortes no preço, afirmaram analistas ouvidos pela Reuters nesta terça-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende acabar com a polêmica sobre a compra das aeronaves até a próxima semana. O Rafale ainda é sua escolha, apesar do parecer contrário da Aeronáutica , que deu preferência ao sueco Gripen NG.

O Rafale, que os analistas estimam que custe mais de US$ 100 milhões, apresenta uma desvantagem em relação ao preço quando comparado a aviões rivais, como o de fabricação sueca Gripen NG, da Saab, considerado cerca de 30% a 50% mais barato. Diz-se que o F-18 da Boeing, o terceiro finalista no processo de licitação, também é mais barato que o Rafale.

Um porta-voz da Dassault negou que o Rafale estivesse em desvantagem de preço, quando comparado a aviões "equivalentes", acrescentando que o Gripen não pode ser considerado equivalente, porque tem apenas um motor e pesa menos que o Rafale.

Ele acrescentou que o preço é apenas um dos fatores envolvidos na escolha de um avião de combate, salientando a transferência de tecnologia, parcerias estratégicas e considerações operacionais. Ele não revelou a oferta de preço do Rafale.

Apesar da pressão sobre a Dassault relacionada ao preço, os analistas ainda acreditam que o Rafale tenha 50% a 75% de chance de vencer a licitação brasileira, graças em parte aos laços políticos entre França e Brasil.

- (Uma transação) teria como base um certo tipo de longo acordo político de 20 anos para fazer coisas diversas entre os dois países, ao contrário do que uma venda pura e simples - disse Doug McVitie, fundador da empresa de consultoria Arran Aerospace.

O Brasil tem um acordo de defesa estratégica com a França de bilhões de dólares, incluindo a montagem no país de helicópteros e submarinos.

Ao contrário do Rafale, que é um produto final, o Gripen NG seria desenvolvido com a participação brasileira, de acordo com um relatório da Força Aérea mencionado por jornais brasileiros. O negócio inicialmente poderia ser de mais de US$ 4 bilhões .

Dassault muito pequena?

A taxa de produção relativamente baixa do Rafale, aproximadamente de um por mês, também deixa pouco espaço de manobra para a Dassault cortar o preço, afirmam analistas.

- Se você compara a produção (do Rafale) com a do Eurofighter ou com a do F-35, claramente a Dassault produz muito, muito menos - disse Rupinder Vig, analista do Morgan Stanley.

- A capacidade deles de vender mais barato será muito difícil - completou.

O design específico do Rafale explica o seu preço alto, mas também pode torná-lo desnecessariamente potente para as necessidades do Brasil, argumentou Nick Cunningham, analista da Evolution Securities.

- É um tanto questionável se os países em desenvolvimento podem justificar o custo unitário (de uma aeronave como o Rafale) e se regionalmente há ameaça o suficiente para que eles precisem de uma aeronave que ofereça esse tipo de performance - disse.

A Dassault tem uma capitalização de cerca de 5,5 bilhões de euros e deve registrar um lucro líquido de 285 milhões com um faturamento de 3,695 bilhões. A EADS tem 46,32% das ações, enquanto a holding familiar Marcel Dassault detém 50,55%.

O primeiro Rafale alçou voo em 1986 e hoje ele está disponível em três versões. Ele é usado pela Força Aérea e pela Marinha francesas.

Fonte: Reuters via O Globo

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