quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

50 anos do primeiro sequestro aéreo de toda história

Ontem (02), completaram-se 50 anos do primeiro sequestro aéreo da humanidade, que aconteceu no município de Aragarças (GO), na divisa com Barra do Garças, no Vale do Araguaia. Um grupo de cinco oficiais da Aeronáutica articulou o sequestro de um avião comercial com 40 passageiros para auxiliar no que ficou conhecido como "Revolta Veloso", um movimento de insubordinação comandado pelo major Haroldo Coimbra Veloso, que montou base no aeroporto de Aragarças.

A intenção era montar uma resistência ao governo do presidente Juscelino Kubitschek, conforme conta o livro do historiador Claudemiro Souza Luz que foi lançado em novembro para comemorar essa data histórica.

“Eu considero esse fato um dos mais importantes de Aragarças”, destaca ele. O sequestro começou às oito e meia da manhã do dia 2 de dezembro de 1959, quando o major Eder Teixeira Pinto rendeu os pilotos e sequestrou o avião quadrimotor Constellation, da empresa Paner do Brasil, que fazia rota do Rio de Janeiro para Belém (PA). O avião foi desviado até o aeroporto de Aragarças, onde o comandante da rebelião, major Veloso, aguardava com mais quatro oficiais da Aeronáutica e com dois aviões C-47 da FAB que estavam sendo utilizados no movimento.

A comunicação era lenta naquela época, mas logo o governo foi informado do levante e o ministro da Guerra na época, Henrique Teixeira Lott, determinou a invasão do aeroporto para prender os militares revoltosos. Segundo Claudemiro, isso aconteceu logo no terceiro dia do sequestro. Um grupo de pára-quedistas do Exército chegou de surpresa no aeroporto e bombardeou um dos aviões, e assim os revoltosos tiveram que se entregar.

Major Veloso e outros oficiais foram presos e depois anistiados pelo governo federal, com Veloso se mudando para o estado do Pará, onde se elegeu deputado federal e faleceu aos 49 anos. “Eu acredito que a revolta fracassou porque houve pouca adesão dos militares na época, provavelmente porque ficaram com medo da reação do governo”, explica o escritor.

O tema tornou-se indispensável na história do Araguaia e foi lembrado recentemente na minissérie da TV Globo "JK", que contava a história de Kubitschek. Escritores como Valdon Varjão, Murilo Melo Filho, Mário Miguez e Zélia Diniz já escreveram sobre esse assunto.

Claudemiro lembra que tinha 19 anos naquela época e como qualquer outro morador da cidade passou a maior parte do tempo rodeando o aeroporto para acompanhar, mesmo que à distância, tudo que acontecia no aeroporto.

Claudemiro explica que o avião sequestrado era o maior visto na região e quando desceu na pista estreita de Aragarças todo mundo ficou assustado. Os passageiros foram retirados e conduzidos ao Grande Hotel, construído para a Fundação Brasil Central, enquanto os militares esperavam mais reforços de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo que acabaram não vindo e frustrando a tentativa de golpe.

O escritor aragarcense insiste nesta tese porque nas eleições de 46 e 50 a cúpula da Aeronáutica perdeu as eleições para o brigadeiro Eduardo Gomes e de certa forma não se conformava porque o Exército já tinha tido um presidente.



Fonte: Ronaldo Couto (Olhar Direto)

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