domingo, 14 de julho de 2024

Sete curiosidades sobre o caça F-16

Conheça sete curiosidades sobre o F-16 (Foto: Tech. Sgt. Matthew Lotz/USAF)
Desenvolvido na década de 1970 pela General Dynamics, o F-16 Fighting Falcon é um dos principais aviões de caça em serviço no mundo, operado por mais de 30 países. Monomotor e capaz de ultrapassar Mach 2 (duas vezes a velocidade do som), o modelo que hoje é fabricado pela Lockheed Martin voltou a virar sensação na mídia depois que os Estados Unidos autorizaram o treinamento de pilotos da Força Aérea da Ucrânia para voarem o F-16. 

Sem mais delongas, vamos conhecer sete interessantes fatos sobre o F-16, o próximo e mais novo avião de combate dos ucranianos.

Dois primeiros voos


Oficialmente o protótipo do F-16, então chamado de YF-16, fez seu primeiro voo em 02 de fevereiro de 1974, decolando do Centro de Testes em Voo da Força Aérea, na Base Aérea de Edwards. No entanto, o F-16 já havia voado dias antes, mas “sem querer”. Durante os ensaios de táxi rápido, o protótipo acabou atingindo uma velocidade suficientemente alta para decolar, algo que não estava programado.

O piloto de testes Phil Oestricher pensou rápido e decidiu “acatar a vontade” do jato, decolando a aeronave para evitar um acidente e perder o protótipo de milhões de dólares. Apesar do susto, Phil executou o circuito de pouso e colocou a aeronave no chão logo em seguida.


Primeiro abate

A Força Aérea dos EUA foi a primeira operadora do F-16, introduzindo o jato em serviço em 1978. Mas foi nas mãos dos pilotos da Kheil HaAvir, a Força Aérea de Israel, que o jato da General Dynamics obteve o primeiro de 76 abates. O evento ocorreu durante operações contra a Síria no Vale de Bekaa, em 28 de abril de 1981.

O alvo foi um helicóptero Mil Mi-8 sírio, derrubado com tiros do canhão rotativo M61 Vulcan, de 20 mm, depois que o disparo de um míssil AIM-9 Sidewinder errou o helicóptero. Meses depois a IAF obteve o primeiro abate do F-16 contra outro caça, um MiG-21 Fishbed, também da Síria, dessa vez com emprego bem-sucedido do AIM-9.

Hoje, Israel é um dos principais usuários do F-16, com 224 aviões em operação constante, bem como uma extensa expertise no emprego da aeronave.

O F-16I Sufa da Força Aérea Israelense possui tanques de combustível conformais,
montados sobre a fuselagem (Foto: IAF)

A-16


Em determinado momento de sua carreira, o F-16 foi escolhido para substituir outro lendário avião de combate dos EUA, o A-10 Thundertbolt II. Foi em 1991, quando a Força Aérea dos EUA (USAF) tentou – mais uma vez – substituir o jato de ataque, e selecionou o ágil e veloz F-16 para assumir o lugar do pesado e lento A-10.

Para isso, 24 jatos da 174ª Ala de Caça Tática foram pintados com um camuflado verde (European One) e equipados com um canhão de 30 mm montado em um pod externo, o GPU-5A Pave Claw, essencialmente um GAU-8 menor. A unidade foi desdobrada durante a Operação Tempestade no Deserto, onde o F-16 foi posto à prova como plataforma de suporte aéreo aproximado.

Para a decepção da USAF, os resultados não foram favoráveis. O pod GPU-5 tinha vibração excessiva, o que dificultava a pontaria. Além disso, a grande velocidade do F-16, vantajosa no combate aéreo, se mostrou uma desvantagem no ataque ao solo, visto que os pilotos tinham menos tempo para reconhecer e engajar os alvos com a mesma precisão que seus colegas no A-10. Dessa forma, os canhões foram tirados dos F-16 e os aviadores passaram a empregar bombas de queda livre contra o inimigo.

Apelidados de “A-16”, os F-16 da 174ª Ala foram usados como cobaias para substituir o A-10 (Foto: USAF)

Evolução constante


Ao longo dos seus anos de serviço, o F-16 foi constantemente atualizado por seus usuários, visando manter a plataforma dos Anos 70 ainda capaz de enfrentar adversários potentes no combate aéreo moderno. O F-16 nasceu como um caça leve, voltado para operações aéreas e contra alvos em solo, limitado à atividades diurnas. Com o passar do tempo a aeronave evoluiu, tornando-se uma máquina polivalente, capaz de realizar uma infinidade de missões.

O modelo ainda é produzido, agora com em sua versão Block 70, que reúne equipamentos do estado da arte na já mais que comprovada plataforma. Também chamada de F-16V, esta nova variante incorpora novos computadores de missão, radar APG-83 AESA e cockpit com três telas multifuncionais, além de outras atualizações. Mesmo com quase 50 anos, o F-16 permanece um avião bastante letal.

Cockpit dos caças F-16A (primeira versão) e F-16V Block 70 (Imagens: USAF e Lockheed Martin)

Um drone caro


Embora seja um avião dos sonhos para muitas forças aéreas, alguns F-16 dos Estados Unidos tem um fim de carreira inusitado. Estes aviões são transformados em drones, designados QF-16, e são usados principalmente como alvos.

Pode parecer contraditório usar um avião de combate altamente capaz como alvo, mas a missão é nobre. Tendo uma aeronave como alvo, os norte-americanos pode testar novos armamentos e cenários muito mais próximos aos encontrados em situações da “vida real”. Além disso, esses armamentos serão usados pelos próprios F-16 em suas versões mais novas.

O drone QF-16 voando sem piloto (Foto: USAF)

Viper


Embora seja oficialmente batizado como Fighting Falcon, o F-16 é muito mais conhecido por seu apelido: Viper. O caça recebeu o nome de seus próprios pilotos e mecânicos, por conta de uma semelhança com a víbora e como referência à Viper Starfighter, uma nave fictícia do seriado Battlestar Gallactica. O nome é tão comum que foi oficialmente adotado pela Lockheed Martin para se referir ao F-16 Block 70 (F-16V).

Caça mais popular do mundo


Quando entrou em operação, o F-16 substituiu uma série de aeronaves em diversas forças aéreas, tornando-se um enorme de vendas, estando em produção ainda hoje e com uma bela carteira de pedidos. Desde 1973 foram produzidos mais de 4600 F-16, tornando o modelo o avião de caça mais utilizado em todo o mundo.

Segundo o levantamento World Air Forces 2023, existem 2184 Vipers voando no mundo hoje, representando 15% da frota mundial de aviões de caça. Esse número também torna o F-16 a terceira aeronave militar mais popular do planeta, atrás apenas de dois helicópteros: o Mil Mi-8/Mi-17 e o UH-60 Black Hawk da Sikorsky, uma empresa que também pertence à Lockheed.

Elephant Walk com caças F-16 sul-coreanos (Foto: ROKAF)

Bônus: F-16 civis


Qual aficionado por aviões nunca sonhou em ter seu próprio caça e viver como um Top Gun? Em alguns países isso é possível, sendo um nicho de mercado. Empresas conhecidas como Red Air usam aviões de combate aposentados para simularem o papel de inimigos em treinamentos de forças aéreas. Em 2022 uma dessas empresas, a Top Aces, se tornou a primeira a usar o F-16 para esse tipo de missão.

A firma canadense adquiriu 29 caças F-16A/B usados da Força Aérea de Israel e já usa os aviões em treinamentos com a USAF. Os aviões foram desmilitarizados, ou seja, perderam suas capacidades ofensivas, mas a impressionante performance ainda permanece.


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