Brasileiros que vivem no país querem retornar o mais rápido possível.
O médico Patrício Gonzáles foi o último passageiro a conseguir embarcar no voo que partiu de São Paulo em direção ao Chile
Preocupado com a família após o terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile no sábado (27), o médico Patrício Gonzáles, de 55 anos, não via a hora de embarcar em um avião que o levasse do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, para seu país natal. O chileno, que tinha voo previsto para a manhã de sábado (27), foi o último passageiro a embarcar em uma aeronave que irá ao Chile na manhã desta terça-feira (2). O voo partiu às 9h45, com 221 passageiros, sendo 120 embarcados no Rio de Janeiro.
Gonzáles contou ao G1 antes de entrar na sala de embarque que o prédio onde vive com a família, em Viña del Mar, cidade turística abalada pelo tremor, está interditado. “Conseguiram tirar algumas coisas lá de dentro”, disse, aliviado por saber que sua família está bem. Ao menos 723 pessoas morreram por causa da tragédia no país sulamericano.
Decidido a embarcar o mais rápido possível, o médico resolveu que ficaria no aeroporto o tempo que fosse. “Já deixei meu telefone com a companhia e nada de me retornarem. Não adianta ser civilizado.” Logo após reclamar, recebeu, com entusiasmo, a notícia de que uma aeronave vinda do Rio tinha ainda um lugar. “Agora poderei voltar para a minha família”, disse, sorrindo.
Contatada, a Lan informou que nesta terça haveria apenas um voo para a capital chilena, Santiago. As empresas Gol e TAM, que também fazem viagens para o Chile, não tinham voos programados para o país nesta terça.
Entre as dezenas de pessoas que aguardavam informações próximas ao guichê da Lan, na asa D do aeroporto, havia um grupo de brasileiros que residem no Chile e não viam a hora de voltar para casa.
O comerciante Samir de Paula, de 31 anos, está desde sábado apreensivo. Após passar férias em São Bernardo do Campo, onde vivem seus pais, ele foi no fim de semana a Cumbica para voltar ao Chile, país onde vive há nove anos. “Estava já na fila de embarque quando me perguntaram meu destino”. Ao dizer “Santiago”, foi chamado para conversar em particular com um funcionário do aeroporto. “Foi nessa hora que fiquei sabendo do terremoto. Tentei ligar para o Chile, mas os telefones não pegavam. Foi um desespero”, lembrou.
Depois de recuperar o fôlego por conta do susto, de Paula ligou para o amigo Antonio Donizete Castilho, médico brasileiro de 54 anos que vive há três na capital chilena e que também veio a passeio para o Brasil. “Acordei e falei: ‘Não era para você estar voando?’”, afirmou o médico. Ao ser informado da tragédia, tentou contatar conhecidos.
“Conversei com uma vizinha que contou que nosso prédio está inteiro. Mas acho que o interior do apartamento foi destruído. Foi muito forte o terremoto. Chacoalhou tudo”, afirmou. “Mas pelo menos que ninguém que conhecemos morreu”, comemorou.
Brasileiros
Nesta terça, o comerciante de Paula, sua noiva, o médico Castilho, seus dois filhos, a esposa e o cãozinho maltês Budy, de 8 meses, esperavam, com malas prontas, uma oportunidade num outro voo. “Esperamos pegar o próximo avião”, disse.
Funcionários da Lan afirmaram que, na quarta-feira (3), outros dois aviões devem partir para a capital chilena, mas ainda não há previsão dos horários de partida dos voos, nem mesmo se eles sairão de São Paulo ou do Rio de Janeiro. O excesso de passageiros se deve ao grande número de voos cancelados desde sábado por conta do terremoto. Nos guichês das companhias aéreas brasileiras TAM e Gol, a informação é que até quarta-feira (3) não estão previstos quaisquer voos entre o Brasil e o Chile.
Fonte e fotos: Paulo Toledo Piza (G1)
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