Grupo de 30 brasileiros voltou ao país nesta terça-feira (2).
Engenheira que foi jogada da cama diz que viveu uma madrugada de terror.
O drama de enfrentar as consequências de um potente terremoto de 8,8 graus de magnitude que destruiu parte do Chile terminou para 30 brasileiros na madrugada desta terça-feira (2). Pouco antes de a tragédia chilena completar três dias, o grupo aterrissou às 2h25 na Base Aérea de São Paulo, na região metropolitana, a bordo do avião reserva da Presidência da República.
Aliviada e muito emocionada, Cláudia Santos, de 34 anos, e o filho Caíque, 7, puderam reencontrar a família. Para rever uma irmã, ela ficou quase um mês no Chile. Mas nos últimos dois dias passou fome e frio, dormiu num carro e só pensou em arranjar comida para o filho.
O pequeno Caíque foi um dos primeiros a deixar o avião presidencial. Correu em disparada ao saguão do complexo da aeronáutica, e pulou primeiro no colo do pai, depois no da avó. E chorou muito.
No momento do forte tremor, eles estavam no aeroporto de Santiago, à espera da hora do embarque para São Paulo. “Ficou tudo destruído. Não tinha para onde ir. Sem dinheiro, passei fome e frio. Andei pelo aeroporto e pelas ruas”, contou. “Só comemos lanche”, acrescentou.
Dormiu num carro
Cláudia disse que contou com a ajuda de um policial para superar as dificuldades do primeiro dia pós-tremor. “Ele arranjou um carro para que eu pudesse aquecer meu filho e dormir um pouco. Depois, um brasileiro nos levou a um hotel. De lá seguimos para o prédio da Embaixada Brasileira, e fomos escolhidos para voltar ao Brasil.
A engenheira Daniella Castelucci, de 27 anos, também estava no grupo que retornou ao país nesta terça. Diabética, contou que a equipe da Embaixada do Brasil no Chile lhe arranjou a medicação necessária e a colocou no avião da Presidência da República.
Desespero para voltar
Ela afirmou que os brasileiros que ainda estão em território chileno contam as horas para voltar ao Brasil. “A situação dos brasileiros lá está muito difícil, está ficando bem complicada. Os brasileiros estão desesperados para sair de lá. Alguns já fazem planos para cruzar a cordilheira de carro, e ir até Mendoza (Argentina). De lá, seguiriam viagem de volta ao Brasil”, relatou.
Daniella disse que foi jogada ao chão quando a terra tremeu. “Estava dormindo. O tremor me derrubou da cama. A TV e um espelho caíram sobre mim. Eu não sabia para onde correr”, contou.
Madrugada de terror
Nas ruas, Daniella viu um cenário de guerra, de terra de ninguém. “Havia pessoas seminuas sob um frio de 8 graus. Me deu dó ver a cidade destruída. Foi uma madrugada de terror”, resumiu.
‘Quero beber água limpa’
Depois de rever e abraçar o marido, Rafael, de 23 anos, e os pais, seus próximos passos no Brasil eram simples e curtos. “Quero colocar roupas limpas, fazer uma refeição decente e beber água limpa”.
Dentro de um liquidificador
O médico João Irion, de 80 anos, foi ao Chile fazer turismo. Na companhia da mulher, a professora aposentada Márcia, 74, sentiu os efeitos do terremoto pouco depois de deixar um cassino. “Parecia que estava dentro de um liquidificador. Era como se eu estivesse num colchão no dorso de um cavalo”, afirmou.
Fonte e fotos: Sérgio Lorena (G1)
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