02 de Março de 1969
Durou apenas 27 minutos, mas, quando o Concorde 001 aterrissou na pista do Aeroporto de Toulouse, na França, cumpria-se um sonho nascido dez anos antes.
No final da década de 50, as agências de aviação norte-americana, francesa, inglesa e soviética assumiram o interesse em ter um avião supersônico de transporte de passageiros.
Cada país tinha o seu, mas, anos depois, os governos de Inglaterra e França juntavam esforços que dariam frutos nesse dia 2 de Março de 1969, quando o aparelho resultante do projeto dos dois países europeus fez o seu primeiro voo de teste.
Nesse dia, o Concorde era pilotado por Andre Turcat, francês, principal ideólogo do projeto. Em 1972, ele foi convidado para participar numa conferência em Portugal.
Para cá, a partir de Paris, voou num avião da TAP pilotado pelo comandante Sousa Monteiro que, em declarações ao Página1, recorda Turcat como “um homem fantástico, distinto, altamente sabedor, que a primeira coisa que quis foi viajar no cockpit”.
“Proporcionou-nos muitos ensinamentos, entre os quais, a forma de transferir o combustível para melhor equilíbrio do avião”, que passa por colocar combustível nas asas e, também, na cauda. “À medida que o combustível se for gastando, para evitar que o nariz se vá levantando com o abrandamento do peso do avião, desloca-se o combustível da cauda para as asas”, explica Sousa Monteiro.
Para o antigo piloto da TAP, “o Concorde era o orgulho da aviação européia e foi uma revolução no campo da aviação. A técnica européia fez nascer uma máquina fantástica que, infelizmente, acabou mal tratada”.
O Concorde era um avião com mais de 60 metros de comprimento e 21 de envergadura, cuja “revolução consiste na sua velocidade e altitude. Ele voava a mais de dois mil quilômetros por hora, mais do dobro do que qualquer outro avião comercial dito «convencional», e voava a uma altitude de cerca de 18 quilômetros. Os aviões em que nós voamos comercialmente fazem-no, no máximo, a 13 quilômetros”, explica Sousa Monteiro.
Apesar destas “vantagens” e de ter tido, inicialmente, cerca de 100 pedidos de encomenda das principais companhias aéreas mundiais, só duas, a British Airways e a Air France, acabaram por adquirir o modelo - 16 aparelhos, no total - e explorá-lo comercialmente. A crise do petróleo dos anos 70 foi um dos fatores que levou a uma verdadeira vaga de cancelamentos das encomendas.
A 25 de Julho de 2000, um acidente com um Concorde da Air France em Paris matou 113 pessoas. O aparelho despistou-se ao levantar voo, devido a uma peça de um outro avião que estava na pista. Aos rumores de falta de segurança, juntaram-se o aumento dos custos de manutenção e o insuficiente número de passageiros. Foi o princípio do fim do Concorde, que voou, pela última vez, em Novembro de 2003.
“Por razões econômicas, os mesmos países que o criaram assim o desprezaram. Era um orgulho da tecnologia européia, que afundou em desprestígio os norte-americanos, que tentaram fazer um Concorde, mas, por razões também econômicas, o Presidente Nixon perdeu essa batalha. Os norte-americanos nunca tiveram um avião supersônico de passageiros. Nós, na Europa, tivemo-lo. E, quando ele estava perfeitamente operacional, era seguro, desmantelam-no e fazem-no desaparecer”, lamenta Sousa Monteiro.
Fonte: Hugo Monteiro (Rádio Renascença)
Durou apenas 27 minutos, mas, quando o Concorde 001 aterrissou na pista do Aeroporto de Toulouse, na França, cumpria-se um sonho nascido dez anos antes.
No final da década de 50, as agências de aviação norte-americana, francesa, inglesa e soviética assumiram o interesse em ter um avião supersônico de transporte de passageiros.
Cada país tinha o seu, mas, anos depois, os governos de Inglaterra e França juntavam esforços que dariam frutos nesse dia 2 de Março de 1969, quando o aparelho resultante do projeto dos dois países europeus fez o seu primeiro voo de teste.
Nesse dia, o Concorde era pilotado por Andre Turcat, francês, principal ideólogo do projeto. Em 1972, ele foi convidado para participar numa conferência em Portugal.
Para cá, a partir de Paris, voou num avião da TAP pilotado pelo comandante Sousa Monteiro que, em declarações ao Página1, recorda Turcat como “um homem fantástico, distinto, altamente sabedor, que a primeira coisa que quis foi viajar no cockpit”.
“Proporcionou-nos muitos ensinamentos, entre os quais, a forma de transferir o combustível para melhor equilíbrio do avião”, que passa por colocar combustível nas asas e, também, na cauda. “À medida que o combustível se for gastando, para evitar que o nariz se vá levantando com o abrandamento do peso do avião, desloca-se o combustível da cauda para as asas”, explica Sousa Monteiro.
Para o antigo piloto da TAP, “o Concorde era o orgulho da aviação européia e foi uma revolução no campo da aviação. A técnica européia fez nascer uma máquina fantástica que, infelizmente, acabou mal tratada”.
O Concorde era um avião com mais de 60 metros de comprimento e 21 de envergadura, cuja “revolução consiste na sua velocidade e altitude. Ele voava a mais de dois mil quilômetros por hora, mais do dobro do que qualquer outro avião comercial dito «convencional», e voava a uma altitude de cerca de 18 quilômetros. Os aviões em que nós voamos comercialmente fazem-no, no máximo, a 13 quilômetros”, explica Sousa Monteiro.
Apesar destas “vantagens” e de ter tido, inicialmente, cerca de 100 pedidos de encomenda das principais companhias aéreas mundiais, só duas, a British Airways e a Air France, acabaram por adquirir o modelo - 16 aparelhos, no total - e explorá-lo comercialmente. A crise do petróleo dos anos 70 foi um dos fatores que levou a uma verdadeira vaga de cancelamentos das encomendas.
A 25 de Julho de 2000, um acidente com um Concorde da Air France em Paris matou 113 pessoas. O aparelho despistou-se ao levantar voo, devido a uma peça de um outro avião que estava na pista. Aos rumores de falta de segurança, juntaram-se o aumento dos custos de manutenção e o insuficiente número de passageiros. Foi o princípio do fim do Concorde, que voou, pela última vez, em Novembro de 2003.
“Por razões econômicas, os mesmos países que o criaram assim o desprezaram. Era um orgulho da tecnologia européia, que afundou em desprestígio os norte-americanos, que tentaram fazer um Concorde, mas, por razões também econômicas, o Presidente Nixon perdeu essa batalha. Os norte-americanos nunca tiveram um avião supersônico de passageiros. Nós, na Europa, tivemo-lo. E, quando ele estava perfeitamente operacional, era seguro, desmantelam-no e fazem-no desaparecer”, lamenta Sousa Monteiro.
Fonte: Hugo Monteiro (Rádio Renascença)
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