O Laboratório de Ciências de Marte (MSL, na sigla em inglês), um robô de exploração aperfeiçoado da Nasa, agência espacial americana, que pesa 1 t e tem previsão de lançamento para 2011, precisa de ainda mais dinheiro. O mais recente estouro de orçamento pode pela primeira vez atrasar outras missões da divisão de ciências planetárias da agência, que anda carente de dinheiro.
Os gastos com o robô já alcançam US$ 2,286 bilhões - 40% a mais do que a estimativa oficial de US$ 1,63 bilhão em 2006. Mas mesmo isso não é o suficiente. Em um "relatório de extrapolação" a ser entregue ao Congresso americano no final de julho, a Nasa dirá que a problemática missão, agora também chamada de Curiosity (curiosidade), precisa de US$ 15 milhões a US$ 115 milhões a mais do que a estimativa de US$ 2,286 bilhões.
A NASA até agora evitou atrasos e cancelamentos de outras missões atacando os fundos de desenvolvimento de tecnologia do programa para Marte. Mas oficiais agora estudam atrasos em duas missões planejadas à Lua. "O tempo para decisões difíceis é este", disse o chefe de ciências da Nasa, Ed Weiler. Ele deu a notícia a cientistas planetários em um encontro do comitê consultivo no dia 9 de julho, na sede da Nasa em Washington, D.C., ao lado de Jim Green, diretor da divisão de ciências planetárias, e do chefe do programa de Marte Doug McCuistion.
Questão escorregadia
O motivo do último estouro orçamentário está relacionado a motores, transmissões e controles aviônicos. Após mudarem de um lubrificante seco para outro líquido, engenheiros encontraram dificuldades para verificar a confiabilidade dos motores do braço robótico do laboratório de exploração.
Além disso, explica McCuistion, um novo problema foi recentemente descoberto: alguns dos instrumentos mais importantes - o conjunto de instrumentos para Coleta de Amostras em Marte - vão exigir o dobro da energia esperada, o que significa que o robô vai precisar carregar baterias maiores.
McCuistion afirma que não terá certeza do valor dessas últimas necessidades do robô antes de novembro, quando uma estimativa de custos independente for finalizada. Se os custos adicionais ficarem em torno dos US$ 15 milhões, McCuistion e Green acreditam que poderão manter a agonia restrita ao programa de Marte, cortando dinheiro de missões futuras a Marte em 2016, 2018 e 2020.
Mas se os custos extras tenderem mais para os US$ 155 milhões, a agência talvez precise atrasar o Explorador de Ambiente de Poeira e Atmosfera Lunar, um pequeno satélite com lançamento previsto para 2012, e a Rede Lunar Internacional, um sistema de estações robóticas de pesquisa lunar.
A agência também pode atrasar os trabalhos com o Novas Fronteiras, um programa de US$ 870 milhões que planeja missões para muitos locais do Sistema Solar e que há pouco abriu para propostas de concorrência. "Onde isso vai acabar?", pergunta Clive Neal, cientista planetário da Universidade de Notre Dame em Indiana e chefe do Grupo de Análise de Exploração Lunar da NASA. "Tudo está sendo prejudicado por causa de uma missão. Não estou nem um pouco satisfeito."
Grande demais para fracassar
Como tantos grandes empenhos científicos, entretanto, o MSL talvez seja grande demais para fracassar. Em janeiro, após a Nasa decidir atrasar o lançamento do robô de 2009 para 2011, o comitê consultivo de ciências planetárias recebeu um excedente orçamentário de US$ 400 milhões, chocante e considerado definitivo. O comitê recomendou que a NASA prosseguisse com a missão e tentasse limitar os cortes ao programa para Marte.
No Laboratório de Propulsão a Jato, em Pasadena, Califórnia, o gerente de projeto Richard Cook foi substituído por Peter Theisinger, o antigo gerente de projeto para os robôs marcianos Spirit e Opportunity. McCuistion diz que vai ordenar em 2010 uma investigação independente sobre as "lições aprendidas".
Até lá, talvez a extensão dos danos nos planos de longo prazo da Nasa seja revelada. Weiler afirma que aparentemente a agência não conseguirá arcar com o lançamento de uma importante missão para a lua Europa, de Júpiter, prevista para 2020. Com o orçamento de tecnologia para Marte dizimado, uma missão de Retorno de Amostras de Marte sofrerá ainda mais atrasos. Tal missão, que custaria entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, provavelmente não começaria antes de 2024, afirma Weiler.
Fonte: The New York Times via Terra - Tradução: Amy Traduções - Imagem: NASA (concepção artística)
Os gastos com o robô já alcançam US$ 2,286 bilhões - 40% a mais do que a estimativa oficial de US$ 1,63 bilhão em 2006. Mas mesmo isso não é o suficiente. Em um "relatório de extrapolação" a ser entregue ao Congresso americano no final de julho, a Nasa dirá que a problemática missão, agora também chamada de Curiosity (curiosidade), precisa de US$ 15 milhões a US$ 115 milhões a mais do que a estimativa de US$ 2,286 bilhões.
A NASA até agora evitou atrasos e cancelamentos de outras missões atacando os fundos de desenvolvimento de tecnologia do programa para Marte. Mas oficiais agora estudam atrasos em duas missões planejadas à Lua. "O tempo para decisões difíceis é este", disse o chefe de ciências da Nasa, Ed Weiler. Ele deu a notícia a cientistas planetários em um encontro do comitê consultivo no dia 9 de julho, na sede da Nasa em Washington, D.C., ao lado de Jim Green, diretor da divisão de ciências planetárias, e do chefe do programa de Marte Doug McCuistion.
Questão escorregadia
O motivo do último estouro orçamentário está relacionado a motores, transmissões e controles aviônicos. Após mudarem de um lubrificante seco para outro líquido, engenheiros encontraram dificuldades para verificar a confiabilidade dos motores do braço robótico do laboratório de exploração.
Além disso, explica McCuistion, um novo problema foi recentemente descoberto: alguns dos instrumentos mais importantes - o conjunto de instrumentos para Coleta de Amostras em Marte - vão exigir o dobro da energia esperada, o que significa que o robô vai precisar carregar baterias maiores.
McCuistion afirma que não terá certeza do valor dessas últimas necessidades do robô antes de novembro, quando uma estimativa de custos independente for finalizada. Se os custos adicionais ficarem em torno dos US$ 15 milhões, McCuistion e Green acreditam que poderão manter a agonia restrita ao programa de Marte, cortando dinheiro de missões futuras a Marte em 2016, 2018 e 2020.
Mas se os custos extras tenderem mais para os US$ 155 milhões, a agência talvez precise atrasar o Explorador de Ambiente de Poeira e Atmosfera Lunar, um pequeno satélite com lançamento previsto para 2012, e a Rede Lunar Internacional, um sistema de estações robóticas de pesquisa lunar.
A agência também pode atrasar os trabalhos com o Novas Fronteiras, um programa de US$ 870 milhões que planeja missões para muitos locais do Sistema Solar e que há pouco abriu para propostas de concorrência. "Onde isso vai acabar?", pergunta Clive Neal, cientista planetário da Universidade de Notre Dame em Indiana e chefe do Grupo de Análise de Exploração Lunar da NASA. "Tudo está sendo prejudicado por causa de uma missão. Não estou nem um pouco satisfeito."
Grande demais para fracassar
Como tantos grandes empenhos científicos, entretanto, o MSL talvez seja grande demais para fracassar. Em janeiro, após a Nasa decidir atrasar o lançamento do robô de 2009 para 2011, o comitê consultivo de ciências planetárias recebeu um excedente orçamentário de US$ 400 milhões, chocante e considerado definitivo. O comitê recomendou que a NASA prosseguisse com a missão e tentasse limitar os cortes ao programa para Marte.
No Laboratório de Propulsão a Jato, em Pasadena, Califórnia, o gerente de projeto Richard Cook foi substituído por Peter Theisinger, o antigo gerente de projeto para os robôs marcianos Spirit e Opportunity. McCuistion diz que vai ordenar em 2010 uma investigação independente sobre as "lições aprendidas".
Até lá, talvez a extensão dos danos nos planos de longo prazo da Nasa seja revelada. Weiler afirma que aparentemente a agência não conseguirá arcar com o lançamento de uma importante missão para a lua Europa, de Júpiter, prevista para 2020. Com o orçamento de tecnologia para Marte dizimado, uma missão de Retorno de Amostras de Marte sofrerá ainda mais atrasos. Tal missão, que custaria entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, provavelmente não começaria antes de 2024, afirma Weiler.
Fonte: The New York Times via Terra - Tradução: Amy Traduções - Imagem: NASA (concepção artística)
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