Com mais um desastre de avião, estima-se que a demanda de passageiros deve diminuir no curto prazo
Com o desaparecimento do Airbus da Air France, que decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris, no último domingo, o mercado de aviação passa por mais um percalço.Mesmo que aparentemente não tenha ocorrido falha da infraestrutura, especialistas acreditam que o setor sentirá um impacto negativo no curto prazo, sobretudo, na procura por passagens.
“O efeito será de uma queda de 5% a 20% na procura de bilhetes aéreos para destinos internacionais”, afirma Mauro Ricardo Nascimento Martins, consultor e professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná. “Esse índice pode ser ainda maior para os voos que saírem do aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, de onde partiu o avião da Air France”, diz ele.
O especialista acredita que a gravidade do acidente, aliada à cobertura da mídia, afeta psicologicamente as pessoas e pode reforçar a percepção de insegurança em viajar de avião. “Foi o terceiro grande acidente de uma aeronave comercial no país em três anos”, afirma Martins, se referindo ao choque entre um Legacy da Embraer e um Boeing da Gol - que resultou na morte de 154 ocupantes - ocorrido em 2006 e o acidente do Airbus da TAM, que colidiu contra um prédio da própria empresa, próximo ao aeroporto de Congonhas, matando 199 pessoas. “Quem pode adiar a viagem, com certeza, o fará”.
Para Frederico Turolla, sócio da Pezco Pesquisa & Consultoria - empresa que estuda o setor de aviação, além de outras áreas - o episódio deve acirrar a briga por tarifas mais baixas em voos internacionais. Ele acredita que a Air France pode se antecipar e dar descontos nas passagens para voltar a atrair passageiros, especialmente para voos entre o Brasil e a França.
Uma resolução aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) liberou a concessão de descontos de até 20% nas passagens internacionais. E este percentual deverá chegar a 50% em julho. De acordo com a Anac, a partir de abril de 2010, não haverá mais um preço mínimo dos bilhetes. “A curto prazo, as empresas poderão compensar a queda na procura por bilhetes aéreos com preços mais acessíveis”, afirma Turolla.
Voo doméstico
Para os especialistas do setor aéreo, a aviação doméstica não deve sentir o mesmo impacto que os voos internacionais. Porém, eles acreditam que a Gol e a TAM devem sofrer com fatores como preço do petróleo, a taxa de câmbio mais baixa, que pode estimular a procura por viagens internacionais e a liberação do preço das passagens aéreas para o exterior.
Martins estima que, mesmo diante das dificuldades, o mercado de voos internacionais deverá crescer de 3% a 5% neste ano, enquanto os voos domésticos terão crescimento de 5% a 10%.
Fonte: Viviane Maia (Época Negócios) - Foto: Agência O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário