segunda-feira, 1 de junho de 2009

Satélite aponta a possibilidade de erro humano

Imagem do Inpe no momento do desaparecimento do Airbus reforça hipótese de mau tempo – e levanta suspeitas de que uma falha humana tenha colocado o avião em rota de perigo

Mapa meteorológico do Brasil no momento do desaparecimento do voo 447 Imagens do Inpe mostram espessa formação de nuvens na região onde se acredita ter sumido o Airbus da Air France - clique sobre o mapa para ampliá-lo

O mapa meteorológico do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra uma espessa formação de nuvens em região próxima àquela onde se acredita ter desaparecido o Airbus A330 da Air France que fazia a rota Rio-Paris na noite de domingo para segunda-feira. A imagem parece reforçar a hipótese de que o mau tempo tenha provocado a queda do avião, e levanta a questão de uma falha humana que tenha posto o avião indevidamente na rota de uma tempestade potencialmente perigosa.

A imagem, obtida pelo satélite GOES10, usado para a previsão do tempo, foi obtida às 2h15 da madrugada, horário de Greenwich, ou 23h15 de Brasília - um minuto depois da última comunicação enviada pela aeronave, um sinal automático de pane elétrica. Ela mostra temperaturas de 50 graus Celsius abaixo de zero ao norte de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico.

Segundo o meterologista Luis Souza, do Inpe, a carta meteorológica do dia indicava a formação de nuvens com desenvolvimento vertical, que podem ser interpretadas como os temidos cumulus nimbus. “São as nuvens gigantes, que na região equatorial pode ter até 18 quilômetros de altitude, ou 45 mil pés”. Esse tipo de nuvem gera grandes tempestades nos céus. O interior dessas nuvens é formado de cargas elétricas positivas e negativas que produzem descargas e relâmpagos. Essas cargas se dirigem ao solo e são seguidas de correntes de ar que também empurram para baixo o objeto que passar sobre essas nuvens. Os cumulus nimbus produzem o tipo de turbulência mais temido por pilotos de avião, o “windshear”, ou turbulência de baixa altitude com rajadas de ventos. Segundo o major Robson Ressurreição – meteorologista do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica (Decea) –, os aviões costumam fugir dessas nuvens. “È muito difícil sair de dentro do cumulus nimbus. O indicado é desviar, porque não há como passar por cima, uma vez que essas nuvens são altas e a turbulência delas é grande. E o vento pode empurrar na direção do solo o avião que estiver embaixo”. No dia do acidente essas nuvens estavam – segundo o mapa do Inpe – a 45 mil pés de altitude. Um avião comercial voa a cerca de 30 mil pés. Uma nota oficial da FAB afirma que avião voava a 35 mil pés.

O Cindacta 3 (3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), órgão que vigia o espaço aéreo na região do desaparecimento, não informou a Época se houve algum boletim de alerta. A assessoria de imprensa da FAB, até as 18h30, não havia respondido às perguntas enviadas por Época.

Fonte: Época

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