terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Piloto turco flagrado com 1,3 t de cocaína solto no CE é preso em Istambul


A Justiça Federal do Ceará soltou, mas a Procuradoria-Geral de Istambul, na Turquia, prendeu o turco Veli Demir, 48, piloto do avião flagrado com 1,3 tonelada de cocaína no aeroporto de Fortaleza, em 4 de agosto do ano passado. Também foram presos na Turquia o presidente da ACM Airlines, Seymuz Özkan, empresa proprietária do jato TC-GVA, além de outras cinco pessoas ligadas à companhia aérea. Segundo a imprensa local o avião foi usado pelo primeiro-ministro e pelo presidente da República turcos durante anos e acabou vendido em 2016.

Demir foi colocado em liberdade no Brasil em 11 de novembro de 2021 por determinação do Juízo Federal da 11ª Vara do Ceará. O Ministério Público Federal não o denunciou por entender que ele não tinha responsabilidade pelo transporte das 24 malas onde havia 1.200 tabletes de cocaína.

O passageiro espanhol Angel Alberto Gonzalez Valdes, 60, foi preso e acusado de ser o dono da droga. Ele morreu em 24 de outubro do ano passado, vítima de câncer, no Hospital Penal Professor Otávio Lobo, em Itatinga, na região metropolitana de Fortaleza.

Polícia Federal apreendeu 1,3 tonelada de cocaína em jato executivo no aeroporto de Fortaleza
O Departamento de Crimes Antinarcóticos de Istambul prendeu Demir no dia 26 de dezembro do ano passado, assim que ele desembarcou no aeroporto internacional daquela cidade. Segundo a polícia turca, ele prestou depoimento e aguarda julgamento.

No dia seguinte, os policiais realizaram uma operação na sede da ACM Airlines e apreenderam documentos e computadores. De acordo com investigações do Departamento Antinarcóticos da Turquia, o espanhol Valdes pagou 160 mil euros pelo frete da aeronave.

Além de Seymuz Özkan chegaram a ser presos Leyla Özkan, Ali Burak Bülbül, Fatih Rasim Bahar, Bekir Koray Özdögan, Nesime Özlem Bektas. A imprensa turca divulgou que eles foram soltos em 31 de dezembro. Porém, a Promotoria de Justiça recorreu da decisão e o empresário Özkan foi detido novamente.

O Departamento Antinarcóticos da Turquia investiga uma informação de que Seymuz Özkan é ligado a um empresário turco que teria sociedade em imóveis e empresas com o ex-major Sérgio Roberto Carvalho, o Major Carvalho, considerado um dos maiores traficantes de cocaína do mundo e caçado em toda a Europa. Carvalho é chamado de "Escobar brasileiro" no velho continente.

Em depoimento à polícia turca, Demir contou que o avião decolou de Málaga, na Espanha, com destino ao Ceará. No aeroporto de Fortaleza, a aeronave foi abastecida e seguiu viagem para Ribeirão preto (SP), onde o passageiro espanhol embarcou com as 24 malas.

Demir disse que ele e a tripulação ainda descansaram em um hotel. Por volta das 4h de 4 de agosto, após liberação da torre do aeroporto de Ribeirão preto, o jato decolou e retornou para Fortaleza, onde passou por novos procedimentos alfandegários.

Durante inspeção na aeronave, policiais federais abriram uma das malas e encontraram a cocaína. A revista feita pelos agentes foi filmada e os vídeos foram postados em redes sociais, sites de notícias e também acabaram veiculados por emissoras de televisão. A droga iria para a Bélgica.

O advogado Leonardo Duavy defendeu Demir no Brasil e disse que o cliente era inocente e não tinha conhecimento da cocaína na aeronave. O defensor afirmou que Demir é casado, pai de duas filhas, trabalhava havia 10 anos na aviação civil e três anos na ACM Airlines e tinha 10 mil horas de voo.

Em nota divulgada na Turquia, a ACM Airlines informou que a empresa e a tripulação da aeronave nada tem a ver com o cliente espanhol nem com os pertences dele (24 malas) e que a responsabilidade da bagagem colocada no avião é inteiramente das autoridades aeroportuárias.

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