Dois anos após a tragédia no aeroporto de Barajas, em Madrid, que causou a morte a 154 pessoas, os familiares das vítimas e os 18 sobreviventes continuam à espera de respostas. A investigação à queda do McDonald Douglas MD-82, da Spanair, ainda não está terminada, não tendo por isso sido apuradas responsabilidades.
"Depois do desfile das autoridades, uma semana após os enterros já não havia ninguém, ficámos sozinhos", disse a presidente da Associação dos Afectados, Pilar Vera. Os familiares das vítimas e os sobreviventes encontram-se "numa situação de desprotecção total" e, depois de superar a "tristeza e a dor", enfrentam agora a "frustração" de ver que "está tudo por fa-zer a nível judicial, administrativo, civil, pessoal e social", afirmou na conferência de imprensa.
Diversos erros terão causado o acidente com o voo JK-5022, na descolagem para as Canárias. O aparelho não estava configurado para essa operação: os flaps e os slats, localizados nas asas e necessários para a sustentação do avião, não estavam na posição certa. Um alarme deveria ter disparado na cabine do piloto, mas não funcionou. Uma primeira tentativa de descolagem tinha sido abortada devido ao sobreaquecimento da sonda de temperatura, tendo o mecânico em terra acabado por desligar o fusível de que também dependia o alarme.
Além disso, o El Pais revelava ontem que o computador central da Spanair, onde são anotados todos os problemas com os aviões da companhia, tinha um vírus e por isso estava desligado. Caso tivesse sido inserida a tempo a falha detectada na primeira tentativa de descolagem, teria sido accionado o alarme, já que era a terceira em 24 horas. No dia 19 de Agosto de 2008, o mesmo avião tinha tido dois problemas mecânicos.
A investigação está a ser conduzida por um procurador, mas os familiares queixam-se de que não está a trabalhar exclusivamente para o caso. O processo tem já mais de 12 mil documentos, devendo no final do ano, segundo as últimas expectativas, ser reveladas as primeiras conclusões. Dois técnicos da manutenção são os únicos acusados, mas o representante da associação destes trabalhadores diz que não deveriam estar porque eles fizeram o seu trabalho.
No segundo aniversário da tragédia foi divulgado um novo projecto de memorial. Será construído junto ao roseiral do parque Juan Carlos I, de Madrid, representando a cauda do avião da Spanair e terá a inscrição: "Em algum lugar... sempre nos nossos corações." No ano passado, tinha sido inaugurado outro memorial, nas Canárias (destino do avião e terra da maioria das vítimas). Este, que representa a lateral do avião, tem um orifício no topo, por onde passa a luz do sol. No dia e à hora do acidente (14.28), a claridade incide na inscrição "Que não fique o vazio, enquanto a luz eterna como as ondas ilumine o instante efémero da partida."
O segundo aniversário fica ainda marcado pela polémica em torno de uma série de televisão inspirada na investigação ao acidente, filmada pela Telecinco. A estação defende a "seriedade do projecto", intitulado Voo 8714 e que tem estreia prevista no Outono. Há, contudo, familiares das vítimas que recorreram aos tribunais para tentar proibir a transmissão.
Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
"Depois do desfile das autoridades, uma semana após os enterros já não havia ninguém, ficámos sozinhos", disse a presidente da Associação dos Afectados, Pilar Vera. Os familiares das vítimas e os sobreviventes encontram-se "numa situação de desprotecção total" e, depois de superar a "tristeza e a dor", enfrentam agora a "frustração" de ver que "está tudo por fa-zer a nível judicial, administrativo, civil, pessoal e social", afirmou na conferência de imprensa.
Diversos erros terão causado o acidente com o voo JK-5022, na descolagem para as Canárias. O aparelho não estava configurado para essa operação: os flaps e os slats, localizados nas asas e necessários para a sustentação do avião, não estavam na posição certa. Um alarme deveria ter disparado na cabine do piloto, mas não funcionou. Uma primeira tentativa de descolagem tinha sido abortada devido ao sobreaquecimento da sonda de temperatura, tendo o mecânico em terra acabado por desligar o fusível de que também dependia o alarme.
Além disso, o El Pais revelava ontem que o computador central da Spanair, onde são anotados todos os problemas com os aviões da companhia, tinha um vírus e por isso estava desligado. Caso tivesse sido inserida a tempo a falha detectada na primeira tentativa de descolagem, teria sido accionado o alarme, já que era a terceira em 24 horas. No dia 19 de Agosto de 2008, o mesmo avião tinha tido dois problemas mecânicos.
A investigação está a ser conduzida por um procurador, mas os familiares queixam-se de que não está a trabalhar exclusivamente para o caso. O processo tem já mais de 12 mil documentos, devendo no final do ano, segundo as últimas expectativas, ser reveladas as primeiras conclusões. Dois técnicos da manutenção são os únicos acusados, mas o representante da associação destes trabalhadores diz que não deveriam estar porque eles fizeram o seu trabalho.
No segundo aniversário da tragédia foi divulgado um novo projecto de memorial. Será construído junto ao roseiral do parque Juan Carlos I, de Madrid, representando a cauda do avião da Spanair e terá a inscrição: "Em algum lugar... sempre nos nossos corações." No ano passado, tinha sido inaugurado outro memorial, nas Canárias (destino do avião e terra da maioria das vítimas). Este, que representa a lateral do avião, tem um orifício no topo, por onde passa a luz do sol. No dia e à hora do acidente (14.28), a claridade incide na inscrição "Que não fique o vazio, enquanto a luz eterna como as ondas ilumine o instante efémero da partida."
O segundo aniversário fica ainda marcado pela polémica em torno de uma série de televisão inspirada na investigação ao acidente, filmada pela Telecinco. A estação defende a "seriedade do projecto", intitulado Voo 8714 e que tem estreia prevista no Outono. Há, contudo, familiares das vítimas que recorreram aos tribunais para tentar proibir a transmissão.
Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
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