As companhia aéreas “nanicas” estão revolucionando o mercado de aviação no Brasil. Ao focar nas classes C e D, com bilhetes de baixo custo e parcelamento de passagens em até 60 meses, começaram a roubar clientes das gigantes do setor. Quem ganhou foi o consumidor, que tem conseguido viajar de avião pagando menos, resultado da guerra constante de preços travada entre as empresas. Tanto que, em 2009, a tarifa média dos bilhetes vendidos foi de R$ 322, bem abaixo dos R$ 444 contabilizados em 2008, conforme levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na visão de Felipe Queiroz, consultor de aviação da Austin Rating, está havendo uma mudança estrutural no mercado, consequência não só da entrada de novos concorrentes no setor aéreo, mas também da ascensão social. “Além de novos atores na aviação comercial, a classe C está entrando com tudo no mercado, beneficiada pela maior oferta de crédito e pelo controle da inflação, fatores que mantêm o poder de compra em alta”, disse. Ele ressaltou que essa nova realidade fez com que as empresas deixassem de olhar apenas para as classes A e B, até então as suas tradicionais clientes.
“As classes C e D, que antes viajavam de ônibus para o Nordeste vão hoje de avião, pagando tarifas menores”, afirmou Queiroz. O parcelamento dos bilhetes em diversas vezes é outro forte atrativo. “Como a inflação está controlada, os consumidores dividem os valores com segurança, pois sabem que não correm risco de aumento de preços nem do desemprego”, acrescentou.
Para ele, a companhia que mais tem aproveitado essa conjuntura é a Azul, que estreou em dezembro de 2008 e, ao fim do ano passado, já havia conquistado 3,82% de participação no mercado doméstico. A Webjet, por sua vez, ampliou a sua fatia de 2,46% para 4,46% no mesmo período, e a Avianca (ex-OceanAir), de German Efromovich, pretende elevar a sua parcela de 2,5% para 4% até o fim deste ano (leia matéria abaixo). “O foco (dessas empresas) é reduzir o preço das passagens e aumentar a ocupação do avião”, assinalou o analista. Já a TAM, atual líder, viu seus índices caírem de 50,4% para 45,6% ao fim de 2009. E a Gol encolheu de 42,38% para 41,37%.
A perspectiva é de que, daqui para frente, ocorram mais mudanças no ranking de mercado, em decorrência da realização, no Brasil, da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. “Cada cliente será disputado com unhas e dentes”, ressaltou Queiroz. A tendência é não só o aquecimento do mercado doméstico, mas também que um maior número de turistas estrangeiros venham para o Brasil.
Apesar da perda de participação no mercado, as gigantes mantiveram elevados índices de rentabilidade. Levantamento da consultoria Economática mostra que a TAM registrou, no ano passado, o maior lucro líquido entre as companhias aéreas das Américas: US$ 771,04 milhões, seguida pela Gol, com US$ 529,36 milhões.
Fonte: Karla Mendes (Correio Braziliense)
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