A companhia aérea TAM planeja realizar no segundo semestre deste ano um voo de demonstração utilizando como combustível da aeronave uma mistura de 50% de bioquerosene produzido a partir do pinhão manso.
Durante apresentação à imprensa do projeto, o presidente da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso, informou hoje que o voo partirá do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, em data ainda a ser definida.
A experiência é resultado de um projeto iniciado há um ano e meio e que tem a parceria da Airbus, fabricante da aeronave, e da CFM, joint venture entre a americana General Electric (GE) e a francesa Snecma responsável pelos motores do avião.
Desde seu início, a TAM aportou US$ 150 mil nesse projeto, o que inclui desde as pesquisas até a compra de sementes de pinhão manso e sua transformação em óleo semirefinado, que foi enviado aos Estados Unidos para processamento pela UOP LLC, uma empresa do grupo Honeywell. Por sua vez, o investimento da Airbus no projeto foi da ordem de US$ 70 mil. Como informa a TAM, o voo será a primeira experiência do gênero na América Latina.
Ao justificar a escolha do pinhão manso como fonte de energia, Líbano afirmou que o insumo permite uma redução de até 80% na emissão de carbono e é cultivável em climas tropicais como o de regiões do Brasil, além de não competir com a cadeia alimentar, por ser impróprio ao consumo humano e alimentar.
A meta da empresa é desenvolver com os produtores meios para que o cultivo de pinhão manso atinja produção em escala comercial em um prazo de três a cinco anos.
Líbano, informou, no entanto, que ainda não há uma estimativa de redução de custo a partir do uso do bioquerosene.
Mas Paulus Figueiredo, gerente de combustíveis da companhia aérea brasileira, aponta que sua viabilidade dependerá de um custo comparável ao do querosene convencional, sendo uma alternativa às oscilações de preços do petróleo.
Nos Estados Unidos, a expectativa é de que o bioqueresene seja homologado na American Society for Testing and Materials (ASTM) ainda neste ano, o que permitirá seu uso por aéreas locais.
A Iata, entidade que congrega companhias aéreas de todo o mundo, tem a meta de que 10% do combustível utilizado pelo setor venha de fontes alternativas até 2017.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso (ABPPM) mostram que existem hoje 60 mil hectares de terra no Brasil com plantações de pinhão manso, mas para atingir a escala comercial será preciso ampliar essa área para perto de 1 milhão de hectares.
Fonte: Eduardo Laguna (Valor Online) via O Globo
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