Richard Branson pediu "coragem" aos líderes empresariais do planeta para que invistam e ajudem a economia a recuperar, para que liderem o combate às injustiças globais e para que desbloqueiem o impasse no debate sobre o ambiente.
"Não podemos deixar que o governo faça tudo. O governo já alimentou as economias com dinheiros públicos. Agora é a nossa vez, como líderes empresariais", afirmou o dono do império Virgin, em Barcelona (Espanha)."Temos que ser mais corajosos, criar empregos, novos negócios, investir na economia. É uma boa altura para investir. Está tudo a metade do preço. Não podemos ter medo. Se ficarmos com medo não fazemos o nosso papel. E então sim, há o risco de uma dupla recessão", sublinhou.
Um setor onde essa influência pode ser imediata é na energia limpa porque é economicamente rentável e porque "em cinco anos a procura ultrapassará a oferta de petróleo".
"Temos que resolver isto. Eu tenho empresas sujas, como as companhias aéreas. O que faço é transfiro todos os lucros dessas empresas para investir em energias limpas", disse.
"O que é importante é que empresas continuem a criar riqueza. As pessoas continuarão a precisa de viajar de avião. Mas temos que tornar as empresas aéreas o mais ambientais possíveis. E depois usar os lucros de negócios mais sujos para encontrar combustíveis alternativos", afirmou.
Com uma fortuna estimada em 2,5 mil milhões de dólares e o controlo de 250 empresas (com rendimentos anuais de 30 mil milhões de euros), o dono do grupo Virgin conversou sobre negócios, vida pessoal e desafios de liderar no encerramento da Cimeira Global de Liderança da Young President's Association.
A YPA é uma rede global de 17 mil jovens, líderes empresariais, que entre si controla sensivelmente cerca de seis por cento do PIB mundial. O encontro de Barcelona é o primeiro com acesso parcial à imprensa, e a agência Lusa a ser um de três órgãos de informação europeus convidados.
"A comunidade empresarial pode e deve ajudar, com os seus conhecimentos e experiência, a travar injustiças. Não devemos deixar isso nas mãos dos políticos", afirmou.
"Os empresários devem ter um papel mais ativo a combater injustiças, a travar conflitos e a resolvê-los, a combater doenças em África, a avançar no mercado de carbono", considerou.
Questionado sobre como ele próprio aplica esses conselhos, especialmente tendo uma riqueza "desproporcionadamente elevada" face à maioria da população, Branson considerou essencial agir "com responsabilidade", defendendo o capitalismo "que apesar das suas falhas parece ser o melhor sistema".
"O fato de haver enorme riqueza nas mãos de poucas pessoas trás enorme responsabilidade. Não a de competir por maiores iates ou aviões privados, mas usar essa riqueza para criar novos negócios, abrir novas tendências, ajudar zonas do mundo que desesperadamente necessitam de ajuda", disse.
"Usar os teus conhecimentos empresariais para ajudar a melhorar condições de vida dos outros", frisou.
E, aliás, "é bom que os ricos se sintam culpados pela sua riqueza", especialmente se não aplicarem a riqueza "com responsabilidade e a ajudar". "Nós não somos melhores que um bom médico um bom professor, uma boa enfermeira", enfatizou.
Vital também é o papel dos empresários, e dos próprios media, para empurrar os Governos a fortalecer a garantia de concorrência, apoiando as empresas menores, eliminando barreiras a quem quer "abrir uma nova empresa num setor dominado por uma mão cheia de grandes empresas".
"E quem queira entrar nesses mercados tem que inovar ter melhores pessoas, ter um melhor produto e ter sucesso", afirmou
Fonte: António Sampaio (Agência Lusa) via Diário de Notícias (Portugal)
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