O governo argentino prometeu liberar o Aeroparque Jorge Newbery, aeroporto central de Buenos Aires, para voos ao Brasil a partir de março. A medida causou irritação na TAM e na Gol, que veem na medida uma tentativa de favorecer a Aerolíneas Argentinas e aumentar artificialmente sua competitivade nas rotas ao Brasil. Representantes das duas brasileiras - além de outras que operam no Mercosul, como a chilena LAN - pediram esclarecimentos ao governo. Uma reunião com o secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, foi marcada para amanhã à tarde.
Hoje o Aeroparque recebe somente voos domésticos e a ponte aérea para Montevidéu. Todas as demais rotas internacionais usam o aeroporto de Ezeiza, a 22 quilômetros de Buenos Aires, cujo acesso se dá por duas rodovias pedagiadas. Costuma-se gastar pelo menos 35 minutos até Ezeiza, enquanto o trajeto ao Aeroparque raramente passa de dez minutos, saindo do centro.
A pedido da Aerolíneas, o governo argentino está tomando procedimentos para expandir o uso do Aeroparque e permitir voos ao Brasil, ao Chile e ao Paraguai. Isso coincide com o novo plano de negócios da Aerolíneas, reestatizada em 2008, que aposta nos países vizinhos para crescer. Até 2013, a empresa deverá ter 49 voos semanais de Buenos Aires a Guarulhos, 35 para o Galeão e 40 para Santiago. Em todos os casos, é mais do que o dobro da oferta atual.
O problema, para TAM e Gol, é que o Aeroparque tem infraestrutura relativamente limitada e pouco espaço disponível. Por isso, a Aerolíneas se aproveitará da presença que já possui. "Dificilmente haverá acréscimo de voos, mas apenas uma substituição. Para fazer um voo a Guarulhos, bastante lucrativo, provavelmente a Aerolíneas terá que desviar para outro aeroporto uma frequência atual a alguma cidade do interior argentino", diz uma fonte da TAM.
A grande preocupação das empresas brasileiras, segundo o Valor apurou, não é tanto com a eventual perda de passageiros brasileiros. Avalia-se que a Aerolíneas, com passivo de quase US$ 1,5 bilhão e sem perspectivas de voltar ao azul antes de 2013, não conseguirá atrair muitos brasileiros pelo fato de pousar no centro de Buenos Aires. O temor é que a medida interrompa a lenta, porém constante, migração dos passageiros argentinos para as aéreas brasileiras. Como empresa de bandeira nacional, há forte apelo emocional entre os argentinos para escolher a Aerolíneas - processo semelhante ao que ocorria com a Varig - e o uso do Aeroparque pode tornar--se favor decisivo na escolha.
Temendo não ter espaço no Aeroparque, TAM e Gol temem uma competição desleal com a Aerolíneas. "O governo argentino tem todo o direito de estabelecer o uso do Aeroparque como quiser. O que combateremos é a discriminação", disse o diretor de relações institucionais da Gol, Alberto Fajerman.
O governo negou que a medida tenha sido desenhada sob medida para fortalecer a Aerolíneas. Mas essa suspeita se confirmou, segundo fontes brasileiras, depois que a associação de empresas aéreas estrangeiras na Argentina obteve uma cópia da resolução que libera o Aeroparque - e ainda não publicada no Boletim Oficial - com os próprios executivos da Aerolíneas.
"Todas as companhias poderão solicitar e ter autorização para voar para a região pelo aeroporto metropolitano. Mas, como ocorre na maioria dos países, vamos dar prioridade aos requerimentos da nossa empresa de bandeira", admitiu o secretário de transportes, por meio de comunicado. Um auxiliar de Schiavi informou que a análise dos pedidos de operação no Aeroparque deverá demorar em torno de 90 dias. Como a Aerolíneas apresentou a solicitação em janeiro, ele previu para março a expansão operacional do aeroporto.
Para esse auxiliar, as empresas estrangeiras - incluindo as brasileiras - buscam evitar a duplicação de custos, instalando bases simultâneas em Ezeiza e no Aeroparque, e por isso querem evitar sua liberação. Segundo ele, há espaço para a entrada das companhias no aeroporto central, que recebe 180 voos diários. "Em 2001, esse número chegava a 400", afirmou o auxiliar, que aposta em um entendimento na sexta-feira, na reunião das aéreas com Schiavi.
"Vamos expor os nossos temores e preocupações", diz Fajerman, da Gol. "A infraestrutura do Aeroparque está esgotada e a presença já existente da Aerolíneas torna essa competição desigual. É como se Congonhas voltasse a ter voos internacionais", comparou. Para as duas brasileiras, o melhor cenário é que os voos continuem concentrados em Ezeiza, evitando a duplicação de bases operacionais (balcões de check-in e lojas de passagens, por exemplo). Observam, porém, que o pior cenário é a Aerolíneas ir sozinha para o "Congonhas portenho".
Hoje o Aeroparque recebe somente voos domésticos e a ponte aérea para Montevidéu. Todas as demais rotas internacionais usam o aeroporto de Ezeiza, a 22 quilômetros de Buenos Aires, cujo acesso se dá por duas rodovias pedagiadas. Costuma-se gastar pelo menos 35 minutos até Ezeiza, enquanto o trajeto ao Aeroparque raramente passa de dez minutos, saindo do centro.
A pedido da Aerolíneas, o governo argentino está tomando procedimentos para expandir o uso do Aeroparque e permitir voos ao Brasil, ao Chile e ao Paraguai. Isso coincide com o novo plano de negócios da Aerolíneas, reestatizada em 2008, que aposta nos países vizinhos para crescer. Até 2013, a empresa deverá ter 49 voos semanais de Buenos Aires a Guarulhos, 35 para o Galeão e 40 para Santiago. Em todos os casos, é mais do que o dobro da oferta atual.
O problema, para TAM e Gol, é que o Aeroparque tem infraestrutura relativamente limitada e pouco espaço disponível. Por isso, a Aerolíneas se aproveitará da presença que já possui. "Dificilmente haverá acréscimo de voos, mas apenas uma substituição. Para fazer um voo a Guarulhos, bastante lucrativo, provavelmente a Aerolíneas terá que desviar para outro aeroporto uma frequência atual a alguma cidade do interior argentino", diz uma fonte da TAM.
A grande preocupação das empresas brasileiras, segundo o Valor apurou, não é tanto com a eventual perda de passageiros brasileiros. Avalia-se que a Aerolíneas, com passivo de quase US$ 1,5 bilhão e sem perspectivas de voltar ao azul antes de 2013, não conseguirá atrair muitos brasileiros pelo fato de pousar no centro de Buenos Aires. O temor é que a medida interrompa a lenta, porém constante, migração dos passageiros argentinos para as aéreas brasileiras. Como empresa de bandeira nacional, há forte apelo emocional entre os argentinos para escolher a Aerolíneas - processo semelhante ao que ocorria com a Varig - e o uso do Aeroparque pode tornar--se favor decisivo na escolha.
Temendo não ter espaço no Aeroparque, TAM e Gol temem uma competição desleal com a Aerolíneas. "O governo argentino tem todo o direito de estabelecer o uso do Aeroparque como quiser. O que combateremos é a discriminação", disse o diretor de relações institucionais da Gol, Alberto Fajerman.
O governo negou que a medida tenha sido desenhada sob medida para fortalecer a Aerolíneas. Mas essa suspeita se confirmou, segundo fontes brasileiras, depois que a associação de empresas aéreas estrangeiras na Argentina obteve uma cópia da resolução que libera o Aeroparque - e ainda não publicada no Boletim Oficial - com os próprios executivos da Aerolíneas.
"Todas as companhias poderão solicitar e ter autorização para voar para a região pelo aeroporto metropolitano. Mas, como ocorre na maioria dos países, vamos dar prioridade aos requerimentos da nossa empresa de bandeira", admitiu o secretário de transportes, por meio de comunicado. Um auxiliar de Schiavi informou que a análise dos pedidos de operação no Aeroparque deverá demorar em torno de 90 dias. Como a Aerolíneas apresentou a solicitação em janeiro, ele previu para março a expansão operacional do aeroporto.
Para esse auxiliar, as empresas estrangeiras - incluindo as brasileiras - buscam evitar a duplicação de custos, instalando bases simultâneas em Ezeiza e no Aeroparque, e por isso querem evitar sua liberação. Segundo ele, há espaço para a entrada das companhias no aeroporto central, que recebe 180 voos diários. "Em 2001, esse número chegava a 400", afirmou o auxiliar, que aposta em um entendimento na sexta-feira, na reunião das aéreas com Schiavi.
"Vamos expor os nossos temores e preocupações", diz Fajerman, da Gol. "A infraestrutura do Aeroparque está esgotada e a presença já existente da Aerolíneas torna essa competição desigual. É como se Congonhas voltasse a ter voos internacionais", comparou. Para as duas brasileiras, o melhor cenário é que os voos continuem concentrados em Ezeiza, evitando a duplicação de bases operacionais (balcões de check-in e lojas de passagens, por exemplo). Observam, porém, que o pior cenário é a Aerolíneas ir sozinha para o "Congonhas portenho".
Fonte: Daniel Rittner (Valor Econômico) via Fórum Contato Radar
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