Pelo menos seis mil pessoas foram à Base Aérea de Campo Grande neste domingo ensolarado para curtir um dia de cultura e lazer com diversas atrações montadas pela instituição. Exposição de aviões de caça, de transporte e de helicópteros, demonstração de resgate e salto de para-quedistas, show de acrobacia de aviões, um casal de onças pintada e parque de diversões.
O principal objetivo do projeto “Portões Abertos” é estreitar o relacionamento com a comunidade campo-grandense promovendo evento para toda a família. A sociedade pôde conhecer mais de perto o trabalho realizado pelos militares da FAB (Força Aérea Brasileira).
Os braços dos pais ocupados em segurar os pequenos no colo. Os braços dos filhos apontados para o ar. O domingo foi da família e dos jovens casais de namorados. Os pescoços e braços se esticavam para ver ou tirar fotos das onças. Uma fila bem grande para visitar o interior dos aviões da FAB. Assim foi o domingo divertido de muita gente.
O soldado do Exército e atual motorista profissional Sebastião Correa, 33 anos, levou as três filhas para o passeio dominical. “É interessante este evento porque temos chance de mostrar para as crianças algo diferente. É um programa diferente. Podemos trazê-las para conhecer algo que a gente só vê na televisão”, diz.
A maior das irmãs, Joyanne, 10 anos, se mostrou encantada com tudo que viu. “Achei interessantíssimo. Nunca tinha vista avião de perto e nem onça. Achei bonito”. A filha do meio, Sarah, 7 anos, com sorriso estampado e se escondida atrás do pai envergonhada é rápida ao conversar: “Gostei bastante”; sempre com o sorriso.
Os namorados Agnaldo Ismael, 38 anos, e Kelly Morales, 25 anos, procuravam um programa novo para o fim de semana e disseram ter encontrado. A secretária tentava a todo custo tirar fotos do avião que fazia acrobacias. “É difícil com o celular. O sol atrapalha”. Quanto ao evento, eles dizem que gostaram. “É maravilhoso. É a primeira vez que nós vemos aviões assim de tão perto. Estamos aqui desde cedo [o evento começou às 8h e a conversa foi por volta das 13h30].
O trabalhador autônomo reclama que Campo Grande não dispõe de muitas opções gratuitas de divertimento, principalmente aos finais de semana. “Se você conhecer algo legal na Capital para população ir, me avise. Não temos opção na cidade.
“Ê... rapaz... viemos lá do nosso bairro”
A fala foi pronunciada por dois garotos ao mesmo tempo, como se fosse ensaiada, mas de forma totalmente espontânea. Samuel, 14 anos, e Paulo, 11 anos, vieram do São Conrado. O bairro fica atrás da Base, mas o percurso para ali chegar requer um contorno por diversos outros pois o caminho mais curto seria pelo terreno militar, onde a entrada é proibida. Para se ter uma ideia da distância, os garotos saíram de suas casas com bicicletas às 10h e chegaram à Base por volta das 13h45.
Sentados nas bicicletas sob a sombra de uma faixa de pano que enfeitava o ambiente, Samuel, Paulo e Wender, 10 anos. Contavam o percurso para ver os aviões. “Ê... rapaz... viemos lá do nosso bairro”, disseram juntos e até riram por conta disso, Samuel e Paulo. Samuel continuou: “Viemos pelo Oliveira [região que compreende três grandes bairros], passamos a pinguela [sobre o córrego Lagoa] e aí passamos pela casa do Marcão [amigo deles] e andamos mais um bocado e aí chegamos” – como se o repórter conhecesse todo o trajeto.
Os garotos conversavam e olhavam para cima em busca do avião. “‘Alá. Alá’ [olha lá]!”. É minha segunda vez, a deles é a primeira. Eu que chamei porque achei legal”, conta Samuel que até fez um amigo novo ali. Seu xará Samuel, de 6 anos, que foi com a família e se juntou à turma.
Paulo e Wwnder se encantam. “Nossa! Olha o capacete [olham para os militares que ensinavam a dobrar os para-quedas]”. “Será que deve ser como pular. Eu não pularia não. Vai saber o que pode acontecer. Pode o para-quedas não abrir. Mais, de ver, acho muito legal”, diz Paulo, precavido.
Assim como o casal do início deste texto, os garotos também dizem não ter opções de lazer no bairro. “Não tem espaços assim lá. Tem os campinhos, mas não tem muito ‘pra jogar [queria dizer projetos de incentivo]. Fora isso tem o córrego; pulo lá desde guri”, diz Samuel. “Por isso, a gente vem até aqui. Não tem nada lá”, completa.
Famílias
Gladys Mascarenhas, 36 anos, levou os filhos ao passeio. O pequeno Guilherme de 1 ano e 8 meses de idade, de dentro de seu carrinho olhava para lá e para cá acompanhando as pessoas e sorrindo. Lívia, de 8 anos, pulava sem parar brincando com uma bexiga enquanto o avião não dava a volta para mais uma acrobacia. Thayana, 12 anos, também cuidava para não perder o avião de vista. “Eu nunca tinha visto nem a onça e nem os aviões. Eu cheguei bem perto. Achei legal”, diz Thayana.
“É muito bom ter eventos como estes. Ver assim de perto, o coronel [piloto do avião] fazer estás peripécias todas no ar. É incrível”, diz Gladys. Ela foi levada pela vizinha, Maria Raquel Netto, que é mãe de uma tenente da Base. “Minha filha sempre fala que tem orgulho e gosta do que faz. Vim aqui prestigiar o evento que está sendo muito bonito”.
“Quem não tem dinheiro conta história”
“Uh rapaz... tirei R$ 2 mil só de pipoca outro dia. É por isso que falo: ‘Quem não tem dinheiro conta história’.”
Enquanto muitos pais levavam os filhos pequeninos no braço em um dia de passeio, Antônio dos Santos, 45 anos, levava o mastro com os algodões doce que vendia. Criou três filhos assim. Eventos como este é uma oportunidade para ganhar uma renda extra.
“A gente, quer dizer eu, sempre vem em dias assim porque dá mais dinheiro. Tenho minha esposa, três filhos: um com 25 anos, outro com 23 anos e outro com 17 anos. Todos eles criei com algodão doce e pipoca. E hoje, eles também vendem. Todos sobrevivem do algodão doce e da pipoca”, conta com risos e orgulho. A brincadeira no princípio da conversa foi quando perguntado se ganhava bem após vinte anos de trabalho no setor.
Fonte e foto: Marcelo Eduardo (Midiamax News)
Os braços dos pais ocupados em segurar os pequenos no colo. Os braços dos filhos apontados para o ar. O domingo foi da família e dos jovens casais de namorados. Os pescoços e braços se esticavam para ver ou tirar fotos das onças. Uma fila bem grande para visitar o interior dos aviões da FAB. Assim foi o domingo divertido de muita gente.
O soldado do Exército e atual motorista profissional Sebastião Correa, 33 anos, levou as três filhas para o passeio dominical. “É interessante este evento porque temos chance de mostrar para as crianças algo diferente. É um programa diferente. Podemos trazê-las para conhecer algo que a gente só vê na televisão”, diz.
A maior das irmãs, Joyanne, 10 anos, se mostrou encantada com tudo que viu. “Achei interessantíssimo. Nunca tinha vista avião de perto e nem onça. Achei bonito”. A filha do meio, Sarah, 7 anos, com sorriso estampado e se escondida atrás do pai envergonhada é rápida ao conversar: “Gostei bastante”; sempre com o sorriso.
Os namorados Agnaldo Ismael, 38 anos, e Kelly Morales, 25 anos, procuravam um programa novo para o fim de semana e disseram ter encontrado. A secretária tentava a todo custo tirar fotos do avião que fazia acrobacias. “É difícil com o celular. O sol atrapalha”. Quanto ao evento, eles dizem que gostaram. “É maravilhoso. É a primeira vez que nós vemos aviões assim de tão perto. Estamos aqui desde cedo [o evento começou às 8h e a conversa foi por volta das 13h30].
O trabalhador autônomo reclama que Campo Grande não dispõe de muitas opções gratuitas de divertimento, principalmente aos finais de semana. “Se você conhecer algo legal na Capital para população ir, me avise. Não temos opção na cidade.
“Ê... rapaz... viemos lá do nosso bairro”
A fala foi pronunciada por dois garotos ao mesmo tempo, como se fosse ensaiada, mas de forma totalmente espontânea. Samuel, 14 anos, e Paulo, 11 anos, vieram do São Conrado. O bairro fica atrás da Base, mas o percurso para ali chegar requer um contorno por diversos outros pois o caminho mais curto seria pelo terreno militar, onde a entrada é proibida. Para se ter uma ideia da distância, os garotos saíram de suas casas com bicicletas às 10h e chegaram à Base por volta das 13h45.
Sentados nas bicicletas sob a sombra de uma faixa de pano que enfeitava o ambiente, Samuel, Paulo e Wender, 10 anos. Contavam o percurso para ver os aviões. “Ê... rapaz... viemos lá do nosso bairro”, disseram juntos e até riram por conta disso, Samuel e Paulo. Samuel continuou: “Viemos pelo Oliveira [região que compreende três grandes bairros], passamos a pinguela [sobre o córrego Lagoa] e aí passamos pela casa do Marcão [amigo deles] e andamos mais um bocado e aí chegamos” – como se o repórter conhecesse todo o trajeto.
Os garotos conversavam e olhavam para cima em busca do avião. “‘Alá. Alá’ [olha lá]!”. É minha segunda vez, a deles é a primeira. Eu que chamei porque achei legal”, conta Samuel que até fez um amigo novo ali. Seu xará Samuel, de 6 anos, que foi com a família e se juntou à turma.
Paulo e Wwnder se encantam. “Nossa! Olha o capacete [olham para os militares que ensinavam a dobrar os para-quedas]”. “Será que deve ser como pular. Eu não pularia não. Vai saber o que pode acontecer. Pode o para-quedas não abrir. Mais, de ver, acho muito legal”, diz Paulo, precavido.
Assim como o casal do início deste texto, os garotos também dizem não ter opções de lazer no bairro. “Não tem espaços assim lá. Tem os campinhos, mas não tem muito ‘pra jogar [queria dizer projetos de incentivo]. Fora isso tem o córrego; pulo lá desde guri”, diz Samuel. “Por isso, a gente vem até aqui. Não tem nada lá”, completa.
Famílias
Gladys Mascarenhas, 36 anos, levou os filhos ao passeio. O pequeno Guilherme de 1 ano e 8 meses de idade, de dentro de seu carrinho olhava para lá e para cá acompanhando as pessoas e sorrindo. Lívia, de 8 anos, pulava sem parar brincando com uma bexiga enquanto o avião não dava a volta para mais uma acrobacia. Thayana, 12 anos, também cuidava para não perder o avião de vista. “Eu nunca tinha visto nem a onça e nem os aviões. Eu cheguei bem perto. Achei legal”, diz Thayana.
“É muito bom ter eventos como estes. Ver assim de perto, o coronel [piloto do avião] fazer estás peripécias todas no ar. É incrível”, diz Gladys. Ela foi levada pela vizinha, Maria Raquel Netto, que é mãe de uma tenente da Base. “Minha filha sempre fala que tem orgulho e gosta do que faz. Vim aqui prestigiar o evento que está sendo muito bonito”.
“Quem não tem dinheiro conta história”
“Uh rapaz... tirei R$ 2 mil só de pipoca outro dia. É por isso que falo: ‘Quem não tem dinheiro conta história’.”
Enquanto muitos pais levavam os filhos pequeninos no braço em um dia de passeio, Antônio dos Santos, 45 anos, levava o mastro com os algodões doce que vendia. Criou três filhos assim. Eventos como este é uma oportunidade para ganhar uma renda extra.
“A gente, quer dizer eu, sempre vem em dias assim porque dá mais dinheiro. Tenho minha esposa, três filhos: um com 25 anos, outro com 23 anos e outro com 17 anos. Todos eles criei com algodão doce e pipoca. E hoje, eles também vendem. Todos sobrevivem do algodão doce e da pipoca”, conta com risos e orgulho. A brincadeira no princípio da conversa foi quando perguntado se ganhava bem após vinte anos de trabalho no setor.
Fonte e foto: Marcelo Eduardo (Midiamax News)
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