segunda-feira, 18 de maio de 2009

Agusta Westland lança subsidiária em Portugal com os olhos postos em África

A Agusta Westland (AW), fornecedora dos helicópteros EH-101 à Força Aérea Portuguesa, lança hoje a sua subsidiária portuguesa com os olhos postos nos países de África e nas próximas aquisições militares portuguesas. O grande fabricante mundial de helicópteros não esconde a expectativa de entrar, a prazo, em novos mercados através da Agusta Westland Portugal (AWP).

A missão imediata da AWP é coordenar as operações de manutenção dos aparelhos militares, a parceria com o Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel (CEIIA), instalado na Maia, e lançar uma operação industrial a partir da base aérea de Beja, para a prestação de serviços de engenharia sobretudo aos países do Magrebe.

A AW considera que Portugal é hoje um "mercado importante e com boas perspectivas", com mais de duas dezenas de helicópteros em serviço no país, especialmente militares e também alguns comerciais (AW 101, Lynx, AW 139, AW 109 Power e Grand). A encomenda de mais 10 NH-90 para missões tácticas do Exército, no âmbito do programa militar europeu, e os próximos concursos para aparelhos ligeiros multifunções e de treino do Exército e da Força Aérea são igualmente interessantes para a empresa. Além da proximidade portuguesa com África.

O NH-90

O arranque da actividade da Agusta Westland Portugal é o passo que faltava dar desde a renegociação de contrapartidas assinada em Agosto passado com o Estado português e que pretendeu encerrar as atribulações em torno da manutenção dos EH-101 e do cumprimento do programa de contrapartidas à indústria portuguesa pela venda dos referidos aparelhos e agora cifrado em 481 milhões de euros.

Desse acordo saiu a criação de uma capacidade de manutenção e de serviços de engenharia, com subcontratação da Ogma, de projectos de investigação, desenvolvimento e engenharia associados à indústria e universidades portuguesas, através do CEIIA, por um período de seis anos e no valor de 25 milhões de euros, e ainda o lançamento de serviços de engenharia em Beja.

A parceria de I&D, considerada a peça mais inovadora do novo programa, visa sistemas mecânicos, interiores, estruturas e compósitos e sistemas electrónicos e de software para a nova geração de helis Lynx, AW 149 e LUH (ligeiro), para além de mais nove milhões de euros de investimento em formação e cinco milhões em tecnologias de informação.

Esta iniciativa em Portugal ocorre depois de, nos últimos anos, a AW ter direccionado a sua presença e parcerias sobretudo para a Ásia (Índia, China), África (África do Sul e Líbia) e para Leste (Polónia, operação entretanto frustrada, e Rússia). Os resultados foram satisfatórios - as receitas cresceram dois por cento em 2008, apesar da crise.

O fabrico de helicópteros, pela AW, é um dos pilares do grupo Finmeccanica. Em 2008, representou 17 por cento dos 17,1 mil milhões de euros de receitas deste conglomerado especializado em aeronáutica, defesa, electrónica e segurança. Dos três centros de montagem, no Reino Unido (Yeovil), EUA (Filadélfia) e Itália (em Vergiate e Cascina Costa), é neste último país que a AW detém a parte fundamental da sua capacidade produtiva. A AW constrói um helicóptero a cada cinco semanas.

Com as últimas parcerias industriais, a sua cadeia de fornecimento passou a incluir, por exemplo, fuselagem produzida na China e na África do Sul que depois é exportada para Itália e Reino Unido, chegando ainda a preços inferiores aos europeus. Os indianos da Tata são os mais recentes parceiros, desde há três meses.

Fonte: Lurdes Ferreira (Público - Portugal) - Foto: divulgação

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