Custou um pouco mas a Dassault Aviation, que fabrica o caça Rafale, um dos três pré-qualificados para o projeto FX-2 da FAB - a concorrência de US$ 2 bilhões que definirá o substituto dos veteraníssimos Mirage 015 - apresentou à imprensa alguns dos argumentos que o grupo considera mais fortes para vencer a disputa. O jato francês acabou de ser submetido a uma sessão de provas por parte de pilotos brasileiros, como uma das etapas obrigatórias para essa fase da licitação - os outros concorrentes, o F-18 Super Hornet da Boeing e o Gripen NG, da Saab, passaram também por verificações similares. Para o vice-presidente senior de vendas para a América, África e Ásia, Jean Pierre Chabriol, o caça francês é um equipamento bastante completo e com vantagens que, a seu ver, podem fazer a balança pender para o lado da França quando vier o anúncio oficial, no segundo semestre.
"O Rafale é um projeto 100% francês, o que significa que todos os equipamentos embarcados no jato são produzidos por empresas do País. Isso é um componente importante sobretudo porque o comprador quer soberania com esse equipamento", afirmou Chabriol a jornalistas brasileiros em um almoço ontem, no Rio. O executivo está na cidade para participar da maior feira de material bélico da América Latina, a LAADE, que será aberta oficialmente hoje no Riocentro.
O executivo da Dassault aposta nessa característica do projeto do Rafale - sucessor do Mirage - como uma importante vantagem na decisão do Ministério da Defesa brasileiro em relação aos caças. Diferentemente do Super Hornet e do Gripen, no caso francês os componentes e os softwares, que são na prática o coração do projeto, independem de uma liberação por parte dos governos aos quais os fornecedores estão ligados. No caso do caça sueco, por exemplo, as turbinas são de fabricação americana.
Outros componentes, mais sensíveis - como o radar AESA de múltipla funcionalidade - demandam também negociações. O radar do jato francês foi um dos primeiros desse tipo a entrar em funcionamento como informa Gérard Christmann, gerente da divisão aeroespacial da Thales, fabricante do equipamento.
Para Chabriol, outro ponto importante a favor do Rafale está no relacionamento especial desenvolvido pelos governos francês e brasileiro nesse caso específico. Ao contrário do modelo americano, no qual a participação do legislativo e de secretarias de governo é indispensável à aprovação da abertura de softwares e outras tecnologias, a Dassault entrou na concorrência tranquila.
"Quando apresentamos as nossas primeiras propostas, já tínhamos 100% de toda a transferência de tecnologia possível no projeto do jato autorizada pelo Executivo, a quem cabe esse tipo de deliberação", explica o vice-presidente da Dassault, lembrando que isso se dá também no âmbito de uma série de iniciativas que aproximaram bastante os dois países (como no caso do contrato fechado com a marinha brasileira para a construção de quatro submarinos convencionais Scorpene e mais o casco do submarino nuclear brasileiro). A questão da transferência de tecnologia também é abrangente, com possibilidades na área de defesa e na civil, como em nanotecnologia. Em uma apresentação recente na Fiesp, pelo menos 150 empresas brasileiras se mostraram dispostas a participar.
O executivo alinhou três pontos que acredita serem essenciais e a vantagem do Rafale na disputa: independência - já que o Brasil terá toda a tecnologia de que necessita para ter uma aeronave que lhe dê vantagem estratégica, um argumento geopolítico evitado pelos concorrentes - dissuasão - o jato vem sendo testado em situações de combate diversas no Afeganistão - e perenidade - projetos dessa natureza são para durar em torno de 40 anos e nesse caso a manutenção é um item crucial.
É possível, pela proposta francesa, que a um determinado momento o caça seja fabricado no Brasil. Um detalhe interessante chamou a atenção para o caça: tal qual o Super Hornet, o Rafale também equipa a marinha francesa. Mas ao contrário do avião americano e do jato sueco, que não podem ser utilizados no porta-aviões São Paulo, o Rafale pousa e decola tranquilamente do navio. E precisa apenas de duas pessoas e uma hora de trabalho para ter o motor retirado.
Fonte: Marcelo Ambrosio (Gazeta Mercantil)
"O Rafale é um projeto 100% francês, o que significa que todos os equipamentos embarcados no jato são produzidos por empresas do País. Isso é um componente importante sobretudo porque o comprador quer soberania com esse equipamento", afirmou Chabriol a jornalistas brasileiros em um almoço ontem, no Rio. O executivo está na cidade para participar da maior feira de material bélico da América Latina, a LAADE, que será aberta oficialmente hoje no Riocentro.
O executivo da Dassault aposta nessa característica do projeto do Rafale - sucessor do Mirage - como uma importante vantagem na decisão do Ministério da Defesa brasileiro em relação aos caças. Diferentemente do Super Hornet e do Gripen, no caso francês os componentes e os softwares, que são na prática o coração do projeto, independem de uma liberação por parte dos governos aos quais os fornecedores estão ligados. No caso do caça sueco, por exemplo, as turbinas são de fabricação americana.
Outros componentes, mais sensíveis - como o radar AESA de múltipla funcionalidade - demandam também negociações. O radar do jato francês foi um dos primeiros desse tipo a entrar em funcionamento como informa Gérard Christmann, gerente da divisão aeroespacial da Thales, fabricante do equipamento.
Para Chabriol, outro ponto importante a favor do Rafale está no relacionamento especial desenvolvido pelos governos francês e brasileiro nesse caso específico. Ao contrário do modelo americano, no qual a participação do legislativo e de secretarias de governo é indispensável à aprovação da abertura de softwares e outras tecnologias, a Dassault entrou na concorrência tranquila.
"Quando apresentamos as nossas primeiras propostas, já tínhamos 100% de toda a transferência de tecnologia possível no projeto do jato autorizada pelo Executivo, a quem cabe esse tipo de deliberação", explica o vice-presidente da Dassault, lembrando que isso se dá também no âmbito de uma série de iniciativas que aproximaram bastante os dois países (como no caso do contrato fechado com a marinha brasileira para a construção de quatro submarinos convencionais Scorpene e mais o casco do submarino nuclear brasileiro). A questão da transferência de tecnologia também é abrangente, com possibilidades na área de defesa e na civil, como em nanotecnologia. Em uma apresentação recente na Fiesp, pelo menos 150 empresas brasileiras se mostraram dispostas a participar.
O executivo alinhou três pontos que acredita serem essenciais e a vantagem do Rafale na disputa: independência - já que o Brasil terá toda a tecnologia de que necessita para ter uma aeronave que lhe dê vantagem estratégica, um argumento geopolítico evitado pelos concorrentes - dissuasão - o jato vem sendo testado em situações de combate diversas no Afeganistão - e perenidade - projetos dessa natureza são para durar em torno de 40 anos e nesse caso a manutenção é um item crucial.
É possível, pela proposta francesa, que a um determinado momento o caça seja fabricado no Brasil. Um detalhe interessante chamou a atenção para o caça: tal qual o Super Hornet, o Rafale também equipa a marinha francesa. Mas ao contrário do avião americano e do jato sueco, que não podem ser utilizados no porta-aviões São Paulo, o Rafale pousa e decola tranquilamente do navio. E precisa apenas de duas pessoas e uma hora de trabalho para ter o motor retirado.
Fonte: Marcelo Ambrosio (Gazeta Mercantil)
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