A missão lunar Apollo 13 podia ter acabado em tragédia, mas acabou por ser um dos mais heróicos episódios da história da exploração espacial. E celebrizou uma frase: “Houston, we have a problem...”.
A 13 de Abril de 1970, a colisão da Apollo 13 com um meteorito provocou a explosão dos tanques de oxigénio que garantiam o funcionamento do equipamento de manutenção de vida no módulo de comando da nave. Ao cabo de quase 56 horas no espaço, ficaram imediatamente comprometidas as condições de sobrevivência no interior do aparelho.A bordo seguiam os astronautas Jim Lovell, Jack Sweigert e Fred Haise, mas foi Thomas Kenneth Mattingly, um quarto elemento da tripulação – que não chegou a embarcar por motivo de doença –, quem evitou o pior.
Mattingly conhecia a fundo as especificidades técnicas da missão e acompanhou, na base, em Houston, as operações de salvamento dos colegas.
Perante os perigos associados ao incidente, Mattingly deu instruções precisas para que fossem transferidos para o módulo lunar, até que estivesse garantido o regresso à Terra no módulo de comando, com as mínimas condições de sobrevivência. Este é um facto pouco mencionado nas várias pesquisas sobre a história da Apollo 13, mas que, para Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), foi decisivo para o regresso seguro da missão à Terra.
O conhecido filme ”Apollo 13” é uma reconstituição muito fiel desses acontecimentos: “É interessante que a história acabou por correr bem, mas aquela equipa da NASA fez um esforço tremendo para salvar a missão e contou com a ajuda decisiva de Ken Mattingly”, afirma este especialista, que seguiu os acontecimentos ao ritmo que a divulgação da época permitia.
Em 1970, Agostinho era um jovem aspirante a astrónomo que vivia em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique. “Ia seguindo as notícias do que acontecia pelos jornais e pela rádio, enquanto o resto do mundo podia seguir tudo pela televisão”, recorda.
Os astronautas da Apollo 13 regressaram sãos e salvos a 17 de Abril de 1970, tendo sido resgatados no Oceano Pacífico pelo navio USS Iwo Jima.
Novas tecnologias: os riscos de sempre
Em quase 40 anos, a exploração espacial registou um enorme desenvolvimento tecnológico, mas há riscos que persistem.
Rui Agostinho lembra que “o aperfeiçoamento dos aparelhos colocados em órbita não significa que estejam mais protegidos dos objectos estranhos que circulam no espaço exterior. Os micrometeoritos e o lixo espacial abundam e situações como esta podem acontecer em qualquer altura. A nossa sorte é que, apesar de tudo, as naves que enviamos para o espaço são tão pequenas que basta esses objectos passarem dois ou três metros ao lado para não haver qualquer problema”. Ou seja, a probabilidade de ocorrerem situações graves “é baixa, mas tal não é impossível”, adverte o director do OAL.
Space Shuttle mudou mentalidade
A exploração do espaço está cheia de episódios mais ou menos marcantes que, de alguma maneira, contribuíram para o debate sobre as questões de segurança.
Rui Agostinho não considera, no entanto, que o incidente da Apollo 13 tenha sido o que mais contribuiu para uma maior cultura de segurança. Os acidentes do programa Space Shuttle (o mais recente foi a tragédia do vaivém Columbia, em Fevereiro de 2003), “esses sim, trouxeram mudanças importantes e levaram a que houvesse alterações de filosofias de trabalho e de segurança dentro da NASA”
Fonte: Rádio Renascença (Portugal)
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