O advogado de Érika Côrrea, 23 anos, Alexandre Pimentel, afirmou que não houve briga antes de Kléber Barbosa da Silva (foto), agredir a mulher com extintor de incêndio, levar a filha de 5 anos, roubar um avião e tentar jogá-lo sobre um shopping em Goiânia, na última quinta-feira. De acordo com o advogado, Érika acredita que o marido já tinha planejado o suicídio por conta da acusação de estupro de uma menina de 13 anos . Ele havia sido reconhecido pela menina na própria quinta. Ele tem passagem pela polícia por outros quatro crimes. Seu prontuário de motorista mostra 20 multas por excesso de velocidade, num total de R$ 2.140.
O advogado afirmou que o casal voltava de uma viagem a Caldas Novas, em Goiás, e resolveu continuar até Anápolis, retornando em seguida a Goiânia. No trajeto, agrediu a mulher. Esta versão difere da contata anteriormente por parentes. Na versão inicial, ele teria saído do apartamento do casal, em Goiânia, dizendo que fariam um passeio até Anápolis.
- Não houve discussão alguma. Foi uma coisa repentina - diz o advogado de Érika.
Érika deve prestar depoimento nesta terça-feira. A polícia acredita que ela poderá detalhar as razões do crime. Kléber e a filha Penélope morreram. Por milagre, ninguém se feriu na queda do avião do estacionamento do shopping. Cerca de 10 mil pessoas estavam no local.
O Ministério Pùblico abriu inquérito civil público para investigar os procedimentos de segurança adotados pela Aeronáutica.
O procurador Raphael Perissé afirmou que um obstáculo impediu que Kléber consumasse seu plano, o de jogar a aeronave sobre o shopping. Durante o voo ele falou com um tio da mulher, que é policial, e disse que faria algo ainda pior. "Ele queria se suicidar em grande estilo" disse o promotor.
No Aeroclube de Luziânia, no entorno de Brasília, Kléber ninguém desconfiou de nada. Ele afirmou que queria fazer um voo panorâmico com a filha.
- Ele estava até brincando muito com a filha, ao lado da aeronave. Estava até bastante alegre. Não daria para saber que ele ia fazer esse troço. Ela estava rindo e pulando no colo dele - conta Antônio Pereira dos Anjos, mecânico de aviação.
Kleber queria voar em um monomotor e saber tudo sobre o Tupi, um avião que voa a 200 km/h.
- Ele perguntou se estava o tanque estava cheio e sobre a autonomia de voo. Ele foi bastante esperto - diz José Luiz de Sousa Filha, instrutor de voo.
Kleber perguntou até mesmo como se faz a troca de combustível de um tanque para outro.
- Você voa uma hora, troca para outro tanque. Voa mais duas horas e troca para outro tanque. É para balancear o peso do avião - explica Omar do Espírito Santo, vice-presidente do aeroclube.
Já a bordo do avião Tupi, com a filha, Kleber rendeu o instrutor na cabeceira da pista.
- Ele gritou comigo, segurou a minha mão e colocou alguma coisa no meu pescoço que, para mim, no momento, eu pensei que fosse uma arma - lembra José Luiz.
O comandante Volney Dutra, que está acostumado a viajar em aviões pequenos na região de Goiás, afirmou que Kléber tinha um conhecimento mínimo de aviação. Ele não tinha brevê.
- Uma pessoa sem conhecimento não daria conta de decolar um monomotor desses. Ele deve ter rendido o instrutor quando ele viu que a aeronave estava pronta para decolar. Pronta para decolagem, ele precisa apenas direcionar a aeronave na pista e acionar o motor na mão - diz o comandante Volney.
Depois que o avião ganhou certa altitude, Kleber teve que adotar um outro procedimento de certa complexidade. Apontar para a direção certa, apontar para a proa de Goiânia. E fazer isso, visualmente de cima, não parece ser muito fácil.
- A pessoa tem que conhecer muito bem e ter uma noção básica de navegação aérea para seguir estrada, seguir visual - complementa o comandante.
Um Mirage da Força Aérea Brasileira saiu da base de Anápolis para localizar o monomotor. O radar do Mirrage indicou a posição exata do Tupi, depois foi sobrevoar Brasília. Em seguida, a Aeronáutica mandou um Tucano, também da base de Anápolis, para seguir o Tupi. O Tucano posicionou-se mais atrás e um pouco mais alto, em uma operação chamada de acompanhamento discreto à distância. Os pilotos tentaram contato por rádio e não conseguiram.
O Ministério Público quer saber se o Mirage foi orientado apenas a proteger Brasília, deixando Goiânia em segundo plano.
Em Goiânia, Kleber passou raspando por um prédio por três vezes e começou a fazer uma série de rasantes arriscados sobre a cidade, principalmente sobre o bairro onde ele morava com a mulher e com a filha.
Um vizinho fez imagens pelo celular. O avião passa muito perto do prédio onde ele morava.
Um helicóptero da Polícia Militar de Goiás passou a seguir o Tupi. Um dos tios de Érika, Adão da Mota Correia, que por coincidência é sargento da PM, estava no helicóptero e conseguiu falar com Kleber pelo celular.
- Eu falei assim: 'Cadê a criança?' Ele falou: 'A criancinha está comigo aqui, vou fazer uma besteira'. E aí desligou o celular - conta o sargento.
O delegado Jorge Moreira diz que Kléber é um maníaco. Para o delegado Manoel Borges, que investiga o caso, ele era psicopata.
- Ele é emocionalmente perturbado. Há histórico de que ele alimentava ideias suicidas - diz Borges.
Maria Luísa Nunes Nicola, vizinha de Kleber no bairro onde ele passou a infância e a adolescência, diz que ele tinha ideias suicidas.
- Sempre falava que queria morrer em um avião. Então, nas últimas semanas que ele esteve com a minha filha, falou: 'Você vai muito ouvir falar de mim ainda, quando eu morrer você vai ouvir muito falar de mim - afirma Maria Luísa.
Ela conta ainda que ele elogiou os terroristas do atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
- Ele achou muito bonito. Só que ele achou bonito, não pelas outras vidas, mas pelo piloto, que teve a coragem. Ele falou assim, tipo engraçado, 'Que cara corajoso!' - relembra a vizinha.
Telma Nunes Nicola, amiga de infância de Kléber, diz que ele adorava aviões e bombas.
- Teve uma época que ele começou a fazer bombas caseiras. Aquele fixação por tudo que era perigoso, ele gostava - diz Telma.
Funcionários da locadora do bairro, que não quiseram se identificar, dizem que os filmes preferidos dele eram os da série "Faces da morte", que mostram imagens violentas e acidentes aéreos de todos os tipos.
A polícia de Goiás pediu exames toxicológicos do corpo de Kleber.
Fonte: O Globo - Foto de família/Reprodução
O advogado afirmou que o casal voltava de uma viagem a Caldas Novas, em Goiás, e resolveu continuar até Anápolis, retornando em seguida a Goiânia. No trajeto, agrediu a mulher. Esta versão difere da contata anteriormente por parentes. Na versão inicial, ele teria saído do apartamento do casal, em Goiânia, dizendo que fariam um passeio até Anápolis.
- Não houve discussão alguma. Foi uma coisa repentina - diz o advogado de Érika.
Érika deve prestar depoimento nesta terça-feira. A polícia acredita que ela poderá detalhar as razões do crime. Kléber e a filha Penélope morreram. Por milagre, ninguém se feriu na queda do avião do estacionamento do shopping. Cerca de 10 mil pessoas estavam no local.
O Ministério Pùblico abriu inquérito civil público para investigar os procedimentos de segurança adotados pela Aeronáutica.
O procurador Raphael Perissé afirmou que um obstáculo impediu que Kléber consumasse seu plano, o de jogar a aeronave sobre o shopping. Durante o voo ele falou com um tio da mulher, que é policial, e disse que faria algo ainda pior. "Ele queria se suicidar em grande estilo" disse o promotor.
No Aeroclube de Luziânia, no entorno de Brasília, Kléber ninguém desconfiou de nada. Ele afirmou que queria fazer um voo panorâmico com a filha.
- Ele estava até brincando muito com a filha, ao lado da aeronave. Estava até bastante alegre. Não daria para saber que ele ia fazer esse troço. Ela estava rindo e pulando no colo dele - conta Antônio Pereira dos Anjos, mecânico de aviação.
Kleber queria voar em um monomotor e saber tudo sobre o Tupi, um avião que voa a 200 km/h.
- Ele perguntou se estava o tanque estava cheio e sobre a autonomia de voo. Ele foi bastante esperto - diz José Luiz de Sousa Filha, instrutor de voo.
Kleber perguntou até mesmo como se faz a troca de combustível de um tanque para outro.
- Você voa uma hora, troca para outro tanque. Voa mais duas horas e troca para outro tanque. É para balancear o peso do avião - explica Omar do Espírito Santo, vice-presidente do aeroclube.
Já a bordo do avião Tupi, com a filha, Kleber rendeu o instrutor na cabeceira da pista.
- Ele gritou comigo, segurou a minha mão e colocou alguma coisa no meu pescoço que, para mim, no momento, eu pensei que fosse uma arma - lembra José Luiz.
O comandante Volney Dutra, que está acostumado a viajar em aviões pequenos na região de Goiás, afirmou que Kléber tinha um conhecimento mínimo de aviação. Ele não tinha brevê.
- Uma pessoa sem conhecimento não daria conta de decolar um monomotor desses. Ele deve ter rendido o instrutor quando ele viu que a aeronave estava pronta para decolar. Pronta para decolagem, ele precisa apenas direcionar a aeronave na pista e acionar o motor na mão - diz o comandante Volney.
Depois que o avião ganhou certa altitude, Kleber teve que adotar um outro procedimento de certa complexidade. Apontar para a direção certa, apontar para a proa de Goiânia. E fazer isso, visualmente de cima, não parece ser muito fácil.
- A pessoa tem que conhecer muito bem e ter uma noção básica de navegação aérea para seguir estrada, seguir visual - complementa o comandante.
Um Mirage da Força Aérea Brasileira saiu da base de Anápolis para localizar o monomotor. O radar do Mirrage indicou a posição exata do Tupi, depois foi sobrevoar Brasília. Em seguida, a Aeronáutica mandou um Tucano, também da base de Anápolis, para seguir o Tupi. O Tucano posicionou-se mais atrás e um pouco mais alto, em uma operação chamada de acompanhamento discreto à distância. Os pilotos tentaram contato por rádio e não conseguiram.
O Ministério Público quer saber se o Mirage foi orientado apenas a proteger Brasília, deixando Goiânia em segundo plano.
Em Goiânia, Kleber passou raspando por um prédio por três vezes e começou a fazer uma série de rasantes arriscados sobre a cidade, principalmente sobre o bairro onde ele morava com a mulher e com a filha.
Um vizinho fez imagens pelo celular. O avião passa muito perto do prédio onde ele morava.
Um helicóptero da Polícia Militar de Goiás passou a seguir o Tupi. Um dos tios de Érika, Adão da Mota Correia, que por coincidência é sargento da PM, estava no helicóptero e conseguiu falar com Kleber pelo celular.
- Eu falei assim: 'Cadê a criança?' Ele falou: 'A criancinha está comigo aqui, vou fazer uma besteira'. E aí desligou o celular - conta o sargento.
O delegado Jorge Moreira diz que Kléber é um maníaco. Para o delegado Manoel Borges, que investiga o caso, ele era psicopata.
- Ele é emocionalmente perturbado. Há histórico de que ele alimentava ideias suicidas - diz Borges.
Maria Luísa Nunes Nicola, vizinha de Kleber no bairro onde ele passou a infância e a adolescência, diz que ele tinha ideias suicidas.
- Sempre falava que queria morrer em um avião. Então, nas últimas semanas que ele esteve com a minha filha, falou: 'Você vai muito ouvir falar de mim ainda, quando eu morrer você vai ouvir muito falar de mim - afirma Maria Luísa.
Ela conta ainda que ele elogiou os terroristas do atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
- Ele achou muito bonito. Só que ele achou bonito, não pelas outras vidas, mas pelo piloto, que teve a coragem. Ele falou assim, tipo engraçado, 'Que cara corajoso!' - relembra a vizinha.
Telma Nunes Nicola, amiga de infância de Kléber, diz que ele adorava aviões e bombas.
- Teve uma época que ele começou a fazer bombas caseiras. Aquele fixação por tudo que era perigoso, ele gostava - diz Telma.
Funcionários da locadora do bairro, que não quiseram se identificar, dizem que os filmes preferidos dele eram os da série "Faces da morte", que mostram imagens violentas e acidentes aéreos de todos os tipos.
A polícia de Goiás pediu exames toxicológicos do corpo de Kleber.
Fonte: O Globo - Foto de família/Reprodução
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