terça-feira, 29 de abril de 2008

Brasileiros voltam às origens em porta-aviões americano

Com dupla cidadania, eles chegaram ao Rio em missão pela Marinha americana.

Nas horas vagas, eles curtem academia, filmes e partidas de futebol em alto mar.


Felipe, Cynthia e Lucimar no hangar de manutenção do George Washington

Tão longe e tão perto de casa. Assim se sentem três brasileiros que voltaram às origens, na semana passada, a serviço da Marinha americana. Cynthia, Felipe e Lucimar vivem nos EUA e têm dupla cidadania. Mas hoje chamam de lar o George Washington, maior porta-aviões do mundo, que chegou ao Rio para a Unitas 49, missão multinacional entre Brasil, EUA e Argentina.

“É muito interessante viver num navio. Nenhum dia é como o outro”, conta a controladora de vôo Cynthia Cavendagne, de 21 anos, há um ano e cinco meses na Marinha. Filha de brasileiros, ela nasceu em Miami, onde aprendeu o português. A prática veio das viagens anuais ao Rio.

“Sou jovem, solteira e sem filhos. Era uma maneira de ver o mundo”, explica ela, que vai atracar no Japão em agosto, onde deve ficar por cerca de um ano. Além dela, nove brasileiros estão à bordo, mas só outros dois ainda falam a língua nativa.

Volta ao mundo

O sonho de Cynthia já é uma realidade para o sargento Lucimar dos Santos, de 29 anos. Há dez na Marinha, já conheceu, além do Japão, países como Singapura, Austrália, Coréia, Tailândia e cidades como Hong Kong, na China, e Dubai, nos Emirados Árabes.

“Fui para os EUA com meu pai, em 1994. Essa é a primeira vez que volto ao Brasil. Está sendo ótimo”, diz ele, que tinha o sonho de trabalhar nas forças armadas desde menino, quando ainda vivia em Santo André, em São Paulo. Hoje ele é o único brasileiro no time de futebol do George Washington.

No refeitório, opções diferencidas de comida e refrigerantes

Orientador de aviões

A ida de Felipe Rocha, de 21 anos para os EUA não foi das mais felizes. Ele tinha 9 anos quando a mãe, com quem morava em Belo Horizonte, morreu e ele foi morar com o pai na Flórida. Mas a volta às raízes foi uma alegria só.

“Quando cheguei aqui, achei que estava em casa. Só quando tive que voltar para o navio caiu a ficha que era só trabalho”, lembra ele, que tem como função orientar os aviões em pousos e decolagens no navio.

Disciplina

Apesar da rotina que pode chegar a 14 horas de trabalho por dia, eles curtem a estada em alto mar. Além de três academias de ginástica, exibição de filmes e um cantinho para chamar de seu nos dormitórios, eles têm até loja de souvenirs.

Mas há também muita disciplina. Quando têm autorização para deixar o navio, há hora marcada para o retorno. Se o passeio for noturno, há junto com o grupo um responsável para garantir que ninguém vá beber demais ou se exceder na noitada.

Fonte: G1 - Foto: Alícia Uchôa (G1)

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