Qual a chance de um dejeto espacial atingir um prédio, ou uma pessoa, aqui na Terra?
Esta semana, uma bola de metal, com um metro de diâmetro, caiu pertinho de uma casa em Goiás. Veio do espaço e faz parte do chamado lixo espacial. Tem de tudo vagando lá em cima, até máquina fotográfica jogada fora por astronauta. Mas qual a chance de um dejeto espacial atingir um prédio, ou uma pessoa, aqui na Terra?
Esta semana, uma bola de metal, com um metro de diâmetro, caiu pertinho de uma casa em Goiás. Veio do espaço e faz parte do chamado lixo espacial. Tem de tudo vagando lá em cima, até máquina fotográfica jogada fora por astronauta. Mas qual a chance de um dejeto espacial atingir um prédio, ou uma pessoa, aqui na Terra?
Este é o nosso planeta como a gente pensa que é: um belo ponto azul girando no espaço infinito. Mas essa é a Terra como ela realmente é: recoberta por uma grossa camada de objetos feitos pelo homem. Milhares de satélites e também muito lixo - quase dez mil fragmentos. Um ferro-velho no espaço!
De vez em quando, uma dessas peças abandonadas desaba do céu. O objeto mais recente do lixo espacial a despencar na Terra é uma esfera que caiu perto do município de Montividiu, no interior de Goiás. Caiu a 150 metros de uma casa.
"Podia ter caído em cima da casa. Se caísse lá, faria um dano danado”, diz o produtor rural Jarbas Gomes.
Em um primeiro momento, um objeto brilhante, meio diferente - as pessoas ficaram preocupadas, acharam que pudesse ser venenoso, radioativo.
"Medo de ser radioativo, por causa do césio 137. A gente tem até medo de mexer", confessa a dona-de-casa Vanilce Queiroz.
Mas os técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foram ao local e tranqüilizaram a população. “À medida que nos aproximamos do local, nós vamos vendo se existe atividade radioativa ou não desse objeto”, explica o técnico do CNEN Rugles Barbosa.
O aparelho não detectou nada. O objeto não era radioativo e foi transportado até a sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear, perto de Goiânia. No início, muitos cuidados, por causa de uma poeira que o material soltava. Mas um especialista em satélites, enviado de São Paulo, explicou que era coisa simples.
“Tem todas as indicações de que seja algo relacionado a tanque de combustível, por exemplo, de um artefato espacial. A casca metálica é de titânio e o reforço externo é de fibra de carbono. Isso é muito comum em satélites", afirma José Nivaldo Hinckel, tecnologista de propulsão de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
“O fato de o metal ter derretido localmente é indicação clara que isso tenha sido submetido a uma temperatura muito elevada e a temperatura provavelmente causada pelo atrito com a atmosfera durante e reentrada. Essa é uma indicação bem clara de que isso tem origem espacial", completa.
Como tem origem espacial, outro objeto que despencou em uma região isolada de Mato Grosso do Sul, em 2001.
“Eu peguei a bola, levantei para o rapaz tirar foto e balancei um pouco. Tinha um líquido dentro", conta o funcionário da fazenda Eduardo Jorge Correa.
Na área hoje existe uma pousada. O lixo espacial, agora brilhando de limpo, virou atração.
“Um objeto desses caindo na nossa propriedade aqui, você vê que fazemos parte de uma coisa que não vai deixar de ser histórica ", diz Paulenir Nogueira de Barros, dono da pousada.
Existe uma chance real de um fragmento de lixo espacial fazer estrago na Terra, não é?
"Com certeza, a providência mais conveniente seria a de mandar mísseis e destruir, reduzindo a pó, todos os satélites já em desuso. Mas são milhares, então isto se tornaria economicamente inviável", observa o astrônomo da USP Roberto Boczko.
O astrônomo explica que o maior perigo está lá no alto, para os astronautas que navegam em meio a um monte de lixo. Por exemplo: uma luva, perdida pelo astronauta Ed White, em 65, em uma caminhada espacial.
"Uma luva andando a quarenta mil quilômetros por hora lá no espaço, se bater em uma estação espacial, fura. Eu não dormiria tranqüilo", diz Boczko.
O lixo espacial que cai na Terra geralmente está em altitudes baixas, cerca de quinhentos quilômetros. Nessa região ainda resta alguma atmosfera, que aos poucos vai "segurando" o satélite. Até que um dia ele cai. Muitos queimam quando se aproximam da Terra. Mas outros...
"Às vezes, um tamanho maior acaba conseguindo atravessar a atmosfera inteiro. Imagine um fragmento desses extremamente aquecido caindo em um depósito de combustível. Pode causar uma tragédia razoavelmente grande", avalia o astrônomo.
Como os oceanos ocupam 75% da Terra, a chance é de 75% de o lixo espacial cair no mar. Quanto aos outros 25%...
"A probabilidade de cair aqui na Terra um que cause algum estrago é pequena, mas existe e não pode ser descartada”, alerta Boczko.
Fonte: Fantástico - Edição de 30/03/08 (TV Globo)
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