O novo aeroporto de Lisboa servirá o tráfego doméstico e internacional e terá capacidade para processar 44 milhões de passageiros, no final do contrato de concessão, em 2050. Terá um custo total de 3300 milhões. Está tudo no plano director, ontem apresentado pela Naer.
A Naer apresentou ontem a versão final do plano director do novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete, mantendo a previsão de um investimento de 3.300 milhões de euros. O documento baseia-se no pressuposto de que o actual aeroporto da Portela será encerrado, passando Alcochete a funcionar como único aeroporto internacional e doméstico de Lisboa.
Carlos Madeira, presidente da Naer, a entidade responsável pelo dossier do novo aeroporto, disse ontem que o concurso de privatização da ANA, que decorrerá a par com o concurso para a construção do aeroporto, aguarda apenas a luz verde do Governo para avançar, explicando que este processo pode correr em paralelo com o estudo de impacto ambiental, que deverá estar concluído no final de 2009.
Entre os candidatos já anunciados à privatização da ANA e construção do novo aeroporto estão o consórcio Asterion, que reúne a Brisa, Mota-Engil, CGD, BCP, BES, MSF e Lena Construções, e o consórcio que junta a Teixeira Duarte com os espanhóis da Ferrovial. A espanhola Abertis e a portuguesa Semapa também já admitiram poder vir a concorrer.
O novo aeroporto de Lisboa, com abertura prevista para 2017 e a concessão de exploração prolongar-se-á por 33 anos, até 2050. Para além das pistas e infra-estruturas de apoios, o projecto incluirá a construção do terminal, das redes de acesso rodoviárias e ferroviárias e ainda a criação de um pipeline para abastecimento de combustíveis.
O plano director baseia-se em previsões de tráfego que indicam que, em 2050, o novo aeroporto de Lisboa processará cerca de 44 milhões de passageiros e 288,5 mil aterragens e descolagens de aviões comerciais, quase duplicando a capacidade prevista de 22 milhões de passageiros no dia de abertura. Para o período em estudo (entre 2022 e 2050) estão previstas taxas de crescimento médio anual de 2,5% para os passageiros e de 1,4% para os movimentos de aeronaves de passageiros, refere o documento.
O aeroporto terá duas pistas paralelas, afastadas entre si 2.180 metros, existindo ainda a possibilidade de, em área de reserva e para além do horizonte de projecto, duas outras pistas paralelas. O sistema de pistas e a infra-estrutura aeroportuária foram projectados para suportar operações simultâneas em modo misto, com uma capacidade estimada em 90 a 95 movimentos em hora de ponta.
O terminal de passageiros foi concebido de forma a funcionar com um único processador central, por onde passará tráfego não-Schengen, internacional e Schengen. Foi concebido para acomodar as operações de hubbing da TAP entre a Europa e a América do Norte, América do Sul e África.
O plano director refere que o terminal possibilitará tempos de ligação curtos para as transferências, em consequência da criação de uma elevada percentagem de posições de estacionamento das aeronaves em contacto, da minimização das distâncias entre os piers e da adopção de um sistema de desembarque e transferência rápida de bagagem.
As instalações de carga, incluindo uma placa de carga dedicada, permitirão processar 405.300 toneladas de carga em 2050 e fornecerão apoio dedicado a serviços de carga aérea, carga aérea expresso e correio. As instalações dos transitários, dos principais agentes de handling de carga e as instalações de quarentena ficarão na proximidade das instalações de carga, de modo a permitir um acesso fácil e eficaz. Estão também anunciadas instalações para a aviação geral, militar e helicópteros. Está prevista capacidade para realização de acções de manutenção de base e de linha em aeronaves, para apoio à frota da TAP bem como para operações de manutenção adicional de terceiros ou outras companhias.
O novo aeroporto disporá de um serviço ferroviário convencional, de um serviço tipo vaivém e de um serviço ferroviário de alta velocidade (TGV) directo ao terminal e de acessos rodoviários, com e sem portagem, Nos estudos da Naer 70% dos passageiros do novo aeroporto utilizarão a rede rodoviária, 30% a ferroviária, (dos quais 20% o shuttle que ligará o terminal à Gare do Oriente) e os restantes 10% a rede convencional. O TGV será usado por menos de 5% dos passageiros. O aeroporto representará uma importante plataforma intermodal da área. Foi disponibilizada uma área para desenvolvimento imobiliário, incluindo parques comerciais, com cerca de 72,5 hectares.
Fonte: Oje (Portugal)