domingo, 13 de junho de 2021

Planador, guerras, logotipo: veja 10 curiosidades sobre a Embraer

Aviões com controles eletrônicos, planador, maior pista das Américas, participações em guerra... conheça algumas curiosidades sobre a Embraer e seus aviões.

Nome que mexe com as emoções dos entusiastas brasileiros mais aficionados, a Embraer tem uma história repleta de fatos marcantes e detalhes inusitados, alguns deles quase desconhecidos ou pouco notados.

Você sabia, por exemplo, que a empresa brasileira é dona da maior pista de pouso das Américas ou, então, que seu logotipo esconde um segredo? Já ouviu falar das participações dos aviões da Embraer em guerras ou que ela teve uma fábrica na China?

Conheça abaixo mais sobre essas e outras curiosidades.

Embraer produziu um planador


Urupema, da Embraer (Foto: Divulgação)
O primeiro produto a sair da linha de produção da Embraer em São José dos Campos (SP) não foi um avião, mas sim um planador. Em janeiro de 1971, a então recém-criada fabricante iniciou as entregas dos planadores EMB 400 Urupema --os primeiros aviões da empresa, o Ipanema e o Bandeirante, chegaram ao mercado somente em 1973.

O Urupema foi projetado por alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A produção do modelo, no entanto, só aconteceu com a ajuda da Embraer, que se prontificou a construir o planador. Em contrapartida, o ITA liberou três professores para trabalhar na fabricante.

A Embraer não lucrou com o planador, mas ganhou muita experiência com a contratação dos professores do ITA, sobretudo Guido Pessotti, que nos anos seguintes liderou projetos de aeronaves como o Brasilia, Tucano, AMX e o jato regional ERJ. A empresa fabricou 10 exemplares do Urupema, encomendados pelo Ministério da Aeronáutica e distribuídos a aeroclubes do Brasil.

A maior pista das Américas é da Embraer


Avião na pista da Embraer em Gavião Peixoto (SP) (Foto: Divulgação)
A sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP) é a casa da maior de pista de pouso da Américas e de todo o Hemisfério Sul, com 4.967 metros de comprimento. É o quinto maior aeródromo do mundo, atrás apenas das pistas do aeroporto de Qamdo Bangda, na China, com 5.500 m, do aeroporto Ramenskoye, com 5.403 m, e do aeroporto Ulyanovsk Vostochny, com 5.000 m, ambos na Rússia.

A pista é de uso exclusivo da Embraer e serve em testes de voo para desenvolvimento e certificação de aeronaves. A unidade em Gavião Peixoto também abriga linhas de produção de aviões militares (Super Tucano e C-390 Millennium) e jatos executivos, entre outras atividades.

No passado, a pista de Gavião Peixoto era listada como um dos locais ao redor do mundo aptos para receber pousos de emergência do Ônibus Espacial da Nasa.

Embraer-Piper


Avião da Embraer Carioca (Foto: Divulgação)
Nos anos 1970, o Brasil ocupava o primeiro lugar no hemisfério sul entre os países que mais importavam aviões leves, como pequenos monomotores ou bimotores de até dez lugares. Para atender a essa demanda, a Embraer formou uma parceria com a fabricante norte-americana Piper Aircraft para produzir algumas de suas aeronaves sob licença.

De 1975 até o ano 2000, a Embraer produziu 2.326 aviões (de oito modelos diferentes) da linha Piper no Brasil. Uma curiosidade à parte eram os nomes que essas aeronaves ganharam no Brasil, mais adaptados ao mercado local, tais como Carioca, Sertanejo, Minuado e Tupi.

Aviões da Embraer já participaram de guerras


Avião Super Tucano da Embraer (Foto: Divulgação)
O “batismo de fogo” da Embraer aconteceu durante a Guerra das Malvinas (Falkland), entre a Argentina e o Reino Unido, em 1982. Na época, a marinha da Argentina alugou dois aviões de patrulha naval P-95 Bandeirulha da Força Aérea Brasileira (FAB). As aeronaves voaram em missões de vigilância marítima e não se envolveram em combates diretos. Após o conflito, os aviões foram devolvidos à FAB.

Outros aviões militares fabricados pela Embraer participaram de guerras e conflitos isolados nas últimas décadas. A força aérea da Colômbia, por exemplo, já utilizou seus Super Tucanos em bombardeios contra as FARC. No Afeganistão, a aeronave brasileira é usada frequentemente em ataques contra posições dos grupos terroristas Taleban e Al Qaeda.

Nações da África, América Central e do Sul também empregaram o Super Tucano (e o Tucano) em ações de combate. Houve até o caso de um “Tucano rebelde” na Venezuela, tomado por militares a favor de Hugo Chávez e usado em ataques contra prédios do governo em Caracas, em 1992. No Brasil, uma das tarefas da aeronave é interceptar aeronaves do narcotráfico.

No currículo militar da Embraer consta ainda as ações militares do AMX, caça-bombardeiro desenvolvido em parceria com fabricantes italianas. O jato, a serviço da Força Aérea da Itália, participou de intervenções militares no Afeganistão, Líbia e Kosovo.

Aviões com comandos eletrônicos


Sistema Fly by Wire da Embraer (Foto: Divulgação)
Um dos principais diferenciais dos jatos comerciais da Embraer é o sistema de controle de voo computadorizado, o Fly-by-wire (FBW). Isso quer dizer que as superfícies de controle dos aviões são acionadas por atuadores elétricos. Aeronaves de passageiros de concepção mais antiga, como o Boeing 737 MAX, usam comandos mecânicos por cabos.

O FBW é muito comum em jatos de combate, pois oferece maior automação e alivia o peso total da aeronave, que fica livre dos complexos sistemas com cabos. Mais leve, o avião consome menos combustível e pode voar por maiores distâncias (ou transportar cargas mais pesadas), o que torna o sistema interessante para o uso comercial.

O primeiro avião da Embraer equipado com FBW foi o caça-bombardeiro AMX, desenvolvido na década de 1980. O equipamento também foi incorporado nos jatos comerciais E-Jets (de primeira e segunda geração), nos jatos executivos Legacy 450/500 e Praetor 500/600, e ao cargueiro militar C-390 Millennium.

Embraer tem fábricas em Portugal e nos EUA


Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) (Foto: Divulgação)
Além das fábricas no Brasil, todas no Estado de São Paulo (em Botucatu, Gavião Peixoto e São José dos Campos), a Embraer possui mais duas unidades de produção no exterior: uma nos Estados Unidos e outra em Portugal.

A planta da Embraer nos EUA, localizada em Melbourne, Flórida, finaliza jatos executivos das famílias Phenom e Praetor. Funcionando desde 2011, a instalação é importante para manter a divisão de aviação executiva mais próxima do mercado americano, o maior do mundo e onde a empresa brasileira tem mais clientes nesse setor.

Do outro lado do Atlântico, a Embraer tem endereço em Évora, cidade histórica de Portugal. A unidade foi inaugurada em 2012 e hoje é parte vital da cadeia produtiva da empresa. A fábrica produz diversos componentes para os E-Jets, C-390 e os jatos executivos Legacy e Praetor.

A Embraer também é a controladora das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), companhia aeronáutica de Portugal, baseada em Alverca. A empresa fundada em 1918 é um nome forte no setor de manutenção, principalmente de aviões militares. Outro negócio da OGMA é a produção de estruturas e componentes para aeronaves de diversas fabricantes. Alguns de seus clientes são Airbus, Pilatus, Dassault e, claro, a Embraer.

Embraer produziu aviões na China


A Embraer já produziu o jatos Legacy 650 e o ERJ-145 na China (Foto: Divulgação)
Antes de montar fábricas nos EUA e em Portugal, a Embraer tentou a sorte na China. Em 2003, a companhia brasileira formou uma joint venture com a fabricante estatal chinesa AVIC. A parceria rendeu a construção de uma segunda linha de montagem para os jatos da série ERJ e sua variante executiva, o Legacy 650, em Harbin.

O negócio com os chineses, no entanto, acabou desfeito em 2016. No tempo em que esteve na China, a Embraer produziu cerca de 40 jatos ERJ 145 e seis Legacy 650.

Mensagem "secreta" no logotipo


Logotipo da Embraer (Imagem: Divulgação)
O logotipo da Embraer, que parece um pequeno avião, na verdade esconde um significado mais profundo: o símbolo é inspirado na sombra que as caudas das aeronaves projetam no chão

A logomarca da Embraer foi criada por ocasião da sua fundação, em 1969, pelo pintor espanhol José Maria Ramis Melquizo. Com o passar dos anos, a marca foi renovada, mas manteve sua essência original (e seu “segredo”).

Best-seller executivo


Phenom 300, da Embraer (Foto: Divulgação)
O Phenom 300 é atualmente um dos principais produtos da Embraer. Neste ano, o avião executivo apareceu pela nona vez consecutiva na primeira colocação do ranking dos jatos leves mais vendidos do mundo, segundo a General Aviation Manufacturers Association (GAMA).

Outro feito notável alcançado pelo Phenom 300 neste ano foi a marca de 600 unidades entregues. O jato leve da Embraer, para até 10 ocupantes, estreou no mercado em 2009 e rapidamente se tornou uma das referências no segmento de acesso da aviação executiva.

Os "tentáculos" da Embraer


eVTOL da Embraer (Foto: Divulgação)
A Embraer não vive apenas de fabricar e vender aviões. A companhia possui um variado leque de subsidiárias, como a Atech, fornecedora de sistemas eletrônicos e softwares para diversas aplicações, e a Visiona, que desenvolve de satélites. A lista ainda inclui a Bradar, fabricante de radares, e a ELEB, que produz conjuntos de trens de pouso e outros itens para aviões da Embraer.

O empreendimento mais recentes da Embraer é a Eve Urban Air Mobility. A empresa é dedicada ao desenvolvimento dos “carros voadores”, os eVTOL (veículos elétricos de pouso e decolagem vertical, na sigla inglês). A entrega dos primeiros veículos é programada para 2026, para clientes nos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil.

Por Thiago Vinholes, colaboração para o CNN Brasil Business

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