Cinco mil dólares. Esse é o valor médio que um piloto recebe para atravessar a fronteira e lançar entorpecentes em Mato Grosso. As drogas, oriundas principalmente da Bolívia, são arremessadas em fazendas e transportadas via caminhões para o Sul e Sudeste do país. Por causa dessa demanda, ocorrem assaltos a aeronaves de pequeno porte localizadas em municípios da região de fronteira. Outro dado interessante é que o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, é, segundo estimativas da Polícia Federal, o 5º do país onde mais se encontram drogas.
Os traficantes internacionais contratam pilotos com experiência, que tenham no mínimo 400 horas de voo. Na maioria das vezes, o avião pertence ao próprio dono da droga, que assalta pilotos ou empresas aéreas que atuam no Estado.
"Há 15 anos, os aviões com drogas oriundas da Colômbia eram pilotados por ex-militares da Força Aérea daquele país", diz um piloto que não quer ser identificado e tem mais de 14 anos de experiência em aviões de pequeno porte.
O sistema de arremesso de drogas foi descoberto em, pelo menos, duas grandes operações deflagradas pela Polícia Federal este ano. Tanto na "Maranello" quanto na "Campos do Norte", monomotores eram usados para a desova dos entorpecentes. "Os pilotos são muito bons, rápidos e voam em baixa altitude", lembrou o delegado da PF, Alexandre Custódio Neto.
Segundo o piloto ouvido pela reportagem, para fazer o arremesso, os profissionais contratados pelo tráfico reduzem a velocidade do avião a 80 nós e usam a configuração de pouso, assim podem abrir a porta da aeronave e lançar os entorpecentes. A desova da droga pode ser feita em uma clareira na mata de 50 metros. "Esse é o mesmo modo que os pilotos faziam nos garimpos para arremessar botijões de gás no acampamento", compara.
Atualmente, as aeronaves não ficam mais de 40 minutos em espaço aéreo brasileiro. Elas vêm a uma velocidade de 170 a 180 nós (o que corresponde a aproximadamente 300 km por hora). Geralmente, saem à noite da Bolívia (por volta das 22h ou 23h) e têm autonomia de voo para 8 ou 9 horas.
Estratégias
O modo de operação dos voos sofreu transformações. Antes, a região Oeste de Mato Grosso era o ponto de abastecimento das aeronaves, já que o objetivo era levar a droga para as regiões Sul e Sudeste do país. Hoje, com a mudança na cobertura aérea brasileira, como a "Lei de Abate", por exemplo, os pilotos não pousam, apenas lançam a droga.
De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Oslain Santana, as aeronaves que transportavam as drogas, quando identificadas, tinham os pilotos presos em terra. Entretanto, a partir do ano 2000, com a pressão no espaço aéreo brasileiro, as drogas começaram a ser arremessadas.
A última apreensão de drogas arremessadas em Mato Grosso foi feita no dia 16 deste mês em Glória D"Oeste (312 km ao sul de Cuiabá). Foram cerca de 65 quilos de pasta-base de cocaína lançados por uma aeronave em uma fazenda no município. Segundo informações da Polícia Civil, a droga foi arremessada na terça-feira (15), por volta das 12 horas, e caiu em uma região pantanosa, de difícil acesso. A droga estava armazenada em 56 tijolos, divididos em 2 pacotes. O dono do entorpecente seria o proprietário da fazenda, conhecido como "João Branco".
Segundo o piloto que contou detalhes das operações, aumentou o número de intercepção de aeronaves pela Força Aérea Brasileira (FAB). "É rotineira a interceptação em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Eu já fui interceptado 2 vezes".
No entanto, ainda é pouca a pressão aérea sobre as aeronaves, já que o roubo delas não é impedido e continuam sendo cooptadas para o tráfico de drogas.
Outro piloto, que também não quis se identificar, teve sua aeronave roubada em 2004 no município de Mirassol D"Oeste (300 km a oeste de Cuiabá). Os bandidos chegaram no aeroporto e abordaram o empregado dele. O monomotor custava R$ 400 mil. "Eu fiquei magoado com tudo isso. Eu tinha uma vida muito boa, voava com deputados e senadores, mas tudo acabou".
Por causa do roubo, esse piloto saiu de Mato Grosso e mora atualmente no interior de São Paulo. "Eu queria ficar aí (Mato Grosso). Agora estou isolado, estou tranquilo aqui".
Neste ano, ainda não foi registrado nenhum roubo de aeronave, de acordo com a Polícia Civil. Número diferente de 2008, quando duas aeronaves em Santo Antônio do Leverger (34 km ao sul de Cuiabá) e 1 aeronave em Primavera do Leste (241 km ao sul de Cuiabá) foram roubadas. Nenhuma foi recuperada.
Apreensões
A Polícia Civil chega ao fim de 2009 com 1,5 tonelada de cocaína, maconha e pasta-base apreendidas. Já a PF apreendeu, este ano, 4,1 toneladas de cocaína, maconha e pasta-base. Entre as apreensões, estão as feitas na operação São Cristóvão. Era da quadrilha a droga que estava no monomotor Cesna que caiu em uma região de mata fechada em Nova Lacerda (546 km a oeste de Cuiabá) em maio deste ano.
Apenas um piloto boliviano, que fez um pouso forçado em uma fazenda no Pantanal mato-grossense, foi preso pela Polícia Federal este ano em Mato Grosso, 5 dias após ser rastreado pela Força Aérea Brasileira (FAB) por entrar sem autorização no país. O acusado fez a primeira parada em Caiapônia (GO), onde entregou 460 kg de pasta-base de cocaína. Em depoimento, disse que recebeu US$ 4 mil para fazer o transporte da droga.
Fonte: O Documento
Os traficantes internacionais contratam pilotos com experiência, que tenham no mínimo 400 horas de voo. Na maioria das vezes, o avião pertence ao próprio dono da droga, que assalta pilotos ou empresas aéreas que atuam no Estado.
"Há 15 anos, os aviões com drogas oriundas da Colômbia eram pilotados por ex-militares da Força Aérea daquele país", diz um piloto que não quer ser identificado e tem mais de 14 anos de experiência em aviões de pequeno porte.
O sistema de arremesso de drogas foi descoberto em, pelo menos, duas grandes operações deflagradas pela Polícia Federal este ano. Tanto na "Maranello" quanto na "Campos do Norte", monomotores eram usados para a desova dos entorpecentes. "Os pilotos são muito bons, rápidos e voam em baixa altitude", lembrou o delegado da PF, Alexandre Custódio Neto.
Segundo o piloto ouvido pela reportagem, para fazer o arremesso, os profissionais contratados pelo tráfico reduzem a velocidade do avião a 80 nós e usam a configuração de pouso, assim podem abrir a porta da aeronave e lançar os entorpecentes. A desova da droga pode ser feita em uma clareira na mata de 50 metros. "Esse é o mesmo modo que os pilotos faziam nos garimpos para arremessar botijões de gás no acampamento", compara.
Atualmente, as aeronaves não ficam mais de 40 minutos em espaço aéreo brasileiro. Elas vêm a uma velocidade de 170 a 180 nós (o que corresponde a aproximadamente 300 km por hora). Geralmente, saem à noite da Bolívia (por volta das 22h ou 23h) e têm autonomia de voo para 8 ou 9 horas.
Estratégias
O modo de operação dos voos sofreu transformações. Antes, a região Oeste de Mato Grosso era o ponto de abastecimento das aeronaves, já que o objetivo era levar a droga para as regiões Sul e Sudeste do país. Hoje, com a mudança na cobertura aérea brasileira, como a "Lei de Abate", por exemplo, os pilotos não pousam, apenas lançam a droga.
De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Oslain Santana, as aeronaves que transportavam as drogas, quando identificadas, tinham os pilotos presos em terra. Entretanto, a partir do ano 2000, com a pressão no espaço aéreo brasileiro, as drogas começaram a ser arremessadas.
A última apreensão de drogas arremessadas em Mato Grosso foi feita no dia 16 deste mês em Glória D"Oeste (312 km ao sul de Cuiabá). Foram cerca de 65 quilos de pasta-base de cocaína lançados por uma aeronave em uma fazenda no município. Segundo informações da Polícia Civil, a droga foi arremessada na terça-feira (15), por volta das 12 horas, e caiu em uma região pantanosa, de difícil acesso. A droga estava armazenada em 56 tijolos, divididos em 2 pacotes. O dono do entorpecente seria o proprietário da fazenda, conhecido como "João Branco".
Segundo o piloto que contou detalhes das operações, aumentou o número de intercepção de aeronaves pela Força Aérea Brasileira (FAB). "É rotineira a interceptação em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Eu já fui interceptado 2 vezes".
No entanto, ainda é pouca a pressão aérea sobre as aeronaves, já que o roubo delas não é impedido e continuam sendo cooptadas para o tráfico de drogas.
Outro piloto, que também não quis se identificar, teve sua aeronave roubada em 2004 no município de Mirassol D"Oeste (300 km a oeste de Cuiabá). Os bandidos chegaram no aeroporto e abordaram o empregado dele. O monomotor custava R$ 400 mil. "Eu fiquei magoado com tudo isso. Eu tinha uma vida muito boa, voava com deputados e senadores, mas tudo acabou".
Por causa do roubo, esse piloto saiu de Mato Grosso e mora atualmente no interior de São Paulo. "Eu queria ficar aí (Mato Grosso). Agora estou isolado, estou tranquilo aqui".
Neste ano, ainda não foi registrado nenhum roubo de aeronave, de acordo com a Polícia Civil. Número diferente de 2008, quando duas aeronaves em Santo Antônio do Leverger (34 km ao sul de Cuiabá) e 1 aeronave em Primavera do Leste (241 km ao sul de Cuiabá) foram roubadas. Nenhuma foi recuperada.
Apreensões
A Polícia Civil chega ao fim de 2009 com 1,5 tonelada de cocaína, maconha e pasta-base apreendidas. Já a PF apreendeu, este ano, 4,1 toneladas de cocaína, maconha e pasta-base. Entre as apreensões, estão as feitas na operação São Cristóvão. Era da quadrilha a droga que estava no monomotor Cesna que caiu em uma região de mata fechada em Nova Lacerda (546 km a oeste de Cuiabá) em maio deste ano.
Apenas um piloto boliviano, que fez um pouso forçado em uma fazenda no Pantanal mato-grossense, foi preso pela Polícia Federal este ano em Mato Grosso, 5 dias após ser rastreado pela Força Aérea Brasileira (FAB) por entrar sem autorização no país. O acusado fez a primeira parada em Caiapônia (GO), onde entregou 460 kg de pasta-base de cocaína. Em depoimento, disse que recebeu US$ 4 mil para fazer o transporte da droga.
Fonte: O Documento
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