Não é só o passageiro que tem a vida afetada pelos problemas no Aeroporto de Joinville. Comerciantes e taxistas reclamam do fraco movimento
Sexta-feira, 15h30 em Joinville. Chove forte. No saguão do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, três funcionários tomam café no quiosque. Na revistaria, o movimento é da funcionária e da dona, que arrumam o estoque de livros. A loja de chocolates, a de souvenirs e a de roupas também estão vazias. O último voo do dia foi cancelado por causa da chuva. Com isso, o jeito é pensar em dias melhores, quando o Aeroporto de Joinville tinha 26 voos diários e os negócios iam bem. E reafirmar a importância do terminal para o desenvolvimento da cidade. “Eu vejo até como um descaso com a cidade. Essa região é rica e tem um potencial muito grande”, defende Maurino Alípio Barbosa, dono do restaurante e do café do aeroporto.
Insistindo na esperança
Maurino Alípio Barbosa (foto), 71 anos, tem dez funcionários no restaurante e na cafeteria que mantém no Aeroporto de Joinville. A vontade dele é empregar mais gente, mas a falta de passageiros impede que ele expanda os negócios.
O empresário andou preocupado com o rumo dos negócios, principalmente quando a pista ainda estava com restrição nas operações noturnas. Apesar dos problemas, ele acredita que o aeroporto tem tudo para retomar o vigor de 12 anos atrás, quando tinha 26 voos para vários destinos.
A esperança move a expectativa de fazer seu empreendimento crescer. “Hoje, viajar de avião está ao alcance de todos. O aeroporto de Joinville merece ter mais destinos”, diz Maurino. A chegada de um ILS melhoraria as condições de operação no aeroporto, na opinião do empresário.
Menos bandeiradas
Antes, com a frequencia de 12 voos diários garantia cinco corridas. Com os cinco aviões que chegam no aeroporto hoje, ele faz apenas duas corridas. Para Amilton, esta é a pior crise que os taxistas que trabalham no aeroporto já enfrentaram.
Para o estacionamento, a redução no número de voos também causou queda no movimento. Antes, as 205 vagas costumavam ficar lotadas nos finais de semana. E 150 carros estacionados era uma média comum em dias de semana. Agora, caiu para 80 carros por dia.
Nem graxa, nem revista
Os sapatos dos passageiros garantem, há dez anos, os negócios do engraxate Wanderlei Paradela (foto). O personagem conhecido na cidade lamenta o movimento fraco no aeroporto. Se antes ele atendia 20 pessoas por dia, agora são apenas dez.
“O pessoal está indo todo para Curitiba, porque é mais barato e tem menos risco de o avião não sair”, opina Paradela. Em todo o tempo de negócios no aeroporto, este foi o mais fraco para o engraxate.
Na loja de revistas de Neli Zirmann, a queda no movimento foi sentida. Há três anos com o ponto, ela diz que este foi o período mais fraco para os negócios. O movimento piorou desde que a Aeronáutica fez as restrições na pista. Para acompanhar a queda no movimento, Neli tem fechado a loja mais cedo. “Antes, a gente ficava até 21 horas. Agora, fechamos às 18h30”.
Aeroporto, não! Estrada
O consultor em sistemas de informação Celio Martins (foto) trabalha em São Paulo e depende do aeroporto para viajar. Com a restrição da Aeronáutica, ele trocou a viagem de alguns minutos até o Lauro Carneiro de Loyola por 98 km até Curitiba. A esposa Edneia Reale é a motorista que encara a estrada às segundas e sextas-feiras, na ida e na volta de Celio.
Além do gasto – de cerca de R$ 150 em combustível –, a família também se preocupa com a segurança. “Às vezes ela viaja com as crianças”, diz o consultor. O trânsito também preocupa Edneia, já que, no retorno, ela precisa chegar a tempo de pegar os filhos do casal na escola.
“É mais seguro comprar a passagem lá, porque não há garantia se o voo aqui vai sair no horário”, declara. Como outros empresários, Celio espera que a situação do aeroporto seja resolvida.
Fonte: A Notícia
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