A Azul recebeu uma placa comemorativa da Embraer
"No mês passado o setor aéreo diminuiu 1%. Acreditamos que o mercado brasileiro é pequeno demais porque não tem ligações entre cidades. Com tarifas mais baixas, próximas das de ônibus, as pessoas vão viajar mais", afirmou Neeleman, que citou um possível crescimento de 600% no número de passageiros na rota Campinas-Salvador - a primeira a entrar em funcionamento junto a Campinas-Porto Alegre.
A empresa aérea começa a operar com três aviões Embraer 190, arrendados da JetBlue - também fundada por Neeleman -, com base inicial em Campinas, no interior paulista. Em janeiro, a Azul deve ganhar mais duas rotas- para Curitiba e Vitória - e aguarda decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para ter o direito de operar no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, até 19 de dezembro.
Segundo o CEO da aérea, Pedro Janot, a previsão é ter até a metade do próximo ano saídas do Rio de Janeiro para 22 duas cidades brasileiras, entre elas, Uberlândia, Londrina, Aracaju, São José do Rio Preto, Cabo Frio, Florianópolis e Campo Grande. "A Azul não vai ter grandes pontos de concentração. Vamos ter minihubs e o Santos Dumont vai ser um deles", afirmou.
Já para o público da capital paulista, a empresa vai disponibilizar ônibus até Campinas, enquanto a Anac não faz o remanejamento de slots no aeroporto de Congonhas - o que deve demorar de seis a oito meses, segundo Neeleman. "O processo está sob consulta na Anac. Tem 95% dos slots de Congonhas nas mãos de dois concorrentes, mas isso vai demorar ainda", apontou.
Motivo de festa na noite da quinta-feira, o primeiro avião novo da Azul é também o primeiro que a Embraer entrega a uma aérea nacional. Para o diretor-presidente da Embraer, Frederico Curado, ficar fora do mercado brasileiro sempre foi uma questão incômoda. "Não adiantava exportar para quase 40 países, sendo que não tínhamos cliente no Brasil", disse Curado, durante a cerimônia em um galpão da empresa em São José dos Campos.
O Embraer 195 é o mais novo modelo da empresa brasileira e, assim como o 190, é equipado com apenas duas fileiras de assentos dispostos em pares, com capacidade para 118 passageiros. Segundo a Embraer, a aeronave tem autonomia para voar qualquer rota entre duas capitais do País sem escalas, com um sistema individual de televisão ao vivo, que só deve estar disponível no final de 2009.
Crédito
Segundo Janot, Azul, Embraer e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), trabalham em um projeto para viabilizar os próximos financiamentos. "O BNDES sabe exportar aeronaves, mas não sabe vender para o mercado interno. Estamos trabalhando a seis mãos para finalizar o projeto até dezembro", disse o diretor-presidente da aérea, que ressaltou a dificuldade em conseguir crédito por conta da crise global.
"Conseguimos equilibrar nosso financiamentos e ainda não houve mudança nos planos. Os bancos estão mais exigentes, pedem documentos que nunca pediram antes. Nossa projeção é ter 16 aviões até o final de 2009 e depois um avião por mês", afirmou Janot. No entanto, o idealizador da companhia acredita que o momento é bastante propício para iniciar as atividades.
"Há alguns meses tínhamos o barril (de petróleo) a US$ 150. Mesmo com a dificuldade de financiar aviões por causa da crise, agora é muito melhor por causa do preço do combustível", explicou Neeleman. "Essa é minha quarta empresa aérea e o melhor time com o qual já comecei. É um momento difícil, mas vamos ampliar este mercado", completou.
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