Depois de duas tentativas frustradas, religioso sonha em voar no ultraleve construído após 12 anos de trabalho
Como um garoto que fala do brinquedo novo para um colega, o padre Albino Dziadzio, 63 anos de idade e 33 de sacerdócio, se empolga em apresentar o projeto Borboleta Branca 2 (BB-2). O ultraleve é resultado de um minucioso trabalho de 12 anos divididos entre um modesto salão paroquial em Guarapuava e um hangar emprestado no Aeroclube de Ponta Grossa. A aeronave, que custou o equivalente a um carro popular, está pronta para os primeiros testes. Para o padre, que sonhava com aviação desde a infância carente na zona rural de Palmeira, nos Campos Gerais, ver o ultraleve pronto é mais significante que voar. "Posso dizer que já realizei meu sonho", diz.
Antes dos testes de pista, onde se verifica a capacidade moto-propulsora do avião, é preciso fazer alguns ajustes mecânicos. O padre voador conta com a acessoria do instrutor de vôo Jorge de Almeida. "O avião tem uma boa estrutura e condições para voar, mas precisamos fazer os testes de pista para ver como funcionam a aerodinâmica e a moto-propulsora", explica Almeida.
O ultraleve foi construído após duas tentativas de aeronaves que não tiveram condições técnicas de alçar vôo. Ele foi batizado de Borboleta Branca pelo tamanho de suas asas e pela lentidão que se espera no ar. Tem 530 quilos, 11 metros entre as duas extremidades das asas, 6,70 metros de comprimento, motor de um veículo Santana 1.8 com capacidade para 40 litros de gasolina e potência de 90 cavalos. O padre usou um motor Volkswagen baseado num avião fabricado pelo mecânico Ludwig Michel, em 1970, no Rio Grande do Sul.
Embora sua aerodinâmica não lembre os ultraleves comerciais, o padre revela que sua construção foi projetada pensando em períodos de turbulência. "Ele é muito resistente", resume. Com capacidade para duas pessoas, o banco do piloto sobe 20 centímetros para se ter uma visão panorâmica da pista. "Tenho uma ampla visão lateral devido às janelas e posso melhorar a visão da pista se eu erguer o banco do piloto", explica.
Construído basicamente em madeira e alumínio, o avião também tem partes feitas com utensílios do dia-a-dia, dando aspecto artesanal ao projeto. Até o spinner, aparelho que fica no meio da hélice, é um funil comprado numa loja de R$ 1,99, adaptado pelo padre.
O BB-2 consumiu 4,5 mil horas de trabalho do religioso, desde que saiu do papel, em 1996. Padre Albino, que ganha em média três salários mínimos, se dedicava à construção enquanto não estava rezando missa ou envolvido nos afazeres das paróquias por onde passou. Nascido em Palmeira, ele se oredenou em Ponta Grossa, passou por Cândido de Abreu, Guarapuava e retornou a Ponta Grossa, onde atualmente é pároco da igreja Nossa Senhora do Monte Claro.
Nas laterais, o avião revela que o interventor é um religioso. Com as inscrições "Reianimai-vos! Cristo virá" e outros versículos bíblicos, padre Albino lembra que aproveitou a construção para levar a palavra de Deus para todos. É na sua fé que o interventor justifica a demora na construção do projeto. "Deus não está com pressa", brinca. Ele avisa que a cautela o diferencia do padre Adelir de Carli, que desapareceu no litoral catarinense no dia 20 de abril após voar numa cadeira amarrada a mil balões de festa. "Foi imprudência em grau de loucura", diz.
Antes dos testes de pista, onde se verifica a capacidade moto-propulsora do avião, é preciso fazer alguns ajustes mecânicos. O padre voador conta com a acessoria do instrutor de vôo Jorge de Almeida. "O avião tem uma boa estrutura e condições para voar, mas precisamos fazer os testes de pista para ver como funcionam a aerodinâmica e a moto-propulsora", explica Almeida.
O ultraleve foi construído após duas tentativas de aeronaves que não tiveram condições técnicas de alçar vôo. Ele foi batizado de Borboleta Branca pelo tamanho de suas asas e pela lentidão que se espera no ar. Tem 530 quilos, 11 metros entre as duas extremidades das asas, 6,70 metros de comprimento, motor de um veículo Santana 1.8 com capacidade para 40 litros de gasolina e potência de 90 cavalos. O padre usou um motor Volkswagen baseado num avião fabricado pelo mecânico Ludwig Michel, em 1970, no Rio Grande do Sul.
Embora sua aerodinâmica não lembre os ultraleves comerciais, o padre revela que sua construção foi projetada pensando em períodos de turbulência. "Ele é muito resistente", resume. Com capacidade para duas pessoas, o banco do piloto sobe 20 centímetros para se ter uma visão panorâmica da pista. "Tenho uma ampla visão lateral devido às janelas e posso melhorar a visão da pista se eu erguer o banco do piloto", explica.
Construído basicamente em madeira e alumínio, o avião também tem partes feitas com utensílios do dia-a-dia, dando aspecto artesanal ao projeto. Até o spinner, aparelho que fica no meio da hélice, é um funil comprado numa loja de R$ 1,99, adaptado pelo padre.
O BB-2 consumiu 4,5 mil horas de trabalho do religioso, desde que saiu do papel, em 1996. Padre Albino, que ganha em média três salários mínimos, se dedicava à construção enquanto não estava rezando missa ou envolvido nos afazeres das paróquias por onde passou. Nascido em Palmeira, ele se oredenou em Ponta Grossa, passou por Cândido de Abreu, Guarapuava e retornou a Ponta Grossa, onde atualmente é pároco da igreja Nossa Senhora do Monte Claro.
Nas laterais, o avião revela que o interventor é um religioso. Com as inscrições "Reianimai-vos! Cristo virá" e outros versículos bíblicos, padre Albino lembra que aproveitou a construção para levar a palavra de Deus para todos. É na sua fé que o interventor justifica a demora na construção do projeto. "Deus não está com pressa", brinca. Ele avisa que a cautela o diferencia do padre Adelir de Carli, que desapareceu no litoral catarinense no dia 20 de abril após voar numa cadeira amarrada a mil balões de festa. "Foi imprudência em grau de loucura", diz.
Primeiro projeto nasceu há quase 30 anos
Padre Albino Dziadzio se considera um inventor. "Se não tivessem inventado o avião, eu o teria inventado", assegura. Em 1979, ele desenhou o primeiro esboço de uma aeronave. Apenas sua carcaça foi construída, com direito à cabine e às rodas. O projeto foi melhorando e, em 1981, surgiu o Borboleta Branca 1, que chegou a ganhar ares de ultraleve, mas tinha o motor muito fraco e não consegui decolar. "Fui adaptando o projeto até chegar à construção do Borboleta Branca 2, em 1996", recorda.
Além de construir, o padre sonha em pilotar sua invenção. Para isso, iniciou ano passado um curso de piloto desportivo e se filiou à Associação de Pilotos de Ultraleve. Ele precisa passar por cinco matérias teóricas e 15 horas de vôo. "Já fiz quatro horas", comenta. Mas, para pilotar o BB-2 ainda precisa autorização do Departamento de Aviação Civil. O instrutor de vôo Jorge de Almeida será o primeiro a pilotar o ultraleve artesanal, por já ser piloto habilitado. "A expectativa é muito grande", diz.
Padre Albino se descobriu um apaixonado por aviação no seminário, quando um padre apresentou aos seminaristas um avião rudimentar movido à elástico que correu apenas dois metros na sala de aula. Já sacerdote, no final de década de 70, fez uma viagem de avião entre Ponta Grossa e União da Vitória. Ele se convenceu de que voar era um plano divino. "Deus quer que eu faça o avião. Essa minha paixão pode estar no plano de Deus", afirma.
Fonte : Jornal Gazeta do Povo (25/05/2008)
Padre Albino Dziadzio se considera um inventor. "Se não tivessem inventado o avião, eu o teria inventado", assegura. Em 1979, ele desenhou o primeiro esboço de uma aeronave. Apenas sua carcaça foi construída, com direito à cabine e às rodas. O projeto foi melhorando e, em 1981, surgiu o Borboleta Branca 1, que chegou a ganhar ares de ultraleve, mas tinha o motor muito fraco e não consegui decolar. "Fui adaptando o projeto até chegar à construção do Borboleta Branca 2, em 1996", recorda.
Além de construir, o padre sonha em pilotar sua invenção. Para isso, iniciou ano passado um curso de piloto desportivo e se filiou à Associação de Pilotos de Ultraleve. Ele precisa passar por cinco matérias teóricas e 15 horas de vôo. "Já fiz quatro horas", comenta. Mas, para pilotar o BB-2 ainda precisa autorização do Departamento de Aviação Civil. O instrutor de vôo Jorge de Almeida será o primeiro a pilotar o ultraleve artesanal, por já ser piloto habilitado. "A expectativa é muito grande", diz.
Padre Albino se descobriu um apaixonado por aviação no seminário, quando um padre apresentou aos seminaristas um avião rudimentar movido à elástico que correu apenas dois metros na sala de aula. Já sacerdote, no final de década de 70, fez uma viagem de avião entre Ponta Grossa e União da Vitória. Ele se convenceu de que voar era um plano divino. "Deus quer que eu faça o avião. Essa minha paixão pode estar no plano de Deus", afirma.
Fonte : Jornal Gazeta do Povo (25/05/2008)
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