terça-feira, 4 de março de 2008

Polícia investiga se piloto de avião que caiu tinha brevê

Polícia já confirmou que Frederico de Tolla tinha um certificado que antecede o brevê.

Transcrição da conversa entre piloto e torre será entregue à polícia nesta terça (4).

O delegado Carlos Augusto Nogueira Filho, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), informou na manhã desta terça-feira (4) que vai investigar se o piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla, que estava no comando da aeronave que caiu no último domingo (1º) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, tinha brevê para pilotar o avião.

Segundo o delegado, a polícia já confirmou que Frederico de Tolla possuía um certificado de capacidade física, que antecede o brevê. No acidente, quatro pessoas morreram: o dono do avião, Joci Martins, Gilmar Detoni, Silvio Pedro Vanzella e o piloto.

“Há um certificado de capacidade física que antecede a feitura desta autorização (brevê). Nós vamos comprovar se realmente há este brevê, para que nós possamos comprovar se o piloto realmente possuía ou não experiência”, disse.

O delegado ressaltou que considera a possível troca de combustível, que poderia ter provocado o acidente, como um fato “extraordinário”.

“O Sr. Joci (proprietário do avião), antes de decolar, recebeu uma nota fiscal dizendo que era querosene. Tinha um caminhão escrito, com letras grandes, que era querosene. O preço é diferente da gasolina. Ele (Joci) também participa do abastecimento. É uma coisa realmente inacreditável”, disse.

De acordo com a polícia, técnicos do aeroporto e testemunhas do acidente deverão prestar depoimento nesta terça. A transcrição da conversa entre o piloto e a torre de comando do Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste, de onde o avião decolou, também deverá chegar às mãos dos investigadores ainda nesta terça.

Segundo a Superintendência do Aeroporto de Jacarepaguá, os controladores viram fumaça no avião e chamaram o piloto após a decolagem, mas ele não teria respondido.

Assinatura era do dono

A assinatura da nota fiscal do combustível usado para abastecer o avião é do dono do avião, Joci Martins. O delegado da 16ª DP informou também que o responsável pelo abastecimento da aeronave prestou depoimento na tarde de segunda (3).

Em nota oficial, a fabricante do avião, Cirrus Brasil lamentou o acidente e informou que o avião é movido por motor a pistão e foi certificado para operar com gasolina de aviação conhecida como AVGAS. A empresa esclareceu que "do fabricante e sua revenda cabe tão somente fornecer aos proprietários das aeronaves os manuais correspondentes, bem como toda a documentação técnica e legal pertinente, ficando a cargo do piloto o cumprimento das normas técnicas previstas nos referidos manuais".

As investigações da polícia apontam erro no abastecimento como a mais provável causa do acidente. O delegado Carlos Augusto Nogueira Filho disse que a aeronave foi abastecida com QAV1, que é querosene.

Segundo pilotos, usar querosene no lugar de gasolina num avião como este é o mesmo que colocar diesel num carro movido a gasolina. O motor libera muita fumaça, perde potência e pára de funcionar. O que ainda é difícil de entender é como aconteceu o engano, se o combustível recomendado está escrito na tampa do tanque.

Vistoria e o aeroporto

Peritos da Aeronáutica fizeram uma vistoria no local da queda na segunda-feira. Um laudo preliminar deve sair em dez dias.

No Aeroporto de Jacarepaguá, somente pousam aviões de pequeno porte e helicópteros. Na década de 40, era apenas um campo para pouso. A pista oficial foi inaugurada nos anos 60, quando não existiam construções ao redor. A área se transformou numas das mais populosas da cidade.

No entorno do aeroporto, há dois postos de gasolina, uma escola, uma faculdade, um hospital particular e dois condomínios. Cruzando o Bosque da Barra, perto da concessionária onde o avião caiu, na Avenida das Américas, há outro posto de gasolina, um centro médico, umas escola, uma creche e dezenas de edifícios.

O medo de acidentes fez com que a câmara comunitária da Barra da Tijuca pedisse à Agência Nacional de Aviação Civil, em 2007, a proibição das decolagens de vôos interestaduais deste aeroporto, o que não aconteceu.

Segundo a Infraero, os controladores de vôo do aeroporto monitoram somente em 2007, quase 52 mil pousos e decolagens, o que correspondeu a 70% do movimento do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio.

Fonte: G1 / TV Globo

Nenhum comentário: