Vôo Miami-SP teve de retornar, deixando em pânico 200 passageiros; empresa admite 'problemas técnicos'
Um forte estrondo seguido de uma labareda e muita fumaça na turbina esquerda de um Airbus A-330 da TAM deixou em pânico mais de 200 passageiros que vinham de Miami para Guarulhos no vôo JJ-8091, na sexta-feira. O acidente aconteceu cerca de 20 minutos depois da decolagem. Em nota, a TAM afirma que houve “problemas técnicos em um dos motores” e o avião “voltou ao aeroporto de Miami, onde fez um pouso normal”.
Logo após o estouro, a aeronave passou a trepidar violentamente e foi tomada de uma névoa, provocando desespero em boa parte de seus ocupantes. “Foi um horror, tinha famílias inteiras no avião. Eu mesma dei o maior escândalo. Tenho dois filhos, bateu um desespero. Muita gente chorou até tudo acabar”, disse a dermatologista Adriana Vilarinho, de 38 anos.“
Meu filho de 8 anos estava na janela e viu tudo. Ele perguntou se íamos morrer”, disse o empresário Antônio Carlos Germano Santos. “Ele e minha esposa não dormem há três dias.”
Após o choque inicial, o comandante estabilizou o avião e voou em círculos sobre o mar com apenas uma turbina - procedimento padrão, segundo um piloto aposentado consultado pelo Estado. Ele explicou que isso é feito para queimar combustível, diminuir o peso da aeronave e garantir que os trens de pouso suportarão o impacto da aterrissagem. “Não correram risco algum”, disse o piloto.
Ele acredita que o incidente tenha sido provocado por um apagão na turbina, que continuou a receber combustível e, com uma nova ignição, provocou o estrondo e a labareda. “É como riscar um fósforo em um fogão com muito gás”, comparou. Outra hipótese é a de alguma peça ter se soltado e sido consumida pela turbina.
NOTA
Em nota, a TAM afirmou que o motor passou por inspeção no dia 18 de janeiro e tinha revisão programada para fevereiro de 2009. A posição da companhia irritou os passageiros. “Vem aquela dúvida de falha de manutenção. Se acontece uma tragédia, mais uma vez seria culpa do piloto, que fez um trabalho maravilhoso”, disse Adriana Vilarinho.
Segundo a Assessoria de Imprensa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em situações do gênero a companhia tem 24 horas para notificar o incidente. Até o início da noite de ontem, porém, a TAM ainda não tinha informado nada à agência reguladora.
A Anac também afirmou que suspendeu o documento de aeronavegabilidade do avião que apresentou os problemas e ele só será revalidado após o esclarecimento do incidente e a apresentação de laudo técnico.
Fonte: O Estado de S. Paulo (12/02/2008)
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