Pelo menos 40 acidentes aéreos tiveram vítimas fatais após choque com obstáculos, no pouso ou na decolagem.
Bombeiro retira violão de Marília Mendonça do avião (Foto: Pedro Vilela / Getty Images) |
Só uma investigação completa e bem-sucedida poderá estabelecer qual foi a principal causa da queda da aeronave que matou a cantora Marília Mendonça na sexta (5/11). Entretanto, a colisão do turboélice Beechcraft King Air com uma linha de transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é uma das hipóteses investigadas e acendeu um alerta aos riscos de tais ocorrências nas proximidades de aeroportos do país.
Caso seja identificado que a batida na linha da Cemig foi a causa da queda, o caso será considerado uma “colisão com obstáculo durante a decolagem e pouso”, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Nos últimos 10 anos, houve 184 ocorrências desse tipo, de acordo com levantamento feito pelo Metrópoles com base nos dados do Cenipa – em 40 desses casos, foram registradas vítimas fatais.
Das colisão com obstáculos, a maioria dos episódios ocorreu no estado de São Paulo (31 registros), que, na prática, é onde aconteceram a maior parte dos acidentes aéreos na última década (1.439 dos 6.383 do país).
Ainda assim, a colisão em uma linha de transmissão nem sempre provocou mortes em acidentes de aviação. Em Aliança do Tocantins, em 21 de novembro de 2012, um avião do mesmo fabricante que a aeronave utilizada por Marília Mendonça (Beech Aircraft) bateu em um fio de energia elétrica quando se aproximava da pista em uma fazenda da região, mas conseguiu realizar o pouso sem fatalidades. O piloto e cinco passageiros, felizmente, saíram vivos.
“O piloto observou um fio, iniciando imediatamente uma arremetida e circulando para a outra cabeceira”, diz o resumo da ocorrência do Cenipa.
O mecânico de aviação Lito Sousa, especialista em segurança aérea e apresentador do canal Aviões e Músicas, destaca que são raros acidentes de colisão com obstáculos.
“Colisão com obstáculos ocorre mais em condições de visibilidade ruim. Normalmente os obstáculos perto dos aeródromos e aeroportos são bem identificados em cartas de voo”, afirmou Sousa, em entrevista ao Metrópoles.
Ainda que acidentes aéreos sejam resultado de múltiplas causas, falha no motor é a principal motivação de quedas, de acordo com o Cenipa. Foram registradas 715 ocorrências de falhas em motores nos últimos 10 anos.
Por Daniel Haidar (Metrópoles)
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