domingo, 10 de outubro de 2010

Empresas estrangeiras ampliam voos fora do eixo Rio-SP

As companhias aéreas estrangeiras estão apostando em aeroportos fora do eixo Rio-São Paulo para crescer no Brasil.

Fatores como o crescimento econômico, a forte demanda de passageiros e o potencial de cidades além das capitais paulista e fluminense -como Campinas, no interior de São Paulo- atraem essas empresas.

Em julho, o aeroporto de Viracopos, em Campinas, começou a operar o primeiro voo internacional de empresa estrangeira para passageiros -da TAP, para Lisboa.

A movimentação nos aeroportos brasileiros em 2010 dá uma amostra desse crescimento. Até agosto, 5,1 milhões de passageiros desembarcaram no país em voos internacionais, segundo dados do Ministério do Turismo.

Esse volume é 11,8% maior do que o registrado nos oito primeiros meses de 2009 e é recorde da série histórica -que teve início na década de 1990- para o período.

"O Brasil tem um mercado pujante e isso está atraindo as empresas internacionais, que tendem a diversificar as opções de voos", afirma Bruno Dalcolmo, superintendente de relação internacional da Anac.

"Hoje, não olham mais somente para São Paulo e Rio, que é a porta de entrada, mas também para cidades como Brasília, Salvador e Fortaleza", completa.

Vale ressaltar que as empresas aéreas estrangeiras só podem operar voos internacionais -ou seja, não podem usar as rotas domésticas.

Para Dalcolmo, trata-se de uma tendência, que deverá se intensificar com o crescimento da economia.

Para este ano, o Banco Central prevê crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 7,3%. "Conforme o país for crescendo, mais pessoas irão voar, de todos os destinos, inclusive fora de São Paulo e Rio", avalia.

Pedidos

Atualmente, a Anac tem oito pedidos de companhias estrangeiras para novos voos internacionais fora do eixo Rio-São Paulo.

A uruguaia Pluna já opera voos de Montevidéu para seis cidades brasileiras e pretende chegar a Campinas e a outra cidade -que não revela por questões estratégicas- em até seis meses.

"O Brasil é um país com muitas possibilidades. É um mercado que precisa ter as cidades médias atendidas, sem passar por São Paulo, porque há demanda. Nossa estratégia é crescer fora de São Paulo", afirma Gonzalo Mazzaferro Gilmet, diretor comercial da Pluna no Brasil.

Já a portuguesa TAP está presente em nove aeroportos do país com voos para a Europa e estuda novas rotas.

A participação do Brasil na receita da companhia era de 25% em 2005 e subiu para 33% em 2010.

"O país é o mercado mais importante para a TAP após Portugal", diz o diretor da companhia para a América Latina, Mário Carvalho.

Segundo ele, um dos motivos para esse crescimento no país é a valorização do real.

"Com a moeda forte, uma viagem para a Europa ficou mais barata, algumas pessoas já consideram ir passar o fim de semana prolongado lá." Nos últimos 12 meses até sexta-feira, o dólar teve desvalorização de 8,66% em relação ao real.

Infraestrutura

A American Airlines, que já voa de cidades como Belo Horizonte, Salvador e Recife para os Estados Unidos, também está diversificando as opções de rotas.

A empresa oferecerá voos diretos de Brasília para Miami em novembro, acrescentando uma nova porta de saída do país em sua lista com já cinco aeroportos brasileiros.

"São Paulo está saturada, ao mesmo tempo em que outras cidades do país têm potencial de atrair turismo e negócios e não precisam ficar dependentes de São Paulo e do Rio. Uma cidade como Brasília tem potencial econômico muito alto", avalia Dilson Verçosa, diretor de vendas da American Airlines.

Fonte: Mariana Sallowicz (Folha.com)

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