sábado, 27 de dezembro de 2008

Cuidado na hora de viajar

Quando o passageiro tem restrição física ou por motivo de saúde, as empresas devem ser avisadas por escrito pela família

Época de férias, alta estação. Aumenta o número de pessoas viajando de avião pelo Brasil e para o exterior. Aumenta também a quantidade de reclamações dos passageiros. É a mala que não chega, a comida especial para quem tem restrição alimentar que não foi servida.

Existem ainda casos mais delicados, de pessoas com necessidades especiais por motivo de doença, que acabam não respeitados. Os órgãos de defesa do consumidor orientam aos passageiros ou responsáveis para que sempre façam as solicitações por escrito. É a melhor forma de se precaver e poder reclamar depois, principalmente quando o problema não é solucionado de forma conveniente e vai parar na Justiça.

É a Justiça que deve resolver o caso do pernambucano Abimael Tomás de Melo Muniz, funcionário da extinta Portobras e que também foi iluminador e cenotécnico do Teatro Municipal do Rio de Janeiro no fim dos anos 70, chegando a trabalhar com Jô Soares no programa Viva o Gordo. Depois de 40 anos morando em São Paulo, no Rio e em Minas Gerais, Abimael voltaria à terra natal no final de outubro. O momento era especial. O passeio iria durar uma semana e seria feito na companhia do filho André Aristóteles. A família mora atualmente em São João Del Rey (MG). No dia marcado, 29 de outubro, lá estavam pai e filho bem cedo no check-in da companhia aérea no Aeroporto de Confins.

Mas eles não voaram naquele dia. Abimael tem problemas respiratórios e teria que contar com um cilindro de oxigênio durante toda a viagem. Quando fechou o pacote, André apresentou ao dono da agência um atestado médico que autorizava a viagem do pai, mas sob o regime especial. "Logo no início do check-in expliquei a situação do meu pai e informei que a agência de viagem tinha comunicado à empresa. O atendente disse que não havia nenhuma informação no sistema e impediu o embarque, alegando que não foram tomados os cuidados necessários", conta André. Ele acionou a irmã em São João Del Rey para que ela fosse à agência. Depois foi à Polícia Civil reclamar.

Repeteco

André e o pai ficaram cinco horas no aeroporto. O vôo foi remarcado para o dia seguinte e ele ainda teve que brigar para que a companhia pagasse alimentação e hospedagem até o novo embarque. Abimael e André conseguiram viajar no dia seguinte. O passeio foi ótimo, garante André. Eles foram a Olinda, Igarassu, Itamaracá, Porto de Galinhas, passearam de Catamarã à noite pelo Recife. Aproveitaram para visitar também Caruaru e João Pessoa. Até conseguiram descobrir o local exato onde Abimael nasceu e foi criado, no bairro de Afogados. "Solicitei à agência que tomasse todas as providências para que o problema não se repetisse na volta", conta André, que é funcionário público.

Foi a mesma coisa que não dizer nada. Aconteceu tudo de novo. Como na vinda, pai e filho só conseguiram embarcar de volta no dia seguinte à data marcada para o vôo. Não sem antes experimentarem uma nova dose de tensão. Com o vôo marcado para sair às 17h30, somente às 17h26 foram emitidos os bilhetespara a viagem de volta a Minas Gerais. A família decidiu entrar com uma ação na Justiça contra a agência de viagem e a companhia área por danos materiais e morais. "Queremos ver contada a nossa história para que outras pessoas não sejam vítimas desses transtornos. Queremos que sejam respeitados os idosos, portadores de enfermidades, deficientes e crianças", diz André.

Fonte: Diário de Pernambuco

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