segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Companhias fazem malabarismo para driblar crise

O frio de Illinois espantou os mais alto executivos da reunião anual de presidentes da Star Alliance, que aconteceu na semana passada em Chicago. E com eles, as boas notícias. Apesar do anúncio da entrada de uma nova parceira, a Brussels Airlines, foram os reflexos da crise financeira que nortearam as discussões.

A anfitriã, United Airlines, já havia anunciado uma redução de 15% a 20% em sua capacidade de vôos domésticos, além de cortes de 7 mil empregos, processo ainda em andamento. E quando os problemas não começam em casa, estão nos fornecedores. Durante o evento, o presidente da japonesa ANA, Mineo Yamamoto, recebeu a notícia de que os 50 aviões 787 encomendados a Boeing não serão entregues no prazo. Esta era a maior encomenda feita para a Boeing.

Os equipamentos já estavam com atraso de seis meses na entrega e agora, com a greve dos funcionários da Boeing, deverão ficar prontos apenas em 2010. "É tempo de negociar compensações", afirma Yamamoto, sem deixar claro se serão compensações financeiras.

A portuguesa TAP, uma das empresas estrangeiras com maior número de rotas para o Brasil, também não está passando ilesa pela crise. Segundo o presidente da empresa, Fernando Pinto, até outubro, a empresa já acumula uma perda de € 170 milhões, sendo que boa parte desse valor, só com as oscilações dos preços dos combustíveis.

"Sentimos muito o problema do petróleo. Até o ano passado, tínhamos feito compras no mercado futuro, mas devido a limitação de capital, desde o final de 2007, estamos quase sem proteção, por isso, pegamos praticamente toda a crise pagando o combustível no valor real. Isso é quase impossível de compensar", explica Pinto. A empresa, que cortou 8% de suas rotas na Europa tem ainda hoje 20% de combustível negociado no mercado futuro. Já a brasileira TAM, cujo presidente, David Barioni, não pode comparecer ao evento, por causa de uma reunião com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem 50% de seu consumo para 2009 ‘hedgeado’ a US$ 105 o barril.

Pinto acredita, porém, que as 28 empresas que participam do grupo da Star Alliance, têm mais chances de conseguir sobreviver ao longo do período de inverno, uma vez que o grupo realiza várias ações conjuntas, como compra de combustível e equipamentos, já com preços mais acessíveis. Inclusive, durante o evento, as empresas já definiram a meta de investimento para 2009.

"Discutimos muito o que fazer para enfrentar uma crise destas, mas a força da aliança vai gerar para o conjunto, US$ 1 bilhão em receita adicional, o que já é um efeito extraordinário no caixa das empresas", afirma Pinto.

Só para a TAP, os negócios oriundos da Star Alliance geraram no ano passado, em receita, cerca de € 37 milhões. "Como comparação, o lucro bruto da companhia em 2007 foi de € 30 milhões", afirma. Pinto, que comanda a TAP há oito anos, já era parceiro da Star Alliance quando foi presidente da Varig. "Na época, o crescimento de alimentação de vôos que tivemos em Guarulhos foi muito grande por causa da parceira e da, mesma forma, tivemos um bom aumento na distribuição de passageiros." Ele explica que o processo de entrada na Star Alliance não foi fácil, afinal, na época, a TAP participava do Qualy Flyer, grupo da Swissair. "Inclusive, eu vim para TAP a convite da Swissair", explica, que tinha interesse em comprar uma participação da companhia portuguesa.

Depois que a Swissair entrou em crise, o grupo se dissolveu. "O grande problema, é que a aliança dependia de uma empresa só, que estava interessada em fazer participações acionárias nas empresas participantes." Com a Star Alliance, o movimento tem sido contrário. A Lufthansa, uma das empresas mais capitalizadas do grupo, é que vem trazendo para dentro da aliança suas recentes aquisições, como a Brussels, na qual a empresa tem 45% de participação. Alem da Austrian, cuja aquisição foi anunciada recentemente.

A empresa austríaca vinha passando por um crescimento razoável nos últimos anos, mas sucumbiu aos efeitos do petróleo e da crise financeira. "Com a entrada da Lufthansa nos negócios, esperamos que a empresa volte a crescer e consiga manter o nível de emprego", afirma Alfred Otcsh, presidente da Austrian.

Fonte: Gazeta Mercantil (Caderno C - Pág. 1) - Obs: Regiane de Oliveira viajou a convite da TAM

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