sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Brasil considera propostas do Reino Unido 'inaceitáveis'

O governo brasileiro considera "inaceitáveis" as propostas do Reino Unido e mandou dizer que não aceita "tutelas" nem prazos unilaterais. Pela Mensagem 209/08, de 21 de julho, o Ministério da Justiça comunicou ao embaixador britânico, Peter Collecott, que considera a volta do "regime bilateral de vistos" um "retrocesso no contexto das densas e tradicionais relações anglo-brasileiras".

Nos bastidores, em reunião no Itamaraty, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, sugeriu que o Brasil se antecipasse às ameaças britânicas e adotasse imediatamente a exigência dos vistos no primeiro avião do Reino Unido que chegasse a um aeroporto brasileiro.

Em vez disso, o governo decidiu informar que "considera oportuna a convocação, no mais breve prazo, de reunião de alto nível entre autoridades consulares e migratórias dos dois países". Até ontem, o governo britânico não havia respondido às solicitações.

Para o Itamaraty e o Ministério da Justiça, o governo britânico está propondo condições inaceitáveis para criar um fato consumado e adotar logo a obrigatoriedade de visto para turista.

Para o presidente do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), Luiz Paulo Barreto, é despropositado o enquadramento da imigração brasileira no perfil de quem oferece indícios de viajante que possa ser "terrorista" ou "criminoso". "O perfil do brasileiro é de quem vai estudar ou trabalhar em funções humildes para ganhar dinheiro e voltar ao País."

Na comunicação oficial, Tarso Genro diz que o Brasil "tem plena disposição de colaborar com as autoridades britânicas" para que sejam adotadas "medidas conjuntas", mas "à margem de um regime de tutela, do tipo Visa Waiver Test, e sem prazo estipulado".

O governo Lula disse oficialmente que aceita fazer campanhas informativas sobre os riscos e conseqüências da imigração irregular e seminários para agências de turismo e representantes de empresas aéreas, além de aumentar a cooperação bilateral entre a Polícia Federal e as autoridades britânicas.

Dessa forma se aceitaria a presença de um policial britânico nos aeroportos brasileiros, desde que sob comando da PF e de que o mesmo ocorresse com policiais brasileiros em Londres.

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo

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