Vôo era clandestino e transportava sete passageiros
Um avião monomotor caiu a 10 quilômetros de Sena Madureira às 11 horas de ontem após decolar de uma pista clandestina, localizada no interior de uma fazenda. A pista Bela Vista, de terra batida, foi construída no km 8, da BR-364, no município de Sena Madureira.
O vôo, também de procedência clandestina, levava sete pessoas de Sena Madureira com destino a Manuel Urbano. Entre elas haviam três mulheres, três homens e uma criança. Cinco minutos depois de levantar vôo a aeronave teve o motor paralisado e caiu, sem deixar os passageiros gravemente feridos.
O piloto Adolfo Filho se negou a falar sobre o acidente. Mas o passageiro Luiz Ramos, 38, que já havia entrado no mesmo vôo outras duas vezes, afirma que sabia dos riscos que corria em razão das condições em que o vôo era realizado.
A empresa dos dois monomotores que voam de Sena para as cidades de Santa Rosa e Manoel Urbano é de propriedade de Adolfo Rolim, irmão do ex-dono da TAM, comandante Rolim, morto em acidente aéreo. Adolfo alugou o terreno entre duas fazendas no município ao preço, segundo um dos seus pilotos, por um salário e meio ao mês.
Um bilhete de Sena a Manoel Urbano custa R$ 110. Até Santa Rosa, R$ 250. Da capital esses valores sobem para R$ 210 e R$ 350, respectivamente.
Em post publicado no Blog do Braña no dia 4 de novembro do ano passado com o proprietário, Adolfo Rolim, que não faz questão de dizer que é irmão do ex-dono da TAM, mostrou a pista que 'nos construimos', e revelou que pelo menos duas vezes agentes da PF foram ao local fiscalizar as condições da pista de 900m.
“Foi um susto para todo mundo, principalmente por ter sido uma coisa tão rápida. Quando percebemos que o motor falhou e que não tinha mais nada que o piloto pudesse fazer, já caímos”, explica.
Luiz Ramos é agente bancário de uma financiadora e todas as viagens que fez nesse vôo foram a trabalho. Segundo ele, a passagem custa R$ 125 e o avião que caiu não é o único a fazer a rota clandestinamente.
A equipe da TV5, comandada pelo repórter J. Guimarães, chegou ao local no momento do acidente. Segundo ele, o acesso à pista é difícil e por isso a ambulância do Samu demorou cerca de uma hora e meia para chegar às vítimas. Apenas escoriações leves foram sofridas pelos passageiros. Duas mulheres, que se machucaram mais, foram atendidas com fortes dores na coluna.
“Não é apenas uma pista clandestina que há nessa região. Enquanto eu cobria o acidente, presenciei outro avião de pequeno porte aterrissando em uma pista de barro bem próxima de onde estávamos”, disse o repórter. Segundo as vítimas do acidente, o vôo comercial na rota Sena Madureira - Manuel Urbano é diário.
Procurada pela equipe do Página 20 para falar sobre o assunto, a Infraero comunicou que não poderia interferir no ocorrido, já que no Estado ela só administra as cidades de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
Placa com nome da pista
Aeronave preparando para sair
A gasolina usada nas aeronaves
Clique aqui e veja mais fotos da pista (Blog do Braña)
Fontes: O Estado do Acre / Página 20 - Fotos da pista: Blog do Braña
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