Muita gente que viaja para Orlando ou Fort Lauderdale com a Azul tem tido uma desagradável surpresa, ao embarcar em um avião sem classe executiva, com muito menos espaço e sem nenhuma tela de entretenimento. Diante de toda repercussão negativa da chegada de duas novas aeronaves, a companhia aérea resolveu agir e a partir de 31 de julho vai tirar um desses modelos de operação, reativando um próprio avião que estava parado mas que tem todo padrão já conhecido da Azul.
A companhia alega que tem sofrido nos últimos meses com um problema que atinge a aviação mundial: a falta de aeronaves e de peças para reposição. Com aviões parados para manutenção, principalmente dos motores, a Azul chegou a suspender por alguns meses as operações nas rotas que ligam os aeroportos de Belo Horizonte e Recife à Flórida (já retomadas).
Para não ver o problema agravar, a companhia aérea adquiriu duas aeronaves A330neo da low cost AirAsia, que chegaram com uma configuração totalmente diferente daquela que os passageiros já conhecem. São muito mais lugares no avião (377 assentos no geral, contra os 298 de seus outros A330neo) e sem classe executiva – no seu lugar, há uma classe diferenciada, de apenas 12 lugares, que ganhou o nome de Economy Prime. Com um detalhe: nenhuma das classes tem tela de entretenimento, apesar de serem aeronaves mais modernas. A classe econômica de 365 assentos é na configuração 3x3x3, bastante apertada e uma das maiores reclamações dos passageiros.
Esses dois aviões A330neo da AirAsia logo foram colocados nas rotas que a Azul opera para Orlando ou Fort Lauderdale, alternando com outras aeronaves A330, essas sim com a configuração normal da Azul, com executiva e econômica (aqui na configuração 2x3x2). O problema é que o passageiro muitas vezes só descobria a mudança de avião na hora de marcar o assento ou na hora de embarcar. E muita gente tem reclamado desse “downgrade” desde então.
A Azul admite que não esperava tanta repercussão negativa e, diante de tantas reclamações, o retrofit para deixar as aeronaves do seu jeito, que estava marcado para acontecer no ano que vem, vai ser antecipado.
Volta de “antigo” avião
A primeira medida que a Azul vai tomar é tirar uma das aeronaves adquiridas da AirAsia de operação. Como seus modelos estão parados principalmente por problema nos motores, a solução pensada pela companhia é colocar o motor do avião novo no que está no hangar, voltando assim a voar com uma aeronave com o padrão que todos já conhecem, com sua tradicional classe executiva, espaços Azul (Economy Xtra) e tela de entretenimento em todos os assentos, incluindo na Econômica.
Esse avião vai ser utilizado nas rotas do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP) até a Flórida a partir de 31 de julho – ou seja, quem pegar os voos no principal hub da Azul para Orlando ou Fort Lauderdale a partir dessa data não encontrará mais o grande motivo da discórdia. Enquanto isso, o avião parado sem motor que veio da AirAsia vai começar a passar pelo retrofit, mas sem previsão de retornar aos ares devido principalmente ao atraso na entrega de suprimentos e peças.
“Como um dos nossos principais problemas está nos motores dos aviões, pensamos qual seria a melhor solução para já ter um avião com o padrão que nossos passageiros estão acostumados sem precisar parar as nossas operações. E resolvemos fazer essa troca de motor”, explicou Jason Ward, vice-presidente de Pessoas e Clientes da Azul, ao Melhores Destinos.
Em nossas pesquisas, já encontramos o A330 “antigo” fazendo os voos de Campinas para Orlando em agosto, com sua classe executiva no padrão 1x2x1 e “apenas” 39 fileiras no total (contra as 51 fileiras do A330 da AirAsia).
Como as operações não podem parar, a outra aeronave vai continuar com os voos para a Flórida saindo de Confins (Belo Horizonte) e do Recife, mas com uma importante mudança: a Azul vai bloquear mais de 70 assentos do meio em algumas fileiras, oferecendo mais espaços para os passageiros que escolherem essas poltronas.
“Com essa mudança, vamos também oferecer isenção da marcação de assento das fileiras 41 a 51″, disse Jason Ward.
Essa nova configuração já está acontecendo apenas em alguns voos pontuais, devido à alta temporada de férias, mas em agosto já vai ocorrer em todos os voos. Em nossas pesquisas já encontramos diferentes viagens do Recife para Orlando com as poltronas do meio bloqueadas nas fileiras 7 a 33, ficando na configuração 2x2x2. Já da fileira 34 a 43 ela segue no 3x3x3, enquanto as fileiras 44 a 51 são no padrão 2x3x2 pelo afunilamento traseiro da aeronave.
Todas aeronaves prontas só em 2025
Além dos dois aviões que já chegaram da AirAsia, a Azul aguarda duas outras aeronaves A330ceo da Condor, para agosto e setembro. Jason Ward, no entanto, garante que esses modelos chegarão com uma configuração melhor, com menos poltronas e com sistema de entretenimento.
“Ainda não será o mesmo modelo que os passageiros estão acostumados a voar com a Azul, a tela de entretimento é uma versão inferior a que já temos, por exemplo, mas podemos dizer que é um avião com um padrão mais parecido com o nosso”, afirmou.
Apesar de ser uma mudança gradativa para retomar o seu padrão, a Azul reconhece que errou ao não ser tão transparente com os clientes com esses diferentes aviões. “Nossos passageiros estão acostumados a encontrar um padrão de ofertas que de repente não estava mais em nossos voos. Acredito que erramos nessa comunicação com eles”, afirmou Jason. “Como queríamos já colocar o avião logo para voar, não deu tempo nem de pintar ele. E os passageiros se perguntam ao entrar: ‘será que estou voando de Azul?'”, apontou, lembrando que apenas uma das aeronaves foi adesivada com o logo da Azul e a outra está branquinha, sem nenhuma identificação.
Apesar de reconhecerem que a Azul poderia ter agido um pouco diferente nesse caso, os diretores da Azul acreditam que não dava para deixar o avião muito tempo parado para um retrofit – até porque esse processo demora bastante. “O mundo global de aviões é limitado, ninguém tem aeronave. E nossa prioridade foi para manter e crescer nossa malha. Buscamos em todos os lugares e achamos esses aviões”, disse recentemente o presidente Abhi Shah ao Melhores Destinos.
Se por um lado a Azul já está se movimentando para entregar um avião de acordo com o seu padrão, por outro o passageiro precisa saber que ainda vai demorar um pouco para a companhia ter todas as aeronaves com a mesma configuração. Os planos para isso acontecer é só no final de 2025.
“O retrofit é um processo que demora bastante tempo. É preciso comprar todas as peças, fazer testes e depois ter diferentes aprovações e certificações, da Anac, Airbus e outros. E depois ainda vão mais 60 dias no hangar apenas para fazer todas as mudanças”, apontou Jason.
As duas aeronaves que já chegaram da AirAsia vão ficar com a Azul por 10 anos, enquanto que os aviões que vêm da Condor terão uma vida útil de quatro anos. A companhia ainda deve receber outros dois A330 da Air Belgium no ano que vem para fazer os voos internacionais.
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