sexta-feira, 30 de maio de 2014

AF 447: culpa por acidente opõe Airbus e Air France

Relatório assinado por cinco peritos a que o Terra teve acesso apontam que falha humana foi fundamental para a queda.

Navio retira destroços do mar. Airbus caiu no oceano em junho de 2009
Foto: Marinha do Brasil/Divulgação

No curso da ação para apurar os responsáveis pelos homicídios culposos (sem intenção de matar), a companhia aérea Air France e a fabricante do avião Airbus travam uma batalha em torno das versões para explicar o acidente. 


Em junho de 2012, um relatório assinado por cinco peritos judiciais apontou, ao lado da falha humana, fatores técnicos como causadores do acidente. Os principais erros dos pilotos foram, segundo o documento ao que está em segredo de Justiça e ao qual o Terra teve acesso, foram a incapacidade de entender que a perda dos dados de velocidade havia gerado uma pane de instrumentos e responder corretamente ao alarme de “Stall” (perda de sustentação), que soou repetidas vezes.

Os peritos afirmam que o congelamento das sondas Pitot (sensores de velocidade), que provocou o desligamento do piloto automático, e o mau funcionamento de instrumentos da cabine confundiram os pilotos e os levaram a tomar decisões erradas, provocando a queda do A330-200.

Inconformada com o teor, a Airbus requereu e obteve na Justiça a elaboração de uma contra-análise por outros cinco especialistas independentes. O novo relatório ficou pronto em maio e suas conclusões incendiaram a disputa judicial ao afirmar que houve "predominância de fatores humanos nas causas do acidente” e que a queda "poderia ter sido evitada por ações apropriadas da tripulação".

Após a conclusão da contra-análise, a Air France anunciou que pedirá a anulação da contra-análise sob alegação de que jamais foi procurada pelos técnicos que a elaboraram. Representantes de duas associações de familiares de vítimas francesas e alemãs – que são partes civis no processo – participarão de uma audiência, no início de julho, com os peritos da contra-análise.

O efeito concreto é que apenas para decidir se a contra-análise integrará ou não deverá consumir pelo menos dois meses, retardando ainda mais o curso do processo. De acordo com especialistas ouvidos pelo Terra. O desfecho da ação deverá ocorrer no segundo semestre de 2015 ou em 2016.

A Airbus foi procurada para falar sobre o recurso impetrado pela Air France e informou, por meio de assessoria de imprensa, que não comenta “ações de terceiros”.


A presidente da entidade que representa os familiares franceses, Danièle Lamy, disse que ficou “surpresa” com o fato da conclusão da contra-análise não mencionar o congelamento das sondas de velocidade como marco do início da pane que afetou instrumentos do avião.

“O que queremos saber é porque os pilotos não evitaram a queda. Os relatórios anteriores dizem que eles tiveram que lidar com informações contraditórias e erráticas nos instrumentos”, disse Lamy.

Fonte: Mario Camera (Terra)

Leia também:

Saiba quais foram as principais razões para a queda do Airbus A330 que causou a morte de mais de 228 pessoas que estavam no voo da Air France 447.

Conheça o Remora 6000, o robô das buscas do AF 447.

Leia mais sobre o acidente com o voo AF 447.

O que a aviação aprende com os acidentes aéreos.

Nenhum comentário: