Empresa reagirá 'da forma mais eficiente possível', disse presidente.
O desaquecimento econômico tido como certo para 2009 deverá derrubar o valor da carteira de pedidos firmes da Embraer pela primeira vez em quatro anos.
Com os compradores de aviões receosos sobre o futuro, a fabricante brasileira já trabalha com um cenário de mais entregas e menos encomendas no próximo ano. Até então, essa relação era inversa.
A expectativa foi manifestada nesta quinta (18) pelo presidente da Embraer, Frederico Curado, que afirmou ter preocupação com o cenário de demanda para 2009, especialmente dos países desenvolvidos, maiores clientes da empresa.
Também é esperada redução no apetite dos países emergentes, porém ainda não se sabe em que intensidade.
Atualmente, a Embraer tem US$ 21 bilhões em pedidos firmes, valor que vem crescendo fortemente desde 2005, mas que deverá recuar no próximo ano. "2009 será um ano de consumo do backlog", disse Curado, referindo-se à diminuição do valor da carteira de encomendas firmes.
Além dos pedidos em queda, a Embraer poderá ter problemas com as entregas programadas para o próximo ano, devido às dificuldades que alguns clientes, já com posição firme, estão enfrentando na obtenção de crédito. Nesses casos, a empresa brasileira vem se esforçando para remanejar prazos, com o objetivo de dar maior fôlego aos compradores.
Curado não deu detalhes sobre a estratégia a ser adotada pela companhia para enfrentar o que será um ano "de dificuldades". Disse apenas que a Embraer tentará reagir "da forma mais eficiente possível", o que deu margem a novos questionamentos sobre eventuais demissões.
O executivo respondeu prontamente que não há qualquer decisão tomada a esse respeito, porém não descartou totalmente as dispensas. "Se eu tivesse certeza que não ia fazer (demitir), diria", ponderou Curado. "Só vamos tomar uma decisão drástica se estiver em risco a sobrevivência da empresa", completou ele.
Perguntado se a Embraer poderia usar parte do caixa para financiar seus clientes durante a crise, Curado rechaçou totalmente a possibilidade. Segundo ele, esse tipo de operação representaria pouco em termos de volume, devido ao elevado preço dos aviões. Além disso, a companhia comprometeria seu caixa, atitude pouco recomendável em tempos de incerteza.
Outra possibilidade observada pela companhia seria aceitar aviões usados para estimular a troca por novos modelos. No entanto, essa alternativa é considerada apenas para o longo prazo, quando as condições de mercado e o cenário de demanda estiverem mais claros, segundo informou o vice-presidente de Aviação Executiva da Embraer, Luis Carlos Affonso.
Fonte: Valor OnLine