sábado, 26 de março de 2022

Aeroporto de Congonhas inaugura nova pista de escape que desacelera aviões em casos emergenciais

Tecnologia composta por blocos que se deformam caso avião ultrapasse a área permitida, desacelerando a aeronave, foi instalada na pista principal e já está em operação. Inauguração ocorre 15 anos após acidente da TAM no terminal.

Congonhas inaugura nova área de escape antiderrapante com tecnologia internacional
que freia aviões (Foto: Abraão Cruz/TV Globo)
O Ministério da Infraestrutura entregou nesta sexta-feira (25) uma nova área de escape com um sistema especializado em frenagem de aviões no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. A engenharia de retenção da velocidade foi implantada na pista principal do terminal, a 17R, e já está em operação.

Segundo o governo federal, Congonhas é o primeiro aeroporto da América Latina a ter essa tecnologia, que está sendo implantada 15 anos após o acidade com o voo JJ 3054, da TAM, maior da história da aviação do país.

Na previsão inicial, as obras só terminariam em maio de 2022 para que o sistema entrasse em pleno funcionamento. Em agosto de 2021, o g1SP adiantou que as obras seriam concluídas em março deste ano.

O sistema EMAS (Engineered Material Arresting System) - sistema de materiais de engenharia para detenção de aeronaves em tradução para o português - sistema consiste em uma estrutura formada pelo ajuste entre blocos de concreto diferenciados que, em caso de colisão ou de avanço de uma aeronave na área limite do final da pista, deformam-se. A deformação dos blocos desacelera e contém o deslocamento do avião.

Pista de escapa ampliada em Congonhas (Foto: Abraão Cruz/TV Globo)
O evento contou com a presença do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que se filiará ao partido Republicanos na próxima segunda-feira (28) e é pré-candidato ao governo do estado de São Paulo.

"Estamos aumentando a segurança em Congonhas, agora você tem um pavimento mais aderente e também uma pista de escape", disse Tarcísio, afirmando que o aeroporto é tombado pelo patrimônio público da União.

"Com certeza, quem pousará em Congonhas se sentirá mais seguro agora", afirmou ele.

A nova tecnologia prolonga pistas em aeroportos com limitações de espaço, como é o caso de Congonhas. Ou seja, se a aeronave ultrapassar o limite da pista, ela cai no piso feito para se desintegrar, o que seguraria o avião.

Com a nova obra, a pista principal de Congonhas, usadas para pousos e decolagens do transporte aéreo comercial nacional, terá duas pistas de escape: uma de 70m x 45m na cabeceira de uma pista e outra, de 75m x 45m, na cabeceira da outra. A construção foi contratada em fevereiro de 2021 ao custo de R$ 122,5 milhões.

Área de escape ampliada com retração em Congonhas (Foto: Ministério de Infraestrutura)

Entenda a tecnologia


A tecnologia EMAS é implantada em aeroportos com limitações de espaço em países da Europa, da Ásia, e Estados Unidos e consiste em um sistema de desaceleração com materiais projetados que vai segurar a aeronave em caso de escape da pista.

Segundo engenheiros, a área de escape suspensa "segura" o avião, com uma frenagem controlada caso ele ultrapasse a área de retenção. Grande parte da obra foi executada à noite, no período de suspensão das atividades do terminal.


Reforma da pista principal


Em setembro de 2020, o governo federal concluiu a recuperação do asfalto da pista principal do aeroporto de Congonhas. A obra foi feita aproveitando a redução da demanda aérea na pandemia e custou R$ 11,5 milhões.


Durante a reforma foi aplicada na pista uma Camada Porosa de Atrito (CPA), usada para aumentar a quantidade de atrito e que escoa mais rapidamente a água, o que evita aquaplanagem, quando o avião perde o contato com o solo.

De acordo com a Infraero, após a reforma, a pista ficou mais segura, com um sistema que permite o escoamento mais rápido da água da chuva e uma maior aderência aos pneus das aeronaves.

Acidente da TAM


Em 2007, a aeronave da TAM, que saiu de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas e passou sobre a Avenida Washington Luís, colidindo com um prédio da mesma companhia. Todas as 187 pessoas que estavam no voo JJ 3054 morreram, além de outras 12 pessoas que estavam em solo.

No momento do acidente, chovia e o avião, modelo A320, estava com um dos reversos (parte do sistema de freio) desativado e os pilotos não conseguiram parar o Airbus. Em julho deste ano, o acidente completa 14 anos.

Segundo investigações, o acidente teria sido causado exclusivamente por um erro dos pilotos do Airbus 320. As caixas-pretas do avião indicam que os comandantes Kleyber Lima e Henrique Stefanini di Sacco manusearam os aceleradores de maneira diferente da recomendada. Um deles permaneceu na posição de aceleração, deixando a aeronave desgovernada.

Na época do acidente, o pavimento original da pista era responsável por proporcionar atrito com a aeronave em situação de pouso, no entanto, o atrito não funcionou e a aeronave estava em situação de aceleração.

Via g1 SP

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