sábado, 15 de novembro de 2008

Guerra fictícia, treinamento real

Repórteres registram o maior exercício aeronáutico da América Latina, voam num caça e acompanham a primeira participação de uma pilota brasileira em manobras militares.



Você acompanha pelas imagens de dentro de aeronaves, as simulações de combate da maior manobra aérea militar da América Latina, a Cruzex, que terminou na tarde desta sexta-feira em Natal.

Pela primeira vez também uma piloto de caça participou de exercícios reais, que envolveram mais de 100 aviões de cinco países sul americanos, além da França.

Aviões, helicópteros, 2400 militares, cinco países, parece guerra. Tudo isso sobre o nordeste brasileiro.

“Apesar de toda essa simulação, o piloto e os oficiais de estado maior, os planejadores, todos estão treinando de verdade, em cima de um cenário fictício que foi criado para isso, mas realmente estamos treinando o tempo todo", fala o brigadeiro Egito, Aeronáutica.

Guerra fictícia, treinamento real. Brasil, França, Venezuela, Chile e Uruguai participaram da operação. Em duas semanas, 650 missões aéreas.

Nós participamos do treinamento. Objetivo: resgatar um piloto em solo inimigo. “No máximo em um minuto nós temos que retirar esse militar de lá", diz o capitão Mário, Aeronáutica.

Sete helicópteros, quatro aviões 150 quilômetros de percurso. Depois de quase duas horas de vôo, chegamos ao objetivo da missão. O resgate do piloto. Os militares descem, a identidade do piloto é confirmada e em menos de um minuto o piloto esta a salvo.

Longe dali, outra missão é preparada... Os ajustes finais. Quase tudo pronto...
Esta é a tenente Daniele Lins. Tem apenas 23 anos de idade, e seis de Força Aérea. Uma história de esforço, inclusive para convencer a família.

“Foi um baque muito grande pra eles, mas hoje em dia eles gostam, eles apóiam muito, eles vibram muito com a minha profissão. Me dão totalmente apoio", afirma a tenente Daniele, piloto de caça.

Há um ano Daniele pilota um super tucano equipado com mísseis, bombas e metralhadoras. Para quem estranha o fato de ela ser mulher e jovem, a piloto de caça responde.

“De uniforme eu sou piloto, como todos os outros pilotos, sem o uniforme, eu sou eu de novo, volto a ser eu como mulher. Na profissão a gente veste a camisa, então tem que aprender a diferenciar a separar as etapas, né", diz Daniele.

Inspirado pelas palavras da tenente Daniele, aceito o convite para ser o primeiro jornalista a participar de uma missão operacional num caça da FAB.

“Voar num avião de caça é emocionante e esperamos que a gente não tenha nenhum problema. Eu também espero", fala o tenente coronel Felipe.

Notando minha pouca convicção, o comandante do esquadrão me promove a oficial por um dia. Sem ter muito tempo para refletir, sou conduzido para vestir o macacão anti-g essa roupa se infla automaticamente durante as manobras mais velozes e impede que pela força da gravidade o sangue desça e a pessoa desmaie.

“Subir na cabeça ela não consegue evitar, ela só consegue evitar que ele saia da parte superior do corpo, né”, orienta o tenente Pablo.

Quarenta aviões vão participar do exercício, de fictício, só as bombas. E a missão é explodir uma antena, que teoricamente já estaria no país inimigo.

Embarco no caça bombardeio A-1, o piloto é o major Marschall. Doze anos de experiência. O repórter cinematográfico José Carlos vai em outro caça. Serão duas horas de vôo.

A vista é privilegiada, manobras radicais a quase mil quilômetros por hora. É como se o corpo suportasse quatro vezes o próprio peso. No meu caso é como se 320 quilos me pressionassem contra a cadeira. Apesar disso, tudo correu bem, a missão de ataque foi um sucesso.

“Missão complexa, né, de ataque ao solo com 40 a aviões e a gente foi com segurança e atingimos o nosso objetivo e voltamos com segurança.", declara o major Marschall.

Com segurança e com a certeza para mim que voar desse jeito de novo, só na lembrança.

E uma nota triste, um helicóptero da Força Aérea, que transportava participantes da Operação Cruzex, caiu nesta sexta-feira no fim da tarde entre Natal e Fortaleza. Três militares morreram e três ficaram gravemente feridos.

O helicóptero era um modelo UH-1H. O acidente aconteceu quando os militares regressavam para a base. O comando da Aeronáutica vai investigar as causas da queda.

Fontes: G1 / Jornal da Globo

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