O aeroviário Valdiney Nascimento Muricy completará 34 anos em 3 de agosto. Aos amigos, costuma dizer que hoje faz aniversário: um ano da nova vida. Sem exagero. Em setembro do ano passado, quando deixou o hospital após 50 dias de internação, o sobrevivente da tragédia com o Airbus da TAM só queria voltar a andar. Agora, leva uma vida independente. E foi liberado pelos médicos até para voltar ao curso de Logística na FMU, trancado depois do desastre, que hoje completa um ano.
No corpo de 64 quilos, 15 a mais do que na saída do hospital, as marcas e as dores de quem pulou de uma altura de 15 metros. Valdiney, que estava no terceiro andar do prédio da TAM Express, fez enxertos na perna e teve que reconstituir, com pinos e placas de titânio, todas as articulações do ombro esquerdo e do cotovelo direito, o fêmur esquerdo, um joelho e o lado esquerdo do quadril. Só o cotovelo, por exemplo, ele quebrou em três locais diferentes.
- Se você pegar o meu raio-x, vai ver que sou um homem de ferro. Fui todo montado - diz.
O "homem de ferro", que passou por três cirurgias ortopédicas e três plásticas, comemora cada passo da reabilitação. A maior conquista, até agora, ocorreu no mês passado, quando recebeu alta da enfermagem. Ou seja, não precisava mais de ninguém ao seu lado no dia-a-dia. Com sessões diárias de fisioterapia, hidroginástica e terapia ocupacional, Valdiney reaprendeu não só a andar, mas também a abrir o portão de casa, a se vestir, ir ao banheiro, fazer a barba.
- Pôr a meia ainda é difícil, ele faz isso com esforço. Mas está totalmente independente porque é muito comprometido - diz o terapeuta ocupacional Áureo Ricarte, de 24 anos, que o acompanha desde o início.
- Devolver função e movimento onde está parado é muito doloroso. Ele queimou muito os ossos das duas mãos e tem uma dificuldade de movimento na mão esquerda - explica.
Mas Valdiney é destro. E persistente. Com talheres, escova de dente e barbeador adaptados, com cabos mais longos e grossos para facilitar o manuseio, está apto para retomar, em parte, a rotina que deixou para trás quando o avião se chocou contra o galpão da TAM. Há algumas semanas, ficou feliz ao subir em um ônibus. Agora, o sonho é voltar a correr nas ruas vizinhas da casa em que mora, na zona norte, e retomar o trabalho de supervisor de cargas na atual TAM Cargo. Sem traumas. É a empresa aérea que paga o tratamento do aeroviário.
- Minha recuperação está muito além do previsto. Passei momentos um pouco difíceis. Mas ganhei a vida naquele dia. Muitas pessoas perderam, eu ganhei.
No hospital, quando entrou com queimaduras de segundo e terceiro graus, um médico lhe deu apenas 10% de chances de vida. Valdiney usa isso para se manter motivado, consciente da importância de cada exercício.
- Uma brincadeira de jogar o lápis no chão e ir buscar. É simples para uma criança, mas sei das minhas dificuldades - diz o aeroviário, que toma remédios para aliviar o esforço das atividades.
- Dá estresse muscular. Tenho que tomar medicamentos para relaxar porque levo a vida de um atleta indo para uma Olimpíada. Só que a minha competição é para sempre - explica.
Para familiares dos 199 mortos no acidente, Valdiney é um símbolo.
- A gente sente nele, ao vê-lo sem cadeira de rodas nem muleta, como a gente está melhorando - diz Silvia Xavier, que perdeu a filha, Paula, no desastre de julho de 2007.
Fontes: O Globo / Diário de S. Paulo
No corpo de 64 quilos, 15 a mais do que na saída do hospital, as marcas e as dores de quem pulou de uma altura de 15 metros. Valdiney, que estava no terceiro andar do prédio da TAM Express, fez enxertos na perna e teve que reconstituir, com pinos e placas de titânio, todas as articulações do ombro esquerdo e do cotovelo direito, o fêmur esquerdo, um joelho e o lado esquerdo do quadril. Só o cotovelo, por exemplo, ele quebrou em três locais diferentes.
- Se você pegar o meu raio-x, vai ver que sou um homem de ferro. Fui todo montado - diz.
O "homem de ferro", que passou por três cirurgias ortopédicas e três plásticas, comemora cada passo da reabilitação. A maior conquista, até agora, ocorreu no mês passado, quando recebeu alta da enfermagem. Ou seja, não precisava mais de ninguém ao seu lado no dia-a-dia. Com sessões diárias de fisioterapia, hidroginástica e terapia ocupacional, Valdiney reaprendeu não só a andar, mas também a abrir o portão de casa, a se vestir, ir ao banheiro, fazer a barba.
- Pôr a meia ainda é difícil, ele faz isso com esforço. Mas está totalmente independente porque é muito comprometido - diz o terapeuta ocupacional Áureo Ricarte, de 24 anos, que o acompanha desde o início.
- Devolver função e movimento onde está parado é muito doloroso. Ele queimou muito os ossos das duas mãos e tem uma dificuldade de movimento na mão esquerda - explica.
Mas Valdiney é destro. E persistente. Com talheres, escova de dente e barbeador adaptados, com cabos mais longos e grossos para facilitar o manuseio, está apto para retomar, em parte, a rotina que deixou para trás quando o avião se chocou contra o galpão da TAM. Há algumas semanas, ficou feliz ao subir em um ônibus. Agora, o sonho é voltar a correr nas ruas vizinhas da casa em que mora, na zona norte, e retomar o trabalho de supervisor de cargas na atual TAM Cargo. Sem traumas. É a empresa aérea que paga o tratamento do aeroviário.
- Minha recuperação está muito além do previsto. Passei momentos um pouco difíceis. Mas ganhei a vida naquele dia. Muitas pessoas perderam, eu ganhei.
No hospital, quando entrou com queimaduras de segundo e terceiro graus, um médico lhe deu apenas 10% de chances de vida. Valdiney usa isso para se manter motivado, consciente da importância de cada exercício.
- Uma brincadeira de jogar o lápis no chão e ir buscar. É simples para uma criança, mas sei das minhas dificuldades - diz o aeroviário, que toma remédios para aliviar o esforço das atividades.
- Dá estresse muscular. Tenho que tomar medicamentos para relaxar porque levo a vida de um atleta indo para uma Olimpíada. Só que a minha competição é para sempre - explica.
Para familiares dos 199 mortos no acidente, Valdiney é um símbolo.
- A gente sente nele, ao vê-lo sem cadeira de rodas nem muleta, como a gente está melhorando - diz Silvia Xavier, que perdeu a filha, Paula, no desastre de julho de 2007.
Fontes: O Globo / Diário de S. Paulo
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