No caminho até o Aeroporto de Congonhas, clima de apreensão, pizza e vinho.
No vôo, serviço de bordo levou pizza de calabresa e vinho aos passageiros
A lembrança da tragédia com o Airbus da TAM deixou passageiros apreensivos em Porto Alegre, mas nem por isso tornou menos concorrido o vôo que faz o mesmo trajeto do fatídico vôo JJ 3054, que há um ano cruzou a pista de Congonhas e explodiu após bater contra um prédio da empresa.
Um ano depois, outro Airbus partiu da capital gaúcha com capacidade máxima. Pelo menos para o empresário Ari Weinfield, de 49 anos, o horário e a data só faziam aumentar a certeza de que a viagem seria bastante tranquila.
“Esse é o vôo mais seguro que pode existir. Um raio não cairia duas vezes em um mesmo lugar”, afirma. Ele conta que costuma voar de Porto Alegre para o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pelo menos uma vez por mês, sempre no mesmo horário e no mesmo vôo da TAM, o 3046, rota que antes era cumprida pelo vôo 3054.
Como previa o empresário, a viagem foi tranqüila. O Airbus 320 saiu de Porto Alegre às 17h45, quando a noite já se anunciava na capital gaúcha. Minutos antes de o avião decolar, quando as portas já estavam fechadas, um passageiro ainda resistia em terminar uma conversa ao celular e foi obrigado a desligar o aparelho depois que os passageiros ao lado dele pediram a intervenção de um comissário de bordo.
Inconveniente resolvido, o vôo transcorreu sem qualquer imprevisto com um céu limpo. O serviço de bordo serviu fatias de calabresa e taça de vinho para os passageiros. Mesmo com a viagem transcorrendo normalmente, algumas pessoas preferiram não comentar as coincidências de data, de horário e de trajeto ao serem abordadas pelo G1.
Com diferença de alguns minutos, Airbus aterrissou na pista de Congonhas no sentido contrário ao que havia seguido o avião em 17 de julho de 2007
Durante o vôo, Weinfiel confessa que não gosta de andar de avião, mesmo fazendo o mesmo trajeto São Paulo-Porto Alegre e Porto Alegre-São Paulo há 18 anos. “Mas eu tenho mais medo ainda de andar de carro”, dispara.
“Não tinha como não saber”
Os engenheiros Thiago Pradella, de 24 anos, e Denis Costa, de 27 anos, que tinham conversado com a reportagem ainda no saguão do aeroporto, em Porto Alegre, saíram bastante satisfeitos da aeronave. “A viagem foi ótima”, diz Denis. Os dois viajam ao menos uma vez por mês para São Paulo a trabalho e costumam pegar o vôo 3046.
Os engenheiros sabiam da data, mas nem por isso cogitaram mudar o horário, a companhia aérea ou o itinerário da viagem. “Não tinha como não saber. Todos os jornais deram a notícia”, comenta Pradella.
Por estar acostumado a viajar de avião, Costa diz que não sente qualquer medo de estar nas alturas. “Eu me sentia mais relaxado quando o avião aterrissava, mas, depois do acidente, só fico tranqüilo quando os motores são desligados.”
Fonte: G1 - Foto: Claudia Silveira (G1)
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