domingo, 12 de setembro de 2021

FBI libera primeiro documento relacionado à investigação do 11 de Setembro

Relatório foi divulgado na íntegra pelo jornal britânico 'The Guardian' e confirma que um saudita suspeito de oferecer apoio logístico a dois sequestradores de aviões foi investigado.

Uma flor no memorial do 11 de setembro em Nova York (Foto: Roberto Schmidt/AFP/Getty Images)
O FBI (Federal Bureau of Investigation) liberou neste sábado (11) o primeiro lote de documentos relacionados à investigação dos ataques terroristas de 11 de setembro, seguindo uma ordem executiva do presidente Joe Biden. Um relatório, publicado na íntegra pelo jornal britânico 'The Guardian', confirma a investigação de um saudita suspeito de oferecer apoio logístico a dois sequestradores dos aviões, mas não aponta ligação com o governo da Arábia Saudita.

O documento liberado é de 2016 e detalha conexões e depoimentos de testemunhas que levaram o FBI a suspeitar de Omar al-Bayoumi, que supostamente era um estudante saudita em Los Angeles, mas que o FBI suspeitava ser um agente de inteligência saudita. O relatório descreve envolvimento dele em apoio logístico a pelo menos dois dos homens que sequestraram aviões em 11 de setembro, como fornecimento de "assistência em viagens, hospedagem e financiamento".


Não há ainda informações a respeito do que aconteceu com o saudita Omar al-Bayoumi após as investigações americanas.

As 16 páginas foram lançadas na noite de sábado, horas depois de Biden participar dos eventos memoriais dos 20 anos do 11 de setembro em Nova York, Pensilvânia e norte da Virgínia.

A embaixada saudita em Washington informou na quarta-feira (8) que apoiava a total desclassificação de todos os registros como uma forma de “encerrar de uma vez por todas as alegações infundadas contra o país” e que "qualquer alegação de que a Arábia Saudita é cúmplice dos ataques de 11 de setembro é categoricamente falsa".

Ordem para quebrar sigilo

O presidente americano assinou no último dia 3 de setembro a ordem para que o Departamento de Justiça e outras agências federais avaliassem a retirada do sigilo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante pronunciamento sobre o encerramento da retirada
do Afeganistão, na Casa Branca, na terça-feira (31) (Foto: Reuters/Carlos Barria)
O democrata vem sendo pressionado por familiares das vítimas para pôr fim ao sigilo que já dura quase duas décadas. Eles acreditam que os arquivos possam indicar se a Arábia Saudita teve alguma participação nos atentados terroristas.

Quinze dos 19 terroristas da al-Qaeda envolvidos no ataque eram de origem saudita, mas a Comissão do Congresso que investigou o mais trágico atentado em solo americano não achou indícios de que eles foram financiados pelo reino.

"Quando me candidatei à presidência, assumi o compromisso de garantir a transparência quanto à divulgação de documentos sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001", disse Biden em um comunicado.

A ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos prevê que, após essa avaliação, o Procurador-Geral divulgue publicamente todos os documentos que tiverem seu sigilo derrubado dentro de seis meses.

Prazos para liberação dos documentos


Segundo a ordem presidencial, as agências federais terão que apresentar os pareceres sobre o fim ou não do sigilo – e os próprios documentos – até março de 2022. Cada tipo de informação poderá vir a público em um prazo diferente:
  • Até 11 de setembro de 2021: relatório do FBI sobre os atentados de 11 de setembro feito por uma Comissão do Congresso.
  • Em até 2 meses: relatório sigiloso do FBI sobre as investigações – consideradas encerradas em 2021.
  • Em até 4 meses: todos os relatórios e entrevistas, análises e investigações iniciais do FBI sobre suspeitos e indivíduos que têm relação com o caso.
  • Em até 6 meses: todos os outros documentos que sejam relevantes para a investigação e que mostrem conexões de indivíduos a agências ou governos estrangeiros.
Caso algumas das informações tenham que seguir sigilosas por razões de segurança nacional, diz a ordem executiva, cabe ao Procurador-Geral ou ao chefe da agência responsável pelas informações definir o status da divulgação.

Via G1 / The Guardian

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