sábado, 27 de fevereiro de 2021

CENIPA divulga relatório final do incidente com A320 da Avianca Brasil no Galeão em 3 de março de 2019

Ontem, 26 de fevereiro de 2021, o CENIPA divulgou seu relatório final sobre o incidente envolvendo o Airbus A320-200, prefixo PR-OCW, da Avianca Brasil, que realizava o voo O6-6227 de Salvador, BA, para o Aeroporto do Galeão, RJ, com 157 passageiros e 6 tripulantes a bordo.


O avião pousou na pista 15 do Galeão às 17h31 e, após o touchdown, desviou-se da pista, em seguida retornando para a pista. A aeronave taxiou posteriormente para o pátio. Não houve feridos, porém a aeronave sofreu pequenos danos, várias peças saíram da aeronave, o A320 estava coberto de grama em todos os suportes do trem de pouso, barriga da fuselagem, asas e flaps, bem como furos nas capotas do motor.


O Aviation Herald recebeu vários indicadores para a ocorrência, cada um fornecendo um cenário diferente, desde o pouso antes da cabeceira da pista, ação de corte de grama perto da pista contaminando a pista, a aeronave tocando o solo com a engrenagem principal esquerda na grama, o aeronave tocando o solo completamente ao lado da pista com todos os equipamentos em solo macio, a aeronave desviando da pista após o toque e retornando à pista.

A companhia aérea informou que o trem principal direito saiu temporariamente da superfície da pista durante o pouso.


Em 7 de março de 2019, o CENIPA do Brasil informou que a aeronave realizou uma aproximação RNAV para a pista 15. Após o toque na pista, a aeronave saiu da pista e voltou para a pista. A aeronave sofreu pequenos danos, os ocupantes permaneceram ilesos. A ocorrência foi classificada como um incidente grave e está sendo investigada.

Em 26 de fevereiro de 2021 o CENIPA divulgou seu relatório final concluindo que as prováveis ​​causas do acidente foram:


- Habilidades de controle - contribuiu.

As correções aplicadas aos comandos de voo, a fim de controlar a tendência da aeronave de desviar lateralmente para a direita em relação ao centro da pista 15 do SBGL, não foram suficientes para interromper este movimento, nem para redirecionar a aeronave para o eixo central de vôo. Consequentemente, a aeronave tocou o solo com o trem de pouso principal direito fora dos limites laterais da pista.

- Clima organizacional - indeterminado.

Ao considerar o clima organizacional presente na empresa no momento da ocorrência, é possível que esse cenário tenha influenciado nas avaliações e, consequentemente, na decisão da tripulação em prosseguir com o pouso, apesar das condições adversas encontradas.

- Condições meteorológicas adversas - contribuiu.

A mudança significativa na direção e intensidade do vento na aproximação final, que passou a soprar do travessão esquerdo, e o aumento da intensidade da chuva no Aeródromo, que prejudicou a visão periférica dos pilotos e comprometeu a noção exata de profundidade da aeronave em relação à pista, contribuiu para o movimento de deriva da aeronave para o lado direito da pista do SBGL 15.

- Gerenciamento de Recursos da Tripulação - contribuiu.

Quando a aeronave estava voando abaixo de 100 pés de altura, o copiloto realizou várias chamadas informando que a aeronave estava fora do eixo da pista. O comandante cotejou os primeiros, porém, após certo momento; ele não respondeu mais adequadamente às chamadas do copiloto e continuou a pousar, apesar dos repetidos alertas recebidos.

O copiloto, mesmo percebendo que as correções do comandante não eram suficientes para controlar a aeronave e devolvê-la ao eixo central da pista, não pediu ao comandante, de forma mais assertiva, que executasse um procedimento de go-around em vôo.

Isso mostrou que os tripulantes tinham informações suficientes para interromper o pouso, mas optaram por não utilizar este recurso, o que contribuiu para a ocorrência.

- Julgamento piloto - um contribuidor.

Houve uma avaliação incompleta das condições de voo da aeronave. Uma vez detectada a tendência de desvio lateral à direita do eixo central da pista, os pilotos acharam possível corrigir essa tendência a tempo de fazer o pouso com segurança, o que contribuiu para o desfecho da ocorrência.

- Percepção - um contribuidor.

A manutenção do foco no desvio lateral da aeronave interferiu na identificação de outras variáveis ​​presentes, como a condição de desestabilização e baixa visibilidade, que poderiam afetar o pouso de forma segura. Assim, essa percepção seletiva, reforçada pela expectativa de finalizar o pouso no destino, contribuiu para o desfecho dessa ocorrência.

- Planejamento de gestão - indeterminado.

Todos os tripulantes do vôo O66227 foram chamados para a missão de acordo com a lista de pré-aviso. A convocação do copiloto e do chefe de voo não obedeceu ao estabelecido no MGO da empresa; consequentemente, ambos se atrasaram para se apresentar ao comandante da aeronave. O voo O66227 decolou 30 minutos após o horário programado.

É possível considerar que o atraso na decolagem de Salvador para o Rio de Janeiro influenciou negativamente as avaliações e a decisão dos tripulantes de prosseguir com a execução do pouso.

- Processo de tomada de decisão - um contribuidor.

Houve uma análise comprometida das informações à disposição da tripulação, de forma que a condição de desestabilização da aeronave não foi considerada, bem como a degradação meteorológica na aproximação final, culminando na decisão de tentar corrigir a aeronave até o último momento, mesmo se não houver resposta, prossiga com o desembarque no SBGL.

Via The Aviation Herald

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